Dos Ridículos da Vida — Uma Conversa Enviesada e o Espaço Público!

Atualizado em: 04/08/2024, as 07:08

Um dia um filósofo europeu, disse um dia que o Estado é a manifestação de Deus na Terra. Pretensas ideias de divinizar as entidades humanas à parte. Eu digo que dos muitos ridículos da vida, bem antes, de eu ser infantilizado e reduzido a nada, por maviosas tilintantes chaves, suspensas no ar, por uma belíssima superiora hierárquica. Bem antes disso, eu tinha um ingênuo orgulho próprio, não muito a bem da verdade, mas eu tinha. Eu dava um certo valor, quando ostentava em público o meu uniforme bem cintado, de membro efetivo do aparato repressivo do estado.

E lá estava eu, mais uma vez foi mobilizado para proteger um prédio público, empunhando toda a autoridade, que me cabia, eu usando com orgulho o meu pomposo uniforme do aparelho repressivo.

Era um prédio acanhado, que abrigou um dia o fórum do poder judiciário local e depois abrigou o paço municipal. Um prédio de dois andares, sem graça, a bem da verdade, localizado no centro da cidade, que naquele exato momento abrigava um programa de refinanciamento de dívidas atrasadas. Dívidas dos contribuintes municipais, com a manifestação de Deus na terra, o poder público local. E lá estava eu, em meio a vários advogados tributaristas, contadores, burocratas estatais e os munícipes afins.

E o vai e vem, de pessoas apressadas e estressadas para renegociar as suas pendências tributárias, com o poder público local. Pois bem, eu cheio de tédio, fui dar uma volta e parei no estacionamento do aparato estatal. E na sociedade estratificada, com seus compartimentos estanques e bem demarcados, alias. Eu percebi logo que haveria problemas à vista, assim que eu percebi, que um diminuto burocrata de carreira, um auditor fiscal, que andava calmo e lentamente na minha retaguarda.

Eu na esperança do diminuto auditor fiscal, ter indo fumar um cigarro, logo vi que o dito cujo não era fumante e logo vi a semelhança do auditor fiscal com um problemático e diminuto companheiro de fardas e deduzi que eram irmãos ou primos. E antes que me chamem de preconceituoso eu também não sou um gigante. E na sociedade estratificada e no espaço público o dito auditor fiscal, me disse que eu poderia faturar alguns bons trocados. Simplesmente, bastava eu alugar o estacionamento do prédio do poder público, por preços irrisórios, para os estudantes, de uma universidade próxima. Eu chocado disse que eu não poderia fazer tal coisa, porque tal coisa seria ilegal.

O diminuto auditor fiscal, se evadiu e a coisa poderia parar por aí em mais um dia no paraíso na máquina pública local. E eu complacentemente parado no mesmo local, esperei o problema chegar, e chegou, em poucos minutos o chefe do diminuto auditor fiscal chegou em seguida. O querubim de alta patente, um conhecido meu, acabei cantei a proposta indecente que propostos o servidor público subalterno dele, falei sem citar o nome do dito cujo. O auditor-mor, me disse que, seu eu seguisse as orientações do diminuto auditor-mirim, ele o auditor-mor, me denunciaria para a procuradoria da máquina pública local.

E mais uma vez, a coisa poderia parar por aí, e nos muitos ridículos da vida, o auditor-mor me confidenciou, também sem citar o nome, de um auditor fiscal subalterno, chegou até ele, dizendo que tinham sumidos, multas e tarifas com a máquina pública local. E o auditor-mor, então me confidenciou, que os computadores dos auditores fiscais, eram pessoais e protegidos por senhas pessoais. E nem ele mesmo, tinha acessos aos computadores dos seus subordinados.

Pois bem, o auditor-mor e auditor-subordinado, foram até a estação de trabalho de dito cujo, checaram o que tinha acontecido. Então constataram que o dito microcomputador do auditor-mirim, foi acessado no horário do almoço e as dívidas foram deletadas. E o auditor-mor deu duas opções para o diminuto auditor-mirim, ou ele, mesmo tinha apagado as multas e tarifas, ou ele mesmo deixou o microcomputador, aberto no horário do almoço. Pois bem, o auditor-mirim optou pela segunda opção, assim me disse o auditor-mor. Dos muitos ridículos da vida, destas e de outras possíveis vida, na vastidão do universo da máquina pública, nas suas bifurcações e entroncamentos subterrâneos é assim que se dão as conversas, para falar da mesma pessoa sem citar nomes.

Fragmento do Livro: “Dos Ridículos da Vida”

Samuel da Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

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