Eu Não Presto, Porque Não Empresto a Minha Verdade e Não Tem Preço a Minha Vontade – Freak News Nº 48

Sempre me achei um cidadão acima de qualquer suspeita. Aquele que sempre a Lei respeita. Que na fresta não espreita, nem anda por rua estreita. Sempre acreditei na honestidade, nunca agi com iniquidade, nem troquei de identidade. Sempre fui honesto de verdade, não por obrigação nem por vaidade. Ser honesto é obrigatoriedade, e sempre foi minha realidade. Nunca traí, nem mulheres nem amigos, nunca roubei nem ameacei inimigos. Sempre acreditei na máxima de quem assim age, por ele a natureza reage, e um dia lhe oferecem a vantagem, não porque ser honesto é ter coragem, nem porque honestidade é bom para a imagem. Sempre fui assim, desse jeito, e acreditei ser insuspeito. E estufava o peito, até meio sem jeito, orgulhoso e satisfeito. Agora falam de mim, justo quando se aproxima meu fim, que quando eu disse não era para ser o sim. Eu seria segundo as contas calculadas por pessoas de roupas alugadas, e sentenças julgadas, que eu tinha que a qualquer foder , porque tudo vale é pelo Poder. Falam que eu tinha que ter aceitado suborno, como o homem do torno, que cortou o próprio dedo, em segredo. Falam que eu perdi todas as chances do mundo, como aproveitou o bêbado vagabundo, de ter casas, carros e apartamentos na praia. Ou até um sítio em Atibaia. Mas, não eu sou da sua laia, e não como no coxo da sua baia. Não preciso de um relógio de ouro, nem ando atrás do tesouro, roubado do ladrão que roubou outro ladrão, e que da Justiça injusta obteve cem anos de perdão e uma cadeira de Presidente, quando merecia um paredão. Enquanto eu tive que enfiar na bunda minha honestidade, ao ter sido roubado na paternidade. E agora quem ensinei a ser honesto diz que sou eu que não presto, porque não empresto a ninguém minha verdade, e não tem preço a minha vontade. E se agora sou suspeito, nem sei por que direito, é porque erraram no pleito, e quem manda é o amigo do amigo do amigo do prefeito.

08/07/2024