Amo a Mulher Que Nunca Tive – 06

Mas de repente, sem nenhuma explicação, com a intensidade que se quer as coisas impossíveis, você surge, bela, divina, diabólica, esguia e começa, pouco a pouco, tomando conta do meu coração, assim vão surgindo vários poemas como forma de minha velada declaração, realmente, que culpa tive eu se fui incauto, e agora olho o céus tentando vê-la… Jamais pensei olhar assim tão alto, mas tento encontrá-la numa estrela, e eu que há pouco a deixei depois do meu abraço, abro a janela do meu quarto e fico procurando seu encanto nas estrelas que cintilam no espaço, busco o vestígio, um sinal, um rastro e assim, meus olhos que a buscam passo a passo, distraídos, vão assim contando astros, ah! Mas quando lá em cima fica escuro, nuvem cinzenta, ou então fina garoa, eu fico a consertar do meu futuro… Enquanto minha estrela brilha à toa. E quando deito-me pra descansar, uma coisa estranha acontece, parece que desprendo-me da vida, em busca de guarida, no materialismo do seu corpo amado. Você dorme, não se lembra, nem sente, mas eu a acaricio e a afago. Passa o tempo, e uma força estranha me surpreende, volto à vida, finda o encanto, vem o sono, tudo vácuo. Porém não demora para que uma chuva fina, me desperte, é momento que quase todo mundo detesta, mas volto a pensar em você, cá dentro alguma coisa se arvora, pra mim é momento de festa, enquanto a natureza molhada, guarda os segredos meus, eu fico a pensar na minha deusa, nesta dádivas criadas por Deus, ligo o rádio e uma música bem preguiçosa, ficava pelo quarto à toa e o incenso, que ainda estava queimando, trazia um cheiro bom de coisa boa. Por fim a claridade vence a escuridão, amanhece, o sol desponta forte no poente, o princípio e o fim rondando o amanhecer e o inigualável Paisagista do universo, entre as tonalidades que só ele produz no firmamento, ora com nuvens rubras incendiando a nascente, ora escura roubando a luz do dia, ora claras, como se abrissem as cortinas, ora todas, de uma só vez, numa harmonia inconfundível, misteriosa, que mexe com os meus desarranjos, com as minhas emoções. Sabia que não sairia ileso… Eu queria ficar junto dela preso, na pura ingenuidade de colher felicidade, e quando bate a felicidade, a lembrança sai procurando você, pergunto-me, será só amizade, ninguém me responde. Por que? Ah, mas meus pensamentos atrevidos, invadem sua alcova perfumada e vejo-me falando brando em seus ouvidos e também a desejando minha amada, sinto meu peito batendo forte, o peito ofegante e cheio de desejos, ao toque da lembrança o corpo meu, ondula aflito, entregue a toda sorte, e na esperança de encontrar seu beijo, encontro no vazio o corpo meu…