Identidade Manchada: O Peso de Um Nome – Freak News Nº 49

Eu devia estar contente, por hoje não ter tido dor de dente. Eu devia mesmo, estar feliz, por tudo aquilo que quis, e feito tudo o que fiz. Eu devia estar satisfeito, por tudo que tenho feito. Mas me dói o veneno da serpente, mas me dói o que se me diz, mas me dói a mente, muito mais que o peito. Eu deveria estar mesmo bem em estar aposentado, e ter sido aumentado, mas me dói ser remendado. Eu tinha que sentir felicidade, por morar na cidade, mas o que machuca é a saudade. Eu precisava ser agradecido, por ter feito e por ter sido, mas o que arranha é ser esquecido. Seria bom agradecer por ter um teto, mesmo sem ser meu objeto, mas o que cavouca é a voz rouca que me diz, que se não sou feliz, não é porque não quis, mas porque antes do que fiz, meu engano foi nascer… Um Luiz.. — E se chamar Luiz antes apenas descartável, virou ódio porque um ser abominável, que chamo de Inominável, tomou o pouco, que era tudo, o que eu tinha. E até o gesto do “L” roubou de mim esse desgraçado. E se antes achava até engraçado ter o nome de Luiz, depois da sentença do Juiz, que do Ladrão foi aprendiz, quero trocar de prenome, nunca de pronome, mas até de sobrenome, porque nome ninguém come. Queria registrar apenas Barata, na minha certidão de nascimento, e assim me livrar do sofrimento de ter que ser chamado de Luiz. E com complemento, que era um velho excremento, que era o tal do Prestes. Foi meu pai, por pura vingança, porque era Getulista, que inventou de com esse nome me batizar. — Ah, mas eu devia estar contente pelo Carlos, porque tem até poesia do mineiro falando de uma merda de “gauche”. Mas a merda do Carlos tem dois estrumes, o Lamarca e Marighella. E como se não bastasse a sequela, tem Carlos até dentro da panela. Mas eu devia mesmo estar feliz, porque meu nome é Luiz, mas não fui eu que quis, então não posso ser culpado, de ter o mesmo prenome do ex-condenado.

13/07/2024