Augusto dos Anjos – Eu e Outras Poesias

Atualizado em 22/06/2024 as 00:49:19

SINOPSE:

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em Engenho do Pau D’Arco, atualmente Sapé, na Paraíba, em 20 de abril de 1884. Foi um poeta brasileiro muitas vezes identificado como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos preferem classificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas. Conhecido como um dos poetas mais críticos de seu tempo, Augusto focava suas críticas no idealismo egocentrista que emergia na sua época. Até hoje, sua obra é admirada tanto por leigos quanto por críticos literários. Ele é o patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras (APL).

Seu único livro publicado em vida foi “Eu”, lançado no Rio de Janeiro em 1912, reunindo 58 poemas. A obra se destaca pela visão de vida de Augusto, numa espécie de réplica à idealização dos temas praticados pelo Parnasianismo. Nessa obra, o autor exprime melancolia ao mesmo tempo em que desafia os parnasianos, utilizando palavras não poéticas como verme, cuspe, vômito, entre outras. Embora tenha tido baixa vendagem inicial, a obra ganhou grande reconhecimento após a morte do poeta. A terceira edição, publicada em 1928 e renomeada para “Eu e Outras Poesias”, vendeu rapidamente milhares de exemplares. Hoje, o livro já ultrapassa as 40 edições, consolidando Augusto dos Anjos como um dos poetas mais lidos do Brasil.

A poesia de Augusto dos Anjos é caracterizada por imagens estranhas, exploração da sonoridade e uso de superlativos. Por exemplo, em “As cismas do destino”, ele escreve: “Como uma pele de rinoceronte / Estendida por toda a minha vida!”. Em “Sonho de um monista”, ele utiliza a sonoridade: “Eu e o esqueleto esquálido de Ésquilo”. Além disso, ele frequentemente recorre a superlativos, como em “A um carneiro morto”: “Misericordiosíssimo”. A obra combina um rigor formal com regularidade métrica e rimas raras, além de um coloquialismo que marcaria a poesia modernista posterior, como visto em “Os doentes”: “Porque o madapolão para a mortalha / Custa 1$200 ao lojista!”.

Apesar de seu talento evidente, Augusto dos Anjos enfrentou rejeição em sua época. Olavo Bilac, um importante poeta parnasiano, tomou conhecimento da existência de Augusto apenas após sua morte. Ao ouvir um de seus poemas declamado, disse: “Fez bem em morrer, não se perde grande coisa”. No entanto, a insensibilidade de Bilac foi refutada pela história, pois Augusto dos Anjos obteve fama póstuma. A reedição de seu livro em 1928 provou sua relevância, vendendo rapidamente e perpetuando sua obra.

Além de poeta, Augusto dos Anjos teve um envolvimento significativo com a educação. Em 1913, mudou-se para Leopoldina, Minas Gerais, onde assumiu a direção do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira. Seu compromisso com a educação foi notável ao longo de toda a sua vida, e ele continuou lecionando aulas particulares de reforço, motivado pelas deficiências que via no ensino público.

Augusto dos Anjos faleceu em 12 de novembro de 1914, aos 30 anos, vítima de pneumonia. Ele foi casado com Ester e teve três filhos: o primeiro, que morreu prematuramente, a quem dedicou o soneto “Ao meu primeiro filho nascido morto com 7 meses incompletos”, e os outros dois, Glória e Guilherme.

O legado de Augusto dos Anjos é marcado por sua duradoura popularidade. Seu livro “Eu” continua a ser um dos mais lidos no Brasil, ultrapassando 40 edições. Sua poesia, incompreendida em seu tempo, agora é celebrada por sua inovação e profundidade, consolidando-o como um dos maiores poetas brasileiros.

Em suma, a vida e obra de Augusto dos Anjos revelam um poeta à frente de seu tempo, cuja visão crítica e estilo único continuam a ressoar na literatura brasileira.

AVALIAÇÃO

(Texto em Domínio Público)

Eu e Outras Poesias
Luís de Camões
Poesia
Editora Poetura, 2024
14 X 21 cm
292 Páginas

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