Atualizado em 28/07/2024 as 11:50:12
O ano de mil novecentos e quarenta e um inicia com a guerra em franca evolução pelo território europeu, no dia dez uma ótima notícia incute ânimo em todos: o Lend-Lease, como era chamado o empréstimo dos Estados Unidos aos Aliados Europeus é aprovado pelo Congresso Americano, o que significava mais armas e mais equipamentos, isso seria importantíssimo para os Aliados, pois se encontravam em situação financeira caótica e sua máquina de guerra sofria com desabastecimentos de todas as ordens.
Jean participava de várias incursões dos Resistentes Franceses, mas sua mente estava voltada para a possibilidade de retornar a Londres, deseja participar da frente ao norte da França, onde a força alemã se concentrava em maior quantidade, ele é dissuadido pelos companheiros dessa ideia, a saída para Londres não era por lá, se desejasse voltar para Londres naquele momento a única saída será pela Espanha, a Muralha do Atlântico formada pelos alemães era intransponível.
Quase não fica mais no restaurante de seus pais, fica vagando pela cidade segurando o relógio que havia ganhado de Evelyn, fica sabendo, através de amigos num bar, que as tropas alemãs haviam ocupado a Bulgária, mostrando a clara intenção dos alemães de tomar toda a Europa.
No dia onze de março chegam notícias de que o Presidente Norte Americano Franklin Delano Roosevelt assina o Lend-Lease para as nações que faziam parte da Aliança dos Aliados, e eles poderiam emprestar equipamentos militares e pagar, após a guerra, se estes não fossem devolvidos ou destruídos.
O mês de março caminhava, Jean estava junto com os combatentes da resistência quando ouvem pelo radio de que nos dias anteriores a Luftwaffe havia executado grandes ataques sobre a cidade de inglesa de Bristol e novamente sobre Londres, isso o deixa arrasado, sai dali direto para o restaurante do pai, pega uma garrafa de vinho e a bebe praticamente num único gole, pega outra e entra no escritório senta no chão e chora olhando para a foto de Evelyn.
A guerra na Europa dava mostras de que não iria diminuir sua intensidade tão cedo, as forças alemãs, húngaras e italianas invadem a Iugoslávia e a Grécia, a cidade de Belgrado rende-se e começa a Batalha de Tobruk, os alemães precisavam desesperadamente de petróleo então briga pelos países produtores desse rico produto, para tanto envia o General Erwin Rommel e seu Afrika Korps para conquistar o elemento essencial à sua máquina de guerra.
O submarino alemão U-110 é capturado pela Marinha Real Britânica e outra cópia da criptografia Enigma a bordo é encontrada e salvaguardada com eles, o que possibilitaria a decodificação das mensagens alemãs.
As incursões da Resistência Francesa se faziam de forma caótica, não havia uma liderança geral que pudesse coordenar as ações, mas o grupo onde estava Jean era muito ativo, todas as semanas executavam algum ato quer seja de explosão de suprimentos quer seja um ato de sabotagem que dificultava o transporte das tropas alemãs,
Havia um bar na periferia de Paris, muito pouco vigiado pelos alemães, onde eles se encontravam, normalmente ali frequentavam resistentes de vários locais, e com som esses encontros eles trocavam informações de como as coisas estavam indo, as vezes combinavam ações conjuntas, ali também se tomava conhecimento de como a guerra estava se desenvolvendo principalmente no norte da França, as informações davam conta de que Hitler queria tomar conta do mar entre a Inglaterra e a Europa, por isso a dificuldade que ele ouviu falar de se migrar para essa região da França, Jean percebe que a única saída seria mesmo pela Espanha, a não ser que a guerra terminasse antes.
Nesse bar ficam sabendo da loucura que Hitler estava cometendo ao invadir a Rússia com a qual havia assinado um tratado de não agressão, isso assusta Jean, ele tinha razão quando dizia que Hitler não teria limites para alcançar os seus objetivos.
Os suprimentos estavam escassos em Paris, ali era o Centro do Comando Nazista, então a resistência fica sabendo de um comboio com mais de quarenta vagões que estaria chegando a Paris trazendo comido e armamentos, isso aconteceria dali a cinco dias, era o tempo que teriam para impedir a chegada desse carregamento, seria muito bom se pudessem pegar a comida, mas certamente esse comboio estaria muito bem protegido pelos alemães, teriam que explodir tudo, a comido e os armamentos.
Se reúnem no local convencional, traçam a estratégia, sabem que seria muito arriscado, conseguem explosivos com outros grupos revolucionários, e se preparam para o ataque, Jean iria junto para montar e armar os explosivos, os demais dariam cobertura a ele, no dia de partirem ao local destinado para o ataque que ficava distante de Paris cerca de oitenta quilômetros, se reúnem checam os equipamentos, repassam as instruções e partem para a cão.
Eles saem num pequeno caminhão de verduras, o fundo era falso, onde foram colocados os explosivos, a quantidade era tamanha que não teriam como carregar em mochilas, o caminho estava livre, após duas horas de viagem chegam próximos ao local, ali a linha férrea estava com acesso livre, havia alguns pequenos morros ao lado dela onde os explosivos podiam ser escondidos, Jean desce imediatamente do caminhão é auxiliado por outros dois amigos e logo estava com todo o explosivo a mostra, com toda perícia e destreza vai montando os pontos onde eles ficarão, faz as ligações esconde muito bem todo vestígio, porém o fio detonador era curto demais, isso colocaria em risco a pessoa que iria executar a detonação dos explosivos, Jean se oferece para apertar o botão, mas quando o chefe do grupo iria deliberar sobre isso Charles, um dos combatentes mais próximos de Jean, se oferece, e diz:
— Eu fico, sou o mais rápido de todos, sei me proteger, além do que Jean tem outra missão muito importante em Londres, e quero que ele cumpra essa missão.
Olha para Jean e sorri para ele, certo dias eles estavam conversando e Jean contou-lhe a sua história, daquele dia em diante ficaram muito amigos desde então, por isso ele se ofereceu para a ação perigosa.
Jean tenta recusar a proposta, porém é interrompido pelo chefe que delibera que Charles fará a detonação, então Jean se aproxima do amigo e diz:
— Não tenho palavras para agradecer o carinho comigo, saiba que ficarei atento a você e usarei esta pistola para te proteger.
Os dois se abraçam e logo vem a notícia: o trem estava se aproximando!
Todos correm para as suas posições, ficam atentos, ao longe conseguem ver a locomotiva fumegando com vários soldados nas laterais observando tudo ao redor, ela se aproxima lentamente, a detonação aconteceria em dois tempos: na primeira explosão a locomotiva seria paralisada, imediatamente a seguir as demais bombas explodirão ao redor de praticamente todo o comboio, os combatentes rebeldes contavam com vinte e dois elementos, eles calculam cerca de cinqüenta soldados alemães, mas contam com a eliminação da maioria na explosão para que as forças ficassem igualadas.
A locomotiva se aproxima do ponto de explosão, quando chega no ponto Jeqn dá o sinal e Charles aperta o primeiro botão, a enorme explosão chacoalha a locomotiva para os lados, a caldeira se rompe e outra explosão se segue, e com isso o comboio pára, a seguir Charles aperta o segundo botão e as demais cargas explodem, o movimento do ar é tão intenso que uma enorme massa de poeira de eleva dificultando a visão, porém ouvem-se inúmeras outras explosões vindas dos armamentos.
O caos se instala, os resistentes se jogam para cima do comboio, mas não havia soldado alemão vivo para a luta, tudo havia acabado, Jean vai para onde estava Charles e o encontra debaixo de uma folha de zinco a salvo, ele sorri quando vê o amigo bem, e se abraça a ele o ajuda a se levantar e vão fazer o rescaldo.
Infelizmente não se podia aproveitar muita coisa, conseguem algumas armas, porem os alimentos foram perdidos, ouvem ao longe um movimento de veículos, então correm para o caminhão, pegam o que podem e partem dali o mais rápido possível, ao longe identificam alguns caminhões alemães chegando no local, alguém os havia avisado do acontecido.
Os dias seguintes foram de terror em Paris, os soldados entram nas casas, revistam tudo, procuram por armas e outro equipamentos nazistas, isso dura duas semanas, depois as coisas voltam ao normal.
No final do mês de agosto chegam notícias através de rádios clandestinas, dizendo que as tropas alemãs assassinaram mais de trinta mil judeus em Kiev na Ucrânia, e em seguida inicia a ofensiva militar alemã contra Moscou, isso deixa a todos muito apreensivos, pois a guerra estava se espalhando por todo o continente.
Jean procura se informar quanto a posição da Espanha no conflito, e alguma fontes asseguram que Franco mantém-se neutro, em que pese ter admiração por Hitler, isso deixa Jean mais aliviado, afinal de cintas a Espanha seria a sua melhor opção para retornar à Londres.
Notícias dão conta de que dois navios de guerra americano foram afundados por submarinos alemães, àquela altura todos rezam para que o importante país adentre à guerra, isso a encurtaria, diziam eles.
Em novembro a notícia de que o porta-aviões britânico HMS Ark Royal é torpedeado e afundado por um submarino alemão deixam todos assustados, a Real Marinha Inglesa estava sofrendo um duro revés, com isso a proteção das águas territoriais inglesas seriam fragilizadas, o que poderia facilitar uma invasão alemã na ilha.
O mês de dezembro se inicia e em sua primeira semana uma notícia que abala a todos: a Aviação e a Marinha Imperial Japonesa lançam um ataque aéreo à base militar norte-americana de Pearl Harbor no Havaí, com esse ataque mais de mil soldados norte-americanos foram mortos, no dia seguinte os Estados Unidos declara Guerra ao Japão, e como ele fazia parte do Eixo consequentemente a guerra estava declarada também para a Alemanha e Itália, os membros da Resistência Francesa vibram com a notícia, entendem que isso irá encurtar o tempo da guerra, e assegurará a vitória dos Aliados.
No dia onze a Alemanha e a Itália declaram guerra aos Estados Unidos, os americanos estavam decididamente envolvidos no conflito.
Era noite de Natal, Jean estava às margens do Rio Sena olhando o reflexo da Lua em suas águas, a temperatura estava baixa, o seu coração estava cada vez mais frio pela distância e pela falta de notícias de sua amada esposa, segurava seu relógio e olhava constantemente a foto dela, uma garrafa de vinho era sua companheira naquela noite, pensa novamente na felicidade que teve, do medo de não se encontrar mais com ela, do pavor de algo ter acontecido a ela, e roga a Deus que o ajude a manter as forças para seguir adiante.
Dá outro gole no vinho, ele não desce bem, olha novamente para a Luz e diz:
— Meu amor me espere, por favor, logo estarei ai ao seu lado.
— Onde quer que você esteja me espere.
Volta a beber o vinho até o final da garrafa, olha para Lua e imagina sua amada, fecha os olhos e vê o lindo rosto dela com aqueles olhos verdes fulgurantes, imagina estar com ela em algum salão de baile dançando com Clair de Lune ao fundo, sente o calor do corpo dela, sente o amor que ela lhe passa, e que o deixa entorpecido.
Assim aquela noite vai passando, ele sonha com ela, com isso seu coração acelera um pouco o ritmo, não havia se esquecido da energia do toque de sua amada, embora seu coração estivesse cada vez mais frio pela solidão, pela distância e pelas agruras da guerra.
Mas tinha esperança de reencontrá-la, se apega a isso para se manter vivo.
Walter Possibom, São Paulo, SP é autor de Um Brilho nas Sombras e Quando os Ventos Sopram na Pradaria. É editor dos Blogs Planet Caravan e Walter Possibom Escritor, e além de músico, Livre Pensador.
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Do Livro:
Clair de Lune