Atualizado em 30/10/2024 as 20:14:55
Chega! Fui a nocaute. Acabado, estou caído no ringue
Cansei de ser o garoto com uma pedra e um estilingue
Poesia não é pedra e agora não encontro uma vidraça
Que ainda não tenha quebrado. E assim não tem graça
Quando todas os vidros são de plástico igual às gentes
E todas as pedras estão lisas e comidas por indigentes.
Chega! Estou guardando minhas armas, quero esquecer
Que um dia fui poeta, e nas noites antes do amanhecer
Ficava acordado escrevendo até a Lua soltar dois bocejos
Deixando minha mulher dormir sem saciar seus desejos
Portanto, chega de lutas, e batalhas poéticas nas ruas
A guerra acabou, e estou farto de comer batatas cruas.
Chega! Entrego os pontos, acabou meu sangue, basta!
Porque não quero ser feito o verme fútil que se arrasta
Em busca da carniça que lhe sobra ainda por alimento
Não sou verme, portanto paro a partir deste momento
Pois joguei meu estilingue no rio, acabou a brincadeira
Até o dia em que Poesia torne a ser pedra da atiradeira.
03/05/2013
Do Livro:
Memórias Arrependidas de Um Poeta Sem Pudor (Antologia Poética, de 1978 a 2024)
Barata Cichetto
Poesia
UICLAP – 2024
748 Páginas — 16,2 X 22,9 X 3,84 cm
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.