Atualizado em 22/07/2024 as 21:04:34
Marlice Pinto Vilela
Brasília
01/07/2024 11:32
A conta do ensino superior público no Brasil não fecha. Durante os governos Lula e Dilma, com o lema “Universidade para todos”, o crescimento das universidades federais foi exponencial. Os salários dos professores e técnicos-administrativos, que já representam cerca de 90% dos orçamentos das universidades, são alvos de greves constantes para reajustes. Sobra pouco do dinheiro público para investimentos e pesquisa, em um cenário de alta evasão de alunos e retornos tímidos para a sociedade. O sistema de ensino superior público, tal como está hoje, caminha a passos largos para a insustentabilidade.
Mesmo com o ensino superior brasileiro recebendo três vezes mais investimento público do que a educação básica, o mantra de “ensino superior público, gratuito e de qualidade” é acompanhado por exigências recorrentes de mais recursos. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2023, o Brasil investiu US$ 14.735 por aluno do ensino superior. Embora esse valor esteja próximo à média de gasto dos países da OCDE com ensino superior, o Brasil não acompanha essas nações em termos de impacto científico – as produções científicas brasileiras são pouco lidas e aplicadas (leia mais abaixo).
Uma saída seria firmar parcerias com a iniciativa privada para encontrar novas fontes de recursos fora dos impostos federais. As instituições e sindicatos resistem a essa possibilidade, que traria, além do dinheiro de empresas, exigências de qualidade na produção acadêmica nos moldes previstos no mercado.
Apesar da grande estrutura e dos altos gastos para manter o ensino superior no Brasil, já é possível perceber uma tendência de diminuição de alunos nas universidades federais. O pico do número de ingressantes em cursos de graduação na rede federal foi de 380.561 em 2017. Nos anos seguintes, houve uma baixa gradual, chegando ao número de 322.122 em 2022, segundo o Censo da Educação Superior divulgado em 2023. Ainda de acordo com o levantamento, a taxa de desistência dos alunos de graduação em redes públicas passou de 8% em 2013 para 52% em 2022.