Atualizado em 25/10/2024 as 15:51:59
Hoje surge um amor e começa, aos poucos, amainar a incerteza que rondou, por muito tempo, a esperança do amor da mulher amada, guia-me na escuridão, através da luz de uma pequena vela, mas enxergo, na penumbra, um delicado corpo da mulher, que, com seus encantos tenta apagar com sua imagem, seus lindos olhos, seus lindos cabelos cobrindo parte de um lindo rosto, e as lembranças foram-se apagando, só restando todos os versos que ela merecia ouvir. Não sei quando o novo amor começou, e sequer quero prever quando ele termina, quero viver o momento presente, sem preocupar-me com a incerteza do amanhã, do hoje quero somente o agora, para esquecer todo meu nada, nos momentos que vão embora. Quero andar pelo chão, bem descalço, incauto entre o lodo e o espinho, cambalear aqui pisar em falso, e sentir toda aspereza do caminho, sentir sua mata fechada, ameaçadora, úmida de amor, desejosa de amar, temer os estalos dos gravetos ou a sombra dos seus braços a me enlaçar; não importa se há plantas nocivas, quero sentir o seu veneno, só quero continuar caminhado no seu céu, sob a chuva e o sereno. Ah, mas quando estivermos cansados em qualquer canto hei de vê-la, e quando estiver só, descuidado, eu vou contemplar as estrelas. Chega de me preocupar com as placas: — silêncio — ou qualquer outra que restrinja meu ser, sem me preocupar com a incerteza do amanhã, pois do hoje, só quero o amor pra viver; quero prender-me neste laço e com meu abraço cobrir você, pois surge pra preencher este vazio, veio espontaneamente pela misteriosa vontade do destino, quero viver as grandes surpresas, a essência, o encanto, sem preocupar-me com o momento após, mas sentir com toda a plenitude, este Universo que está dentro de nós e você, no silêncio lá de fora, exausta se perguntar: Meus Deus! E agora… E agora que passei noite a fora, vivendo um doce momento, vendo astros e estrelas, sento por ele tragada, sem ter ânimo de vencê-lo… Meu Deus do Céu! E agora? Que fazer com meus valores, tão aqui, junto bem perto, fazendo tanto barulho, me enchendo de receio, me abatendo em céu aberto, e agora que volto pra casa malhada, pelo seu amor de a pouco, pelo sereno da noite, pela poeira do vento, tendo como companhia o encanto e o arrependimento? Meu Deus! E agora, estes meus pensamentos, com, suas visitas incertas, e esta doce lembrança de sua mão que me apalpa, de minhas mãos que o apertam? E agora que amei o doce espaço, que passei noite a fora, que senti medo e saudades, bem antes de ir embora? E por fim me dizer, ah, amor! E agora amor que conheço o meu corpo, que me entrego, não me oponho, sabe! Eu gostei da realidade, muito mais do que o sonho? E agora! E agora amor…
Do Livro:
Amo a Mulher Que Nunca Tive
A. Ibrahim Khouri
Editora BarataVerso
Crônicas Poéticas
2024
60 Páginas
14 X 21 X 1 cm