Carinne Souza
14/06/2024 12:41
Com o avanço da direita na Europa, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia pode encontrar novos percalços. Em negociação há mais de duas décadas, o tratado tem sido arrastado devido ao protecionismo de alguns países europeus. Com o crescimento de partidos de direita no Parlamento Europeu, analistas ouvidos pela Gazeta do Povo avaliam que as negociações sobre o acordo podem sofrer com novas barreiras, o que pode atrasar ou até mesmo enterrar sua possível ratificação.
“A direita europeia acaba tendo uma característica e ideologia muito mais protecionista no que diz respeito à imigração e ao estrangeiro. Há uma certa resistência com as pessoas que vêm de fora e isso também se estende aos produtos estrangeiros. Essa dose de protecionismo pode acabar prejudicando ainda mais as relações entre o Mercosul e a União Europeia”, explica Nelson Rocha, diretor da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra).
O Parlamento Europeu passa por eleições para definir sua formação para os próximos cinco anos. As legendas de direita e centro-direita tiveram um desempenho melhor pleito e terão mais cadeiras no órgão para o próximo mandato, segundo projeções de institutos de pesquisa. Os resultados parciais preocupam líderes em países como Alemanha e França, cujos partidos foram superados por oposicionistas, mas também podem significar mudanças na relação com a América do Sul.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) tenta destravar há mais de 20 anos um acordo de livre comércio com a União Europeia. O tratado prevê uma série de negociações que envolvem facilitações comerciais entre os blocos e reduções tarifárias de importação e exportação. Se ratificado, o acordo pode se tornar a maior negociação entre blocos do mundo, com uma movimentação superior a R$ 600 bilhões, segundo projeções da União Europeia. O protecionismo de alguns países europeus, contudo, impediram que ele fosse chancelado até agora.