Jean mal espera o dia acabar para ir ao encontro de Evelyn, como ele havia pegado o número do telefone dela na Embaixada liga para ela a fim de saber se poderia jantar com ele, ela atende ao telefone e ele lhe pergunta sobre um encontro à noite, ela responde a ele:
— Jean eu adoraria, mas infelizmente hoje não será possível, terei que ficar aqui na Embaixada ao que parece até tarde.
— Como você deve saber, pois isso é público, há um tempo tanto a Inglaterra como a França não aceitam as reivindicações territoriais da Alemanha, e as relações entre esses países está seriamente comprometida.
— Hitler deseja de todas as formas um acordo com a Polônia para criar um corredor com a Prússia Oriental, e para isso ele tem que passar por um corredor através da Polônia e pelo Porto de Danzig.
— Os alemães querem de volta esse corredor chamado de Corredor Polonês, mas devido à promessa feita pela Inglaterra e pela França de que defenderiam a Polônia em caso de invasão, os poloneses estão exagerando e com isso estão atacando os civis alemães que moram lá, isso está causando uma revolta muito grande na Alemanha e ela poderá declarar Guerra contra a Polônia a qualquer momento.
— Você sabe que se isso acontecer irá envolver diretamente a Inglaterra e a França.
— A situação é muito delicada, a paz mundial está em sério risco, e nossa Embaixada está o tempo todo em comunicação com as demais Embaixadas da França e da Polônia a fim de monitorar esses movimentos.
Jean fica muito preocupado e diz a ela:
— Você deveria voltar para o seu país, estará mais segura lá em caso de algum conflito, não perca tempo Evelyn, volte para a América.
Ela responde a ele assim:
— Meu lugar é aqui, e estamos seguros, em que pese seu governo achar que não, eu acho que esse conflito é inevitável, só nos resta saber se a Alemanha irá tentar algo aqui.
Jean fala a ela:
— Irei ai e te levarei um sanduíche e um refresco, assim pelo menos comerá algo e poderá descansar um pouco.
Ela diz a ele:
— Não sei se poderei me ausentar de minha sala, e você não poderá entrar nela, pois fica ao lado da sala do Embaixador, me perdoe, mas acho que hoje não será possível.
Jean insiste:
— Você não irá dormir ai, então, se não se importar, e eu também fecho tarde meu restaurante, poderei te acompanhar até seu prédio.
Evelyn sorri, e responde:
— Se não for te importunar claro que aceito. Então você me liga em restaurante que venho te buscar certo?
A resposta é imediata:
— Combinado.
Desligam o telefone e cada um deles fica extasiado, ficam olhando para o infinito sem sentir nada ao redor, enquanto seus corações batem alucinadamente.
O tempo corre, por volta das onze horas da noite o telefone do escritório de Jean toca, era Evelyn, ela lhe diz:
— Estou saindo, e quero tomar um drink.
Jean abre um sorriso enorme, e responde a ela:
— Ai perto existe um pub chamado London Soul, ele pertence a um amigo meu, ele fica aberto até muito tarde, poderemos ir até ele e beber algo, já estou saindo daqui.
Ele se despede de Gregory, pega seu casaco vai até seu carro e voa em direção ao Embaixada Norte Americano, lá chegando desce do carro e vê Evelyn descendo as escadas, sorri para ela e recebe outro sorriso, ele abre a porta de seu carro para ela em seguida ele vai para o lado do motorista entra no veículo e saem dali, conversam pouco, pois logo chegam ao bar do amigo de Jean, ele a auxilia a sair do carro entram no bar e são recebidos por Phillip, amigo de Jean, ele abraça o amigo cumprimenta Evelyn e os leva até uma mesa no canto do pub, luz baixa, aconchegante, entrega o cardápio a ambos e sai discretamente.
Ela olha para ele e diz:
— Obrigado por ter vindo, hoje o dia foi exaustivo, não conseguiria dormir sem beber algo, muito bom estar aqui com você.
Jean olha para ela com ternura, queria voar para seus braços e beijá-la, mas se segura, não devia desrespeitá-la em público, ele iria aguardar o momento certo e uma clara manifestação dela de que estaria com os mesmos sentimentos em relação a ele, escolhem suas bebidas e ela diz a ele:
— O dia foi muito difícil, parece que a paz será perturbada, mas vamos ter fé de que tudo se ajeitará.
Conversam mas sobre outros assuntos, Jean deixa com que ela defina os temas, queria agradá-la, imagina que ela deveria estar saturada de tanta coisa ruim, então queria apenas deixá-la relaxar, e assim a conversa flui.
Após certo tempo ela olha para o relógio e constata que as horas estavam bem avançadas, então diz isso a ele:
— Novamente, nossa conversa me fez perder a noção do tempo, preciso ir, amanhã devo me levantar cedo.
Ele faz um sinal ao amigo que corresponde a esse sinal com outro sinal, eles se levantam ela pede para pagar a conta afinal ela quem praticamente o convidou, e ele diz a ela:
— Na realidade eu iria levar o cachorro quente para você, mas não houve oportunidade, a bebida fica em substituição a ele, depois acerto com Phillip, ele sempre passa em meu restaurante, fique tranquila.
Saem de lá e se dirigem ao prédio de Evelyn, quando lá chegam, ela olha para os olhos dele e diz:
— Novamente tive outra noite fantástica, não sei como te agradecer, mas sei que quero outras iguais.
Jean que estava fixo nos olhos dela responde:
— Sempre que quiser, inclusive durante o dia, sabe meu número de telefone, me ligue a hora que quiser, tive duas noites maravilhosas com você eu também quero mais.
Ficam se olhando, os corações enlouquecem, a respiração fica ofegante, as mãos sentem um ligeiro tremor pela adrenalina encharcando todo corpo, lentamente vão se aproximando, os olhos fixos um no outro, se aproximam e logo seus lábios se tocam, e um beijo de enorme paixão acontece, o beijo é longo e depois se abraçam com muita ternura, e ficam ali por um tempo.
Ela o afasta um pouco olha nos olhos dele e diz:
— Não quer subir comigo?
Jean nem responde, sai do carro, auxilia que ela saia dele, sobem ao apartamento dela, na sala se abraçam e o abraço é mais forte, os corações batem mais rapidamente ainda, outro beijo de paixão é trocado entre eles, e assim vão à direção ao quarto dela.
Aquela noite foi de muito amor e paixão para os dois.
Acordam no dia seguinte abraçados, um frio mais intenso se fazia, aquele dia seria típico da cidade, ele a leva a Embaixada e ficam de se encontrar novamente naquela noite, ele volta ao restaurante entra e dá de cara com Gregory, o amigo olha para ele e diz:
— Pelo jeito a noite foi muito especial.
Jean apenas sorri e continua sua caminhada até o escritório, assim ele começava o seu dia, a felicidade invadia seu coração, seu peito arfava com alegria, a imagem de Evelyn não lhe saia da cabeça, mas tinha que se concentrar, pelo menos naquele momento, nos problemas do restaurante.
Daquele dia em diante os dois se vêm todos os dias, e passam a querer ficar juntos por mais tempo, viviam um sonho, mas as coisas na Europa caminhavam muito mal, em julho daquele ano o Japão desloca suas tropas em direção à China e inicia um forte bombardeio nas cidades de Xangai e Guangzhou, no dia 6 de novembro a Itália adere ao pacto do Eixo aumentando a possibilidade de ações bélicas na Europa.
O final do ano estava chegando, Evelyn não teria férias naqueles meses em virtude dos acontecimentos, passaria o Natal em Londres, Jean tem um sentimento ambíguo: ao mesmo tempo que fica feliz em poder ficar ao lado dela nessa data fica triste por vê-la riste em não poder rever os parentes.
Ele estava tentado a passar o Natal com sua família, porém ela não poderia se ausentar do Embaixada então ele muda de ideia, naquele ano ele passaria o Natal longe da família, mas junto dela.
Ele abriria o Restaurante na noite de Natal, essa era uma tradição de sua família, ele sempre ficava cheio nessas datas, sempre vinham pessoas felizes, às vezes infelizes, algumas vezes iam pessoas solitárias noutras vezes pessoas acompanhadas, mas era sempre uma festa e ao passar da meia noite havia o tradicional brinde com champanhe francês por conta da casa, e nesse momento não havia solidão e não havia infelicidade, todos estavam juntos se abraçando, se cumprimentando, e desejando o melhor para todos.
Estavam passeando pelas ruas esbranquiçadas pela neve, o frio não era tão intenso, os dois estavam felizes, então ele a convida a passar a data com ele, haveria uma mesa só para os dois em seu restaurante, o ambiente seria festivo, alegre, a comida de ótima qualidade e farta, ela responde a ele:
— Será o melhor Natal de minha vida.
Ele se vira e a beija ternamente, e voltam a caminhar, as pessoas passam por eles apressadas, a neve volta a cair com mais intensidade, as carruagens e os carros passam próximos uns dos outros, o clima de Natal toma conta da cidade, entram num pub para beberem algo quente, sentam-se a uma mesa próxima a uma janela, e fazem os seus pedidos.
A Europa estava rendo um final de ano conturbado, as perspectivas não eram das melhores para os pacifistas, o povo em certas cidades sofria com a guerra local, como se já não bastasse todo o sofrimento vivido durante a Primeira Grande Guerra parecia que os governantes não haviam aprendido a lição, e o povo sofreria por isso.
O relógio se aproximava da meia noite do dia vinte e cinco de dezembro de mil novecentos e trinta e sete, Jean estava abraçado a Evelyn e juntos observavam algumas pessoas cantando hinos populares numa das laterais do Gouter Le Monde, então de repente os sinos da Torre de Londres anunciam a meia noite, era Natal, a neve caia incessantemente lá fora, dentro do restaurante as lareiras e suas labaredas supriam o calor necessário para que o frio externo não invadisse o interior, algumas pessoas gritam pelas ruas desejando Feliz Natal, dentro do Restaurante as pessoas se cumprimentam, em algumas se pode ver lágrimas escorrendo de suas faces, algumas delas felizes e outra tristes.
Jean abraça Evelyn, dá um beijo com muita ternura nela, a leva até seu escritório retira uma caixa de dentro de uma gaveta a dá a ela, quando Evelyn abre a caixinha vê um lindo colar de ouro com uma pedra de rubi em forma de coração, algumas lágrimas escorrem de seus lindos olhos, ela vai até ele e o beija.
Mas ele ainda tinha uma surpresa para ela, ele vai até outra gaveta e tira de lá outra caixinha, e dá a ela, assim que abre vê que dentro dela havia uma linda caixinha dourada com vários desenhos entalhados na tampa e uma manivela ao lado, ele pede que ela a abra, e de dentro dela sai uma pequena dançarina, assim que manipula a manivela dela sai a música de um autor clássico Frances, chama-se Luar de Claude Debussy, então ele diz a ela:
— Essa caixinha foi feita por um amigo meu, ele é suíço, sempre fabricou relógios e caixinhas de música a vida toda, essa caixinha que pedi que fizesse a você é única, ela contém uma música que só ela tem, mais nenhuma outra, eu adoro essa música, por ser única ela combina com você, é uma caixinha única para uma mulher única.
— Sempre que você sentir saudades minha, e eu não estiver por perto, abra esta caixinha, a música que sair dela fará com que nós nos liguemos em alma, e assim você deixará de sentir saudades, sentirá apenas amor.
Voltam a se abraçar, e após outro longo beijo ela pede licença vai até sua bolsa que estava em cima da escrivaninha dele e pega uma pequena caixa, e a entrega para ele, assim que abre vê que dentro dela havia um lindo Relógio de Bolso, quando ele o abre, na tampa interna, há uma foto dela com uma pequena dedicatória, ele o beija e o aperta de encontro ao peito, em seguida a beija e diz a ela:
— Jamais me separarei dele, assim você estará o tempo todo comigo.
Os dois estavam perdidamente apaixonados um pelo outro, estavam conhecendo a verdadeira felicidade.
Walter Possibom, São Paulo, SP é autor de Um Brilho nas Sombras e Quando os Ventos Sopram na Pradaria. É editor dos Blogs Planet Caravan e Walter Possibom Escritor, e além de músico, Livre Pensador.
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Clair de Lune