Atualizado em: 27/07/2024, as 07:07
Todos aqueles que curtem música, cultura pop, contracultura & afins, sabem de cor o evento que ocorreu nos dias 15, 16 e 17 de agosto de 1969, em uma fazenda produtora de leite, na localidade de White Lake, arredores da cidade de Bethel, estado de Nova York. Sim, a Woodstock Music & Art Fair – ou, simplificando, Festival de Woodstock –. Evidentemente, esse não foi o primeiro festival de rock, mas o primeiro a envolver uma produção gigantesca, seja em estrutura, seja em volume de dinheiro investido. Ainda mais gigantesca foi concentração de público. Nunca se saberá ao certo o número exato de espectadores, haja vista que, por um série de razões, a organização do festival, a partir de determinado momento, não teve como realizar a cobrança de ingressos, resultando, claro, em um prejuízo financeiro a altura do gigantismo do evento. Woodstock foi gigante em tudo, inclusive nos imprevistos — antes, durante e depois.
E, ainda falando em gigantismo, pode-se deduzir que o Festival de Woodstock só se tornou possível graças ao idealismo de um jovem chamado Michael Lang, que organizara, em 1968, o Miami Pop Festival, no qual reuniu um público de cerca de vinte e cinco mil pessoas. A grande estrela do evento foi Jimi Hendrix. A partir dessa experiência, Lang decidiu alçar um voo ainda mais alto, pagando por isso um preço tão alto quanto. Para acompanhá-lo nesse voo, Michael Lang teve como sócios o produtor Artie Kornfeld (com o qual já havia trabalhado no Miami Pop Festival), John P. Roberts e Joel Rosenman. Roberts e Rosenman foram os investidores.
É evidente que muita coisa já foi publicada sobre o Festival de Woodstock ao longo dos mais de 50 anos após aqueles três dias de paz e música, que ganharam um belo espaço da História, dado seu imenso significado cultural, social e político.
Em 2009, por ocasião do quadragésimo aniversário do Festival de Woodstock, juntamente com a premiada escritora Holly George-Warren, Michael Lang lançou A Estrada Para Woodstock, no qual relata as aventuras e desventuras envolvendo a feitura do evento, cujo nome é impossível de dissociar de seu nome.
No livro, um fator que chama a atenção do leitor é a enorme capacidade que Lang possui em convencer pessoas, o sangue frio para administrar (e resolver) conflitos, negociar em condições desfavoráveis e até injustas, ceder às exigências moralmente condenáveis de fornecedores, autoridades, artistas e empresários destes, sofrendo, inclusive, golpes baixos de toda ordem; perder agora para ganhar mais a frente. Todos esses entraves ocorreram em todas as fases do festival.
Narrada na terceira pessoa, Michael Lang expões sua ideias e percepções sobre aquele período muito rico em acontecimentos, cujos reflexos se fazem sentir até hoje. O livro é entremeado com declarações das pessoas que se envolveram diretamente na produção do festival, inclusive de artistas. Muitas questões, às vezes contraditórias, às vezes envergonhadas, deixam claro que o festival poderia ser bem maior do que realmente foi.
A Estrada Para Woodstock é leitura obrigatória, não por causa da música, mas por ser um evento transformado em fato histórico relevante. Tenha o seu.
13/09/2020
(Texto Publicado Originalmente no Extinto Site “BarDoPoeta, em 2020)
A Estrada Para Woodstock
Michael Lang
Editora Belas-Letras
1ª Edição (22 Julho 2019)
368 páginas
22,2 x 15,6 x 1,8 cm
Comprar: Amazon
Genecy Souza, de Manaus, AM, é Livre Pensador.
Possui textos publicados na revista digital PI Ao Quadrado e na revista impressa Gatos & Alfaces.