Atualizado em 22/07/2024 as 21:01:30
Gazeta do Povo
23/06/2024 18:00
Durou apenas algumas dezenas de horas o mais novo episódio de censura à imprensa protagonizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Desta vez, os alvos não foram os “suspeitos de sempre”, mas só se surpreendeu com esse fato quem passou os últimos anos fechando os olhos ou mesmo aplaudindo as repetidas violações da liberdade de expressão, ou acreditando ingenuamente que o gênio da censura, uma vez libertado para atacar conservadores, direitistas e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, voltaria candidamente para a garrafa em vez de se expandir cada vez mais.
Na terça-feira, Moraes ordenou que o jornal Folha de S.Paulo removesse de sua conta no YouTube uma entrevista publicada em 2021 com Jullyene Lins, ex-mulher do presidente da Câmara, Arthur Lira. Em 2006, ela havia acusado o deputado de agressão, mas recuou e o processo foi encerrado em 2015 com a absolvição de Lira. Na entrevista à Folha censurada por Moraes, ela dizia que só retirou as acusações por ter sido ameaçada pelo deputado, que também fora ouvido. O ministro ainda ordenou a retirada de vídeo com outra entrevista de Jullyene ao site de esquerda Mídia Ninja, e derrubou reportagens sobre o mesmo tema, feitas em 2023 pelo portal noticioso Terra e pelo site Brasil de Fato, também de esquerda. Várias publicações no X (antigo Twitter), feitas por outros perfis, também foram censuradas.
A caneta censora ganhou trânsito livre, não vê limites à sua atuação, e agora não poupa nem mesmo os que festejaram este processo de erosão de uma liberdade democrática tão básica.