Atualizado em 20/08/2024 as 14:20:03
Cabe o verso tolo, tosco, indulgente
A rima descabida, o verbo anoréxico e, o fim premeditado da poesia,
Antes que o ponto final se faça, sob os riscos do entendimento do despretencioso poema picado.
Cabe a fala mansa, tensa, transparente
Cabe o hiato, o ato, o fato e a desmesura de nossas mãos
E as heresias aos Deuses do Olimpo, e aos outros, dos outros altares,
Já que os esquecimentos foram todos antes vividos.
Os pés perdidos e, as vozes, ainda mais, nessa imensidão.
Cabe o tato, colo, o fino trato, e o acordo de paz em terras de securas e falta de pão.
O tardio da cena, o fastio da lida, e todos os calos e saliências doloridas do corpo
Cabe na reza e na prece num final de dia de agosto.
Toda a palavra cabe
Todo o verso arde
Tudo enche e explode
Inclusive esse poema.