Atualizado em 08/07/2024 as 21:56:46
(Em 2013, precisamente, dei uma entrevista ao site Entrementes, por intermédio de Joana D’arc, então uma amiga de Facebook. O assunto principal era uma revista digital que eu editava na época, chamada Politicamente Incorreto Ao Quadrado (Pi2), que foi muito baixada e lida na época. Entretanto, por duas vezes, segundo ela por reformulações no site, a página foi removida. Neste momento, em Fevereiro de 204, o link que eu tinha está quebrado, ou seja, foi removido. Entendo que nesta era de ferocidade ideológica, divisões, e uma luta que não é dos divididos, mas dos divisores, defender o Politicamente Incorreto, ter voz livre, ser um livre pensador não alinhado com o espectro esquerdista, realmente não faz bem a nenhum veículo.) A Liberdade de Expressão foi mesmo soterrada.
BC, 2024
Joana D’arc entrevista Luiz Carlos “Barata” Cichetto. Começou a escrever poemas, crônicas e contos ainda nos anos 1970. E de lá, para cá, tem mais de 1.000 poemas e cerca de 3.000 crônicas e contos. Em 1997, na ainda emergente Internet no Brasil, criou um site voltado à divulgação de Cultura Rock denominado A Barata, com o slogan: “Liberdade de Expressão e Expressão e Expressão de Liberdade”, referência obrigatória no meio “underground”. Criou e organizou eventos ligados a Rock e Poesia e foi manager da banda Patrulha do Espaço, para quem também criou artes para as capas de dois discos. Em 2010, escreveu o libreto da Opera Rock “Vitória ou A Filha de Adão e Eva”. No mesmo ano, criou a “Editor’A Barata Artesanal”, pela qual publicou 15 de seus livros.
Desde 1979 produz esporadicamente revistas independentes impressas, como a Revist’A Barata e a Revista-Zine Versus, e digitais, como a recém-lançada “PI2 – Politicamente Incorreto Ao Quadrado”. Em 2012, lançou “Barata; Sexo, Poesia e Rock’n ‘Roll – Uma Autobiografia Não Autorizada”, uma auto ficção. Desde 2008 atua também na produção e apresentação de programas de rádio, sendo que em 2011 criou KFK Webradio, “A Rádio Que Toca Ideias”. Atualmente, também escreve e publica resenhas sobre música em inúmeros sites e blogs e além desse trabalho como poeta, escritor, editor, também cria trabalhos artesanais usando madeira encontrada nas ruas, tendo como fonte principal de renda a criação de websites para empresas. Em 2012, foi premiado no concurso “Mini Drama”, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
1- Como surgiu o seu interesse pela literatura?
Não sei precisar exatamente quando ocorreu. A primeira recordação de contato com livros foi ainda na infância, com a “Seleções” e enciclopédias colecionáveis, como a “Conhecer”. Daí aos romances e poesia. Sempre fui muito tímido e os livros me pareceram à escolha perfeita. Na adolescência não tinha muito dinheiro e descobri as bibliotecas públicas. Aí o mundo se abriu de forma completa. Pegava dois, três livros por semana e os devorava.
2- Fale um pouco sobre suas obras.
A maior parte de minha “produção” literária é composta de poemas e crônicas. Comecei a escrever por volta dos 13 ou 14 anos e tenho cerca de 1.000 poemas escritos e 3.000 crônicas. A maior parte foi publicada no site que mantenho desde 1997, A Barata, e no blogue. Em 2010 criei um projeto de edição de livros de forma artesanal, a Editor’A Barata Artesanal, onde todo o processo é caseiro. Por intermédio dele, lancei 15 livros de minha autoria, sendo 10 de poesia. Também publiquei livros de outras pessoas. A vantagem desse processo é que, além de ter controle total sobre a edição, posso trabalhar com a tiragem que quiser. Além disso, é uma forma de furar o esquema mercantilista das editoras, que tratam livros apenas como um produto, esquecendo-se do valor artístico.
3- Onde podemos adquirir ela?
Todos os meus livros podem ser comprados via Internet, na loja virtual de meu site.
4- Como surgiu a ideia de criar uma revista digital?
Acredito que esteja falando da ultima criação, a revista digital Pi2, ou Politicamente Incorreto ao Quadrado. O “insite” final ocorreu enquanto eu lavava louça. Veio-me o nome, o conceito e até o desenho da logomarca da revista. Eu já tinha lançado outras revistas digitais, além de revistas independentes (“fanzines”), desde a época do mimeógrafo a álcool, mas tinham um espectro bem amplo, com poesia, Rock, artigos e desenhos, mas estava cansado de entrar em embates sobre essa questão do Politicamente Correto e toda a hipocrisia e modismo que existe por trás disso. Nas redes sociais, percebi que existiam muitas pessoas com pensamento idêntico ao meu e então chamei essas pessoas a mandarem suas visões. E o resultado foi surpreendentemente positivo.
5- E por que você deu o nome de PI2 (Politicamente Incorreto Ao Quadrado)?
A ideia surgiu da forma como relatei na pergunta anterior, mas analisando o conceito, cheguei a algumas conclusões. Na matemática, “pi”, é a representação de um numero infinito, então o que seria um numero infinito ao quadrado? E ai entrou o jogo de palavras, com a sigla P.I., Politicamente Incorreto. Juntando tudo e a interpretação popular de afirmar que quando algo é grande demais, ou extrapola seus próprios limites é “ao quadrado”. Queria deixar claro os objetivos da revista já no titulo.
6- Você não pensa em publicar a revista impressa?
Existe um movimento, até uma cobrança, por parte principalmente dos colaboradores para que ela saia de forma impressa, vendida em bancas de jornal, etc. E é claro que será magnífico se isso acontecer. Muita gente ainda reluta em ler em tela de computador (eu mesmo não gosto, prefiro a forma impressa) e também poderíamos através de publicação como revista, atingir uma gama maior de publico. A questão fundamental está justamente nos custos de impressão e, principalmente, distribuição. Não tenho dinheiro para bancar uma impressão dessa magnitude, com cerca de 80 páginas, colorida. A saída seria a tradicional, com anúncios pagos, mas isso acabaria comprometendo a independência da revista. Outra opção seria conseguir uma editora disposta a bancar o projeto. Mandei propostas há meia dúzia de editoras há mais de um mês, mas não obtive respostas de nenhuma até agora. Outra, seria a cotização entre os colaboradores, mas não creio que conseguiria dinheiro suficiente para editar uma revista.
7-Tem algum projeto em mente?
Sempre tenho projetos em mente! É quase que uma necessidade vital. Geralmente estou tocando dois, três, ao mesmo tempo. No momento, além de manter os projetos da Editora Artesanal, do programa de rádio, escrever diariamente e editar a revista digital, estou trabalhando no projeto de um romance, gênero que nunca dei muita atenção, mas que foi a forma mais correta de contar uma história que muito me impressionou muito. E a base será a vida de Eward Mordrake, que no século 19 nasceu com outro rosto na parte traseira da cabeça. Não se tem provas de que seja efetivamente real, embora existam muitos elementos para que seja, ao menos na essência, verídica. Fiquei muito perturbado com isso e queria em principio escrever uma Opera Rock, como tinha feito em Vitória, que foi musicada pelo musico e filósofo Amyr Cantusio Junior, mas achei que num romance poderia explorar melhor toda essa problemática. Fora isso, também tenho trabalhado em pesquisas sobre a vida de uma escritora brasileira, que foi muito lida nos anos 70 e que hoje está praticamente esquecida.
8- Na sua opinião a juventude de hoje não se interessa por politica?
Acredito que essa questão de interesse por política seja muito relativa. O que é, afinal, interesse por política? É se inteirar dos problemas cotidianos, dos atos dos poderes constituídos, para depois ter a chamada “consciência política” e escolher o candidato que melhor te represente em uma eleição? Se a abordagem for esta, acredito que se interessa, sim, pois os jovens assistem TV e votam. Mas, ao contrário do pensamento corrente, não considero isso muito importante, pelo simples fato de que não acredito na democracia da forma como a temos hoje. A democracia hoje é uma farsa, uma mentira. Dizem para as pessoas que a democracia é o melhor dos mundos, mas o que acontece na prática é que é apenas uma forma de disfarçar e legitimar o domínio das corporações sobre a imensa maioria da população. Comungo nesse ponto com o pensamento de José Saramago, que dizia, por exemplo: “A democracia é uma santa no altar de quem já não se espera milagres.” Então, o que adianta se interessar por essa política e acreditar que ao eleger um vereador ou mesmo um presidente estarei representado? Primeiro que não vejo em nenhum político a representação do meu desejo, das minhas aspirações, nem como cidadão, nem como artista. E, ademais, as pessoas que realmente comandam o mundo, não são eleitas “democraticamente”. Não se vota no presidente do Banco Mundial ou do FMI, e são esses alguns dos poucos donos do mundo. E a não ser americanos, não se vota no presidente dos EUA, e suas decisões definem os destinos da maior parte do mundo.
9- Li outro dia uma frase que diz: “Aquele que estudou, deve acender o fósforo que vem acender a chama que é o povo.” Você concorda?
Olha, esta frase, dá mais de uma interpretação e pode ser perigosa se interpretada em uma analise superficial. A primeira interpretação, pode nos levar a questão simples de que apenas quem tem um determinado nível de estudo deve conduzir ao restante das pessoas. Mas esse estudo, o que é? A educação formal, apreendida nos bancos escolares, com diploma certificado pelo Estado, não é condição fundamental para ninguém ser líder de nada. Mesmo porque, particularmente no Brasil, com uma educação que de forma geral é muito fraca, não oferece essa condição. Por outro lado, sem uma base cultural forte não podemos ter uma liderança. O conceito corrente, baseado numa premissa deturpada de coletivismo, que não admite mais o chamado “formador de opinião”, também não funciona de fato, gerando uma série de deturpações. Numa sociedade organizada e que pretende ser de fato civilizada, as pessoas devem atingir determinados níveis de acordo com sua capacidade intelectual, disposição de trabalho e esforço. Baseado nisso, essas pessoas atingirão o grau de “fósforos”. Achar que o povo (esse conceito tão estreito e rançoso), instintivamente pode se auto liderar, encontrar seus caminhos sozinho é uma balela sem tamanho. Então, resumindo, é necessário que existam os intelectuais, os artistas e os cientistas, e essas coisas dependem de muito estudo e vivência – não necessariamente formal – para conduzirem o restante. Sem isso, o que existirá é de fato aquilo que se prenuncia hoje: uma sociedade nivelada por baixo, principalmente no quesito cultural. E é este que, no fim das contas, determina todos os outros níveis.
10- O que significa ser “politicamente correto” nos dias de hoje ?
Segundo as definições de sociólogos, o politicamente correto é uma política que consiste em ser neutro em termos de discriminação, evitando qualquer tipo de linguagem ou postura que possa ser considerada ofensiva para certas pessoas ou grupos sociais, como a linguagem e o imaginário racista ou sexista. Mas isso, na prática é um autentico e belo disfarce para coisas muito mais cruéis e perigosas do que possa parecer, porque ela não apenas não aceita, como condena e persegue qualquer expressão contrária. O politicamente correto não aceita uma piada, um texto, um poema, nada que tenha relação com a desigualdade, pretendendo de fato impor a ideia absurda de uma igualdade que não existe. Os seres humanos não são iguais, nunca foram e nunca serão. E querer que não se brinque, se escreva ou se fale sobre isso é, no mínimo, uma estupidez. Contar uma piada sexista ou racista é condenado como se o sujeito fosse um criminoso, mas é preciso entender que o humor e arte precisam ser livres para existirem e não podem estar atrelados a esses mecanismos “politicamente corretos”. O que é claro para mim, é que esse discurso politicamente correto é extremamente hipócrita, pois coíbe, de uma forma até mesmo violenta, uma piada ou a expressão de pensamentos, embora o sentimento continue existindo. O pior é que isso acaba gerando um sentimento primeiramente de confronto que na maioria das vezes não existia; e um radicalismo extremo. E todo mundo sabe onde levam o confronto e o radicalismo. Um exemplo de hipocrisia politicamente correta: nos EUA não se pode fumar nem em uma praça, mas se pode andar armado nas ruas. É politicamente incorreto fumar, mas não é incorreto andar com um objeto que tem o único objetivo de matar. E no Brasil estamos caminhando a passos de gigante para isso. Essa onda começou na Europa, onde hoje o politicamente incorreto é configurado como discurso de ódio, o que é no mínimo antagônico, pois enquanto não admite pensamentos discriminatórios, mas não apenas discrimina como criminaliza o pensamento contrário. Claro que ninguém irá defender atos de violência contra quem quer que seja, mas as pessoas sempre conviveram com a arte e o humor que tratava das diferenças entre as pessoas, mas hoje isso é passível até de cadeia ou linchamento. Aliás, há um linchamento cultural contra quem não segue a linha do politicamente correto. Em breve todos os humoristas estão presos ou desempregados, e isso é um absurdo. Mas o pior é o que isso causa na cabeça das pessoas, a censura interna, a mais nefasta delas. Outro dia, uma pessoa postou um comentário numa rede social usando o termo “negro” com relação lado obscuro e sombrio da Justiça brasileira. Imediatamente postou outro, explicando que ali não existia contexto racista e que a palavra “negro” estava no dicionário. Quando eu o alertei sobre a armadilha em que ele tinha caído, ele disse que nem tinha se apercebido disso. Quer dizer, não se pode mais usar essa palavra sem ser acusado de racista? Até dicionários foram atacados, acusados de ter definições racistas em verbetes. Outra coisa é a estupidez de ser criar termos bonitinhos, politicamente corretos, para definir a mesma coisa: não se pode dizer “negro”, mas sim “afrodescendente”; não se pode dizer “favela”, mas “comunidade”, sendo que as coisas e as pessoas continuam sendo as pessoas, apenas mudam-se as palavras e acham que assim estarão resolvendo os problemas. Não se resolve o problema dos negros nem das favelas mudando as palavras com as quais os designamos. De fato, o que se cria com essa conduta politicamente correta é uma sociedade plástica, engessada, culturalmente fraca e em pé de guerra uns com os outros. Os seres humanos não são iguais e o importante não é fazer de conta que são, mas sim termos uma sociedade em que essas diferenças sejam toleradas, que possamos conviver com as nossas diferenças, não fingirmos que somos iguais. Em resumo, em minha visão, essa onda politicamente correta não passa senão de fascismo!
11- Como você vê a politica no pais?
A história política do Brasil é permeada por momentos em que se alternam a ditadura e o populismo. E existem várias formas dessas duas coisas. Em alguns momentos as duas coisas se misturam e se tornam muito perigosas. E é assim que vejo a política brasileira hoje. O socialismo falso que tomou conta do país há 10 anos é isso, uma mistura de populismo com ditadura. Uma ditadura disfarçada, que não usa socos e pontapés, que não usa a tortura física, mas que usa de mecanismos populistas para esmagar qualquer oposição verdadeira. A criação de programas assistenciais indefinidos, sistemas de cotas e leis que privilegiam determinadas camadas da população tem esse efeito, porque cria o anteparo e o confronto. Uma política governamental totalmente equivocada que no fim usa a população como bucha de canhão. O resultado é que no fim, o que estão fazendo é transformar o Brasil num pais de esmoleiros preguiçosos. Lembrando um trecho de uma musica criada por Luiz Gonzaga ainda nos anos quarenta: “Doutor, uma esmola a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Morrer de vergonha nunca foi a cara do brasileiro, então o que resta é uma sociedade de cidadãos viciados, mantidos pelo poder publico e que irá se agarrar a isso, legitimando esse poder, com todas as suas forças. Contra tudo e contra todos, inclusive seus semelhantes.
12- E como você avalia o governo da presidente Dilma Rousseff ?
É uma piada, porque de fato nunca existirá o governo Dilma, mas sim, uma continuidade do governo Lula. Dilma foi eleita como seria qualquer pessoa que fosse indicada pelo ex-presidente. Além disso, era uma forma de mostrar o quanto somos modernos e evoluídos democraticamente ao eleger uma mulher. As pessoas não votaram nela, votaram no Lula. O PT criou o socialismo tropical, que alia atitudes pseudo socialistas, com os interesses das grande corporações capitalistas mundiais. Usam dos estratagemas que citei na pergunta anterior para se perpetuar no poder, usando a população, especialmente a mais pobre, como massa de manobra. Um detalhe pequeno, mas que demonstra o caráter da senhora Dilma, foi emitir um decreto obrigando os meios de imprensa a usar o termo “presidenta” quando forem se referir a ela. O termo “presidenta” existe e poderia (poderia) ser usado também, mas o que me choca é a pessoa se preocupar com isso, numa tentativa de impor algo que não caberia a seu cargo, interferindo em uma questão que diria respeito a outros âmbitos da sociedade. Uma tentativa de se impor como mulher, fazer média com o eleitorado ou ainda talvez resolver alguma questão de foro intimo. Ela não tem se impor como mulher, mas como presidente. E isso denota o caráter ditatorial e a fraqueza dela, tanto como mulher quanto como presidente (ou presidenta).
13 -Quais são os desafios que você tem enfrentado?
Acredito que os desafios que enfrento, são basicamente os mesmos que qualquer artista realmente independente enfrenta. Arte, de uma forma geral no Brasil sempre foi tida como coisa de vagabundo, de desocupado, então não existe de fato a educação para que esse quadro mude. E partindo-se desse conceito enraizado, nada se faz para melhorar, porque afinal, artista precisa morrer de fome, tuberculose, AIDS, essas coisas. Além do mais, mas sempre tendo por base esse conceito nocivo, junto ao de ganho fácil que todo empresário brasileiro tem, editoras, gravadoras de discos e todas as empresas ligadas ao mercado de arte inibem a arte autêntica, sem pensar em criar seus conceitos e sempre seguindo conceitos eternos que ditam o que deve e o que não deve ser lançado e comercializado. Meu maior desafio tem sido, baseado nisso, sempre foi o de tentar mostrar às editoras que existe um mercado para uma literatura que não se resume a livros de autoajuda e romances adocicados. Claro que uma editora é um negócio e tem que pagar custos e obter lucro, mas deveria haver um equilíbrio. Hoje existe uma quantidade enorme de autores sendo publicados sim, mas se observarmos com detalhe, percebemos que a maioria é composta por autores jovens e com carinhas bonitinhas. O que vende é a imagem dos autores, não o conteúdo. Mas a minha maior dificuldade, mesmo, talvez esteja no fato de eu não fazer parte de nenhuma panela e não admitir a presença de “lobbies”. Não aceito ser guiado por nenhum mestre, não rendo homenagens a nenhum outro artista e isso não é bem visto dentro dos meios que controlam a cultura (e aqui não falo de empresas, de editoras, mas de “artistas” mesmo.). Especialmente dentro da poesia, arte qual eu mais me localizo, existe quase uma máfia que controla quem irá ou não ser levado degraus acima (ou abaixo). Pessoas que revestem de uma aura auto atribuída e recolhem os frutos. Nunca fui convidado, (aliás fui desconvidado) dos eventos que ocorrem e que são gerenciados por essas pessoas. E o pior que eles fazem de propriedade particular, territórios que em tese são públicos, como a Casa das Rosas e o Centro Cultural São Paulo.
14- Qual sua relação com os leitores?
Sou muito tímido e avesso á festas, baladas, essas coisas e, portanto a minha relação não é muito pessoal, não. Há tempos desisti dessa coisa de saraus, porque acaba sendo apenas um desfile de egos e narcisismos exacerbados. Como falei acima, também nesse caso o que se vende é a imagem do autor, não o seu trabalho. O que acaba acontecendo é que a minha relação com meu leitores se restringe à Internet, embora da forma mais pessoal possível, colhendo impressões sobre meu trabalho e criando uma relação de amizade com eles. Assim consegui alguns leitores fieis que se tornaram grandes amigos. Sou essencialmente poeta e poesia é estritamente pessoal, fazendo com que acabe acontecendo uma sinergia fantástica com aqueles que se identificam com o trabalho.
15- Deixe uma mensagem para os leitores.
Agradeço a Joana por esta entrevista, pela oportunidade em poder me expressar e também mostrar meu trabalho, e a todos que a acompanharam. A única coisa que gostaria de dizer aos leitores do Entrementes é a mesma que usei como base maior na educação de meus dois filhos: não acredite em nada de primeira instância, não aceite a primeira opinião, procure sempre vários pensamentos sobre qualquer assunto e depois coloque tudo isso no liquidificador do seu cérebro e retire daí o suco precioso resultante. Não existem verdades absolutas senão a sua, mas é preciso que essas verdades tenham bases sólidas. Leia muito, pense muito e viva muito!
15/01/2013