[Já não me tem acesso a palavra alguma no léxico pragmático]

Atualizado em 20/08/2024 as 14:22:14

Já não me tem acesso a palavra alguma no léxico pragmático,
Todas morreram precipitadamente de causas cabais,
Antes mesmo que se pudesse acabar o poema,
Evaporaram-se junto a quentura do asfalto.
Talvez devesse parir os inventos para o inominável.

É que não me tens no exato verbo presente
Vivido foi o passado mais que perfeito,
De conjugações carnais e fluídicas, de escorrimentos e jorros de bençãos brancas.

Entre vozes e farras e encontros consonantais
Rimas de carne, de genitálias avarentas e esfomeadas
Consumidas nos pelos, êxtase, caos e silêncios fatais.

Sempre nos faltara o tempo para o próximo gozo,
Abandonávamos as peles, antes mesmo do seu real esfriamento.
Já não me tem acesso a nenhum gemido.
Nem aos meus lábios santos, nem ao sexo profano e libidinoso.

A verdade tem voz aguda e afiada.
Cortados os papéis e as ilusões.

Lu Genez, Curitiba, PR, é poeta, escritora… E, claro, Livre Pensadora!

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