“Fez-me refém de tua loucura,
O grito contido e o desejo omitido.
Preciso possuir teu corpo. Insanidade!
És tu a primícia, que ofereço aos deuses,
És o mistério, que toma o meu corpo,
Que invade os meus desejos mais libidinosos,
Transbordando me dê vasta saudade.”
Fabiane Braga Lima
Makeda Diatta, quando despertou do seu sono profundo, um forte clarão cegou os frágeis olhos da dramaturga, obrigando a fechá-los novamente. E Makeda, tentou levar as mãos aos olhos, mas não conseguiu, tentou se erguer e não conseguiu, tentou erguer a cabeça e também não conseguiu. Não era um esgotamento físico puro e simples. Parecia que uma poderosa força gravitacional, a empurrava para baixo, a cada tentativa frustrada.
E a cada tentativa de se movimentar, que fazia, a força gravitacional, a obrigava recuar, com veemência. Vencida por fim, Makeda tateou com as pontas dos dedos e ela descobriu que estava em uma confortável cama, pois sentiu a maciez do colchão, que ela calculou que era um duxiana ou um vispring. E os finos lençóis, ela teve a certeza que era puro linho egípcio. Makeda moveu a cabeça, com muitas dificuldades e pode sentir um confortável travesseiro, de penas de ganso.
Os olhos da dramaturga, de repente, começaram a aceitar a claridade e o espelho no teto lhe deu as piores e as melhores sensações. Percebeu que estava completamente nua, ela percebeu que estava bem fisicamente e foram os melhores e os piores sentimentos que se misturam. O corpo de Makeda, começou a emanar sensações e informações fragmentadas, começaram a chegar sem avisos. Eram pequenas ondas, que percorriam todo o corpo em pequenas ondas, que se agigantavam.
Eram ondas avassaladoras, de intensos prazeres e satisfações físicas, que inundavam a confusa mente de Makeda Diatta. E as palavras sussurradas de Camilla, ecoaram nos recantos mais distantes, da mente da dramaturga, naquela hora: — Bem vinda a minha teia, disse a aranha para a mosca! — O clichê batido e barato ecoou, através da máscara pálida da verdade e atingiu a dramaturga com força.
Naquela hora negra Makeda Diatta, ponderou que não poderia reclamar de nada, do que tinha acontecido, pois recebeu o que ela estava procurando e acabou encontrando. E a dramaturga, teve a certeza, que as informações, que faltavam e precisava, viriam com o tempo. Os prazeres e as fortes sensações, nas profundezas do mais negro de todos os álgidos abismos. Ela queria viver a vida ao máximo, para o além do possível e longe do imaginável do limitado mundo em vigília.
Makeda, procurou e encontrou as forças que tanto procurava, conseguiu erguer a cabeça e viu o que tanto procurava. Ela viu a si mesma, a poucos metros, em um outro cômodo, um pouco além do quarto em que estava. A dramaturga Diatta, estava vestindo um confortável roupão de banho carmesim, ela estava segurando uma estilizada caneca rosa de café e os vapores que emanavam da caneca, hipnotizaram Makeda Diatta que vislumbrava a cena. Ela estava diante de uma enorme janela de vidro, olhando para a imensidão sem fim do oceano, estava nas alturas da Torre de Marfim e estava feliz, venerando a alvorada rubra.
E de repente ele apareceu, veio por trás dela, segurava uma estilizada caneca azul marinho de café, os vapores intensos da caneca dele, se misturaram com os vapores, da caneca de Makeda Diatta. Ele também estava vestido, com um roupão amarelo, que fazia par com o dela, Diatta se voltou para a janela, ele abraçou a dramaturga, afastou os cabelos sedosos e lhe deu um terno beijo na nuca. Os dois se gostavam do café, com as respectivas canecas perto uma da outra.
A pele alvíssima dele, contrasta com a pele de ébano dela, os longos e platinados cabelos lisos dele se misturaram com o trigal cabelo liso perolado de Makeda. Ambos estavam felizes, depois de uma intensa noite de amor.
Fragmento do Livro: “Sono Paradoxal”