[Existem apenas duas indústrias que chamam seus clientes de usuários]

Atualizado em 01/10/2024 as 23:59:42

Existem apenas duas indústrias que chamam seus clientes de usuários:
A de drogas e a de software.
O dilema das redes – Netflix

Vendido a $3,57 ao primeiro interessado no leilão
Uma finíssima fatia de um córtex cerebral,
Um pouco virgem, passível de doutrinação.

Dois corpos desalinhados no espaço
A pouquíssimos centímetros de uma tela,
à polegadas da perdição.
Mal lhe conhecia as fuças e as rugas da cara
Nunca havia lhe ouvido a voz,
Só acenávamos como dois produtos da rede
a alma negociada em míseras quantias,
nas plataformas de plantão.

Mais um passo ao rumo do inferno
Mais um elo preso à corrente
Mais um pedaço de mim,
e milhões de células mortas.

Já se passaram minutos demais de um dia.

Toda a comunicação manipulada
Real e irreal, disputam cabeça a cabeça,
Como dois bons cavalos de raça.
O prêmio final. Fatal.

Informação, Danação.
A neurociência te vende na feira
Numa segunda feira qualquer
A mente comprada a preço de bananas
Ou outra fruta da estação.
Somos todos, belas cobaias de algo,
nesse imenso laboratório azul.

Já não se interessam pelo gosto do suor,
Só quanto de neurônios e dinheiro são gastos
Persuasão é ciência de fato.
Vampiros desejando a gota de um sangue,
E as pistas digitadas pelos seus dedos.
Black mirror é só mais conto de fadas.

Alguém já te disse, quanto custa um cérebro?
Algoritmos não dormem, abocanham lucros.

Lu Genez, Curitiba, PR, é poeta, escritora… E, claro, Livre Pensadora!

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