Atualizado em 22/07/2024 as 21:08:30
“O apoio cego de Lula ao processo eleitoral venezuelano é resultado direto do alinhamento automático da atual política externa com as ditaduras, somado com a “camaradagem” entre os membros do Foro de São Paulo [bloco de integração de partidos de esquerda]”
Carinne Souza
12/07/2024 20:40
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta encontrar lisura nas eleições da Venezuela, o cenário de instabilidade no país tem levantado dúvidas na comunidade internacional. Para o petista, que já pediu presunção de inocência ao ditador Nicolás Maduro e deseja “reconhecimento internacional” das eleições, os resultados do dia 28 podem acabar se tornando um novo constrangimento. Após diversas manobras do autocrata, o receio é de que Maduro não aceite os resultados ou fique comprovada sua interferência nas eleições.
Lula tem insistido nas eleições venezuelanas como uma porta para a reintegração do país vizinho, hoje visto como um Estado párea, no cenário internacional. Nesta semana, o petista afirmou que espera que a Venezuela possa voltar a fazer parte do Mercosul após as eleições – o país foi suspenso do bloco em 2016 por, entre as diversas razões, ruptura da ordem democrática.
“Esperamos poder receber muito rapidamente de volta a Venezuela. A normalização da vida política venezuelana significa estabilidade para toda a América do Sul”, disse Lula durante viagem que fez à Bolívia. “Por isso, fazemos voto de que as eleições transcorram de forma tranquila e que os resultados sejam reconhecidos por todos”, continuou.
Nesse contexto, Lula e sua equipe atuaram junto à Venezuela para viabilizar eleições no país que tivessem reconhecimento internacional. Mas os esforços não têm surtido o efeito desejado. Após inabilitar concorrentes e impedir que a União Europeia acompanhasse o pleito, o cenário eleitoral no país tem gerado um clima de preocupação. A integridade do processo tem sido colocada em xeque, já que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, responsável pelas eleições, é controlado por aliados de Maduro.
“O apoio cego de Lula ao processo eleitoral venezuelano é resultado direto do alinhamento automático da atual política externa com as ditaduras, somado com a “camaradagem” entre os membros do Foro de São Paulo [bloco de integração de partidos de esquerda]”, avalia Cezar Roedel, especialista em relações internacionais.