[Há uma desesperança nos céus de outono]

Há uma desesperança nos céus de outono
Como se o inverno fosse se estender entre as margens dos dias,
E não mais houvesse primavera e flores, e um oásis aos desesperados nômades aborígenes,
Como se os dentes, imprestáveis, não reconhecessem o sabor de uma carne febril.

E os rios vivessem inertes, sob rudes películas de gelo
E as mãos com dedos tortos, mortos, não carregassem nenhuma memória de calor de uma pele em gozo.
Nada afrodisíaco e eucarístico, entre o meio das pernas,
Só a lenta e insistente ausência, que verte de um olho vazio.

Talvez não haja ninhos nem bocas, em nenhuma estação próxima,
Nem gemidos em noites de lua cheia, nem cio escorrendo das corredeiras
E domingo a noite, avance o sinal das despedidas.

Um cálice de rubro vinho tinto, é o que se tem mais próximo do sangue.

Lu Genez, Curitiba, PR, é poeta, escritora… E, claro, Livre Pensadora!

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