Desmorto

Quando eu morrer não quero um quadro pintado com cores
Não quero desenho com asas, com chifres e nem com flores
Que me retratem nu e de pau duro, de preferência melado
Não sou belo nem santo, apenas poeta, que escreve pelado.

Quando eu morrer, já disse que não quero coroas de cravos
Pois flores são para amores, e lembranças são para escravos
Que então me retratem com o caralho lambuzado de porra
E que se masturbem as amantes, e que melado lhes escorra.

Já disse e peço, que nenhum artista como coitado me pinte
Anjo barroco de asas brancas ou um demônio sem requinte
Quero retratos na mente, nenhuma póstuma homenagem
Poetas não são feitos de telas, mas de pedaços de coragem.

Que desenhem meu rosto com rugas, retrato de imperador
Pintem-me belo como nunca fui e gentil quanto minha dor
Que nenhuma escultura ou placa de rua tragam o meu nome
E que nenhum filho carregue a maldição do meu sobrenome.

E quando eu morrer decerto não descansarei em paz
Não há morte que aplaque a dor perene desse rapaz
Portanto, deixem seus tolos desejos religiosos em casa
Que minh’alma ateia eternamente queimará em brasa.

Mas quando eu morrer, de qualquer forma de morte
Em meu caixão eu estarei de pau duro por sua sorte
Então guarde seu desejo insano, viúva eterna de mim
Pois terás muito o que foder antes do seu próprio fim.

Então, quando eu morrer, depois do último suspiro
Não imaginem que em algum lugar eu ainda respiro
Porque não há desmorte alguma e de nenhuma forma
A morte é a ultima lei, derradeira regra e única norma.

Atendam, portanto, o ultimo desejo deste eterno moribundo
Que por seu desejo foi rei, imperfeito e um poeta vagabundo
E se um dia fores chorar por mim, que o faças por sua buceta
A jorrares plena, enquanto imaginas que te bato uma punheta.

15/04/2015

Memórias Arrependidas de Um Poeta Sem Pudor
(Antologia Poética, de 1978 a 2025)
Barata Cichetto
Gênero: Poesia
Ano: 2025
Edição:
Editora: BarataVerso
Páginas: 876
Impressão: Papel Pólen 80g
Capa: Dura
Tamanho: 16 × 23 × 5,2 cm
Peso: 1,50

Brindes Incluídos:
2 Marca-páginas da Poetura Editorial;
1 Marca-página BarataVerso em couro, feito pela Cerne, de Rancharia, SP;
2 Adesivos do BarataVerso;
2 Adesivos da Poetura Editorial.

Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador

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