“Bom, Bonito e Barato, Só Patrulha do Espaço”

Barata Cichetto, do Conselho dos Anciões Rockistas

Rolando Castello Júnior é um teimoso, turrão, cabeça dura. Há verdade nisso! Junior é o maior baterista do Brasil e também há verdade nisso. Patrulha do Espaço é uma das bandas mais antigas, e, portanto talvez uma das mais teimosas e cabeças-duras do Brasil. Também é verdade. Mas tanto a banda, quanto um de seus criadores originais, que se mantém à frente, depois de quase trinta e sete anos não são teimosos, turrões e cabeças-duras por birra ou vaidade. Teimoso, Rolando e sua turma ainda insistem em fazer Rock de verdade num país dominado por conceitos musicais num nível desproporcionalmente baixo. Cabeça-dura, esse baterista com uma folha de serviços prestados ao Rock tem mais de quarenta anos de atividade, tendo tocado em bandas emblemáticas tanto no Brasil, como baterista do primeiro e histórico disco do Made In Brazil, quanto na Argentina, onde tocou no não menos histórico único disco da banda Aeroblus, com a lenda Pappo Napolitano. E teimoso, ao manter as turbinas dessa nave sempre girando, mesmo que atacado em seu território por um sem fim numero de naves alienígenas. Turrão, ao insistir em tocar no Brasil, com musicas em português, com temas sempre pesados musicalmente sem entrar no terreno da turma de pre-to-e-pulseira-de-espinho.

E é essa teimosia e cabeça-durismo de Rolando, junto com Marta Benévolo e Danilo Zanite, que nos trazem mais algumas surpresas, certeiras, como sempre. Neste início de 2014, a Patrulha do Espaço sai logo com três boas novidades. As duas primeiras, são o relançamento, agora em CD, dos dois primeiros discos da banda, de 1980 e 1982, com capas diferentes dos LPs. Embora esses discos constem dos dossiês, nunca saíram antes em CD. As capas foram refeitas, mas mantém a ideia original.

A terceira é um disco que traz material inédito, com uma característica interessante, que são letras com forte cunho social e político, possivelmente fruto da vivência do batera na Capital Federal. “Poder”, uma versão de uma musica da banda argentina “La Renga”, tem uma letra altamente política, da mesma forma que “Justiça e Rock and Roll”, onde a bateria de Rolando parece um autêntico tanque de guerra, acompanhado da metralhadora vocal de Danilo Zanite que cospe palavras contra as injustiças sociais num Brasil que parece ter mesmo perdido esse senso há bastante tempo. Um hardão daqueles que faz a gente sentir vontade de pular e bater cabeça. Aliás, a cara da Patrulha do Espaço é essa, mesmo: Hard Rock tocado com tesão, teimosia e cabeça-durismo! A vinheta que antecede é uma gozação com a situação brasileira.

Afinal, tocar Rock no Brasil, e principalmente acreditar em Rock, é coisa de gente teimosa, turrona e cabeça-dura. Feito Rolando, Marta e Danilo. Geralmente os heróis são assim.

(Publicado na RevistaGatos & Alfaces)