Atualizado em: 20/08/2024, as 04:08
Todos dormem a noite
Eu não durmo nunca,
sei demais sobre os homens
Seus infernos, dores e maldições
Me pesa o travesseiro nas mentiras ditas.
A perversidade carregada no olho
Dos pobres de fé.
Trago comigo a sina de mil anos
Obriga-me demais as costas
Na curvatura de uma prece
Os joelhos reconhecem seus pecados.
Atlas, de alma andarilha
vagando sobre terras secas.
Meu choro é legítimo
sem destino de um possível
Sem acenos de esperanças
Meus ossos tortos pisam além desse chão
Donos dos seus nobres labirintos
Abismos carregados de escuridão.
A próxima noite se aproxima
Preparo-me para o breu, a insônia e a vigília
Acendo uma vela
Ainda resta um resquício de luz
na vontade de se fechar os olhos
na inundação dos vasos sanguíneos
de um só silêncio.
26\02\20