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Manifesto Contra o Politicamente Correto

Falarei agora aos leitores de mente aberta
Que tem na poesia o prazer da descoberta
Ao leitor que não aceita do poder a submissão
E considera crucial sua liberdade de expressão.

Eu falo aos que gostam das palavras ditas certas
E não temem que se escreva das formas corretas
Ponteiros de relógio girando em sentidos anti-horários
E rabos que abanam a cachorros de donos honorários.

E falo também àqueles chamados politicamente corretos
Embora deseje enfiar um enorme caralho nos seus retos
Tolos e idiotas sem cérebro dentro de cabeças de merda
Que estupidez não se aprende e ignorância não se herda.

Esqueçam mulheres de bucetas geladas e tetas quentes
E lembrem apenas de pretas peladas e de putas crentes
Não há glória sem sangue, e nem fidelidade sem traição
E nenhuma história sem dor ou liberdade sem expressão.

Há filhos sem pais, e pais que perderam a seus filhos
Que seguem num trem correndo fora dos seus trilhos
Vampiros sugando o que resta das velhas enrugadas
E soldados mortos erguendo baionetas enferrujadas.

Não há sangue que ao monstro rubro seja o bastante
Nenhuma bandeira branca em uma guerra constante
E não há velas que sejam o suficiente a tantos mortos
Que afundam os últimos barcos ancorados nos portos.

Bandeiras que mudam de cor, em mastros apodrecidos
Num barco sem rumo, a nau perdida dos adormecidos
E o que nos resta são apenas restos das suas sobras
Artistas que resistem à queima de suas últimas obras.

Pintaram de preto aquilo que não tinha cor
E coloriram de arco-íris as botas do ditador
Chamaram sujeira de arte, e merda de poesia
E depois de justiça o que era apenas hipocrisia.

Transformaram bandidos em crianças, culpados em inocentes
E colocaram sobre minhas costas um par de pesos indecentes
A culpa de algo não feito, o crime de tentar ser o pai perfeito
E o crime de tentar fazer um bem, que não pode ser desfeito.

Mudaram a cor do luto e decretaram feriado da consciência
Mas a morte não tem cor, nem sistema de cotas sua ciência
A caixa de lápis tem uma cor a menos, arco íris ficou com oito
E podes ser punido se discordar que bolacha não é o biscoito.

Agora nem Lou Reed por caminhar tranquilo do lado selvagem
Não há mais bichas nos versos, ou putas lutando com coragem
Hipocrisia maldita censurando o pensamento do poeta de papel
E nenhuma tortura sofrida em um porão foi tão covarde ou cruel.

Derrubar a fortaleza maior, o individuo e sua imensa vontade
Indivíduos são lideres, massas são lideradas, essa a verdade
E sem a individualidade não resta senão massas controladas
Até que restem apenas coletividades disformes domesticadas.

Entre na fila, pegue seu pão, nada mais existe para satisfação
Agonize em filas da saúde, morra defendendo a Constituição
E agradeça por aqueles que o direito a si mesmo te usurpam
Até que perceba que são morcegos banguelos que chupam.

Enterre um punhal no peito do seu pai, esqueça o aprendido
Mude a história, proteja a escória e gargalhe do arrependido
Que não haverá lugar onde se esconder quando isso acabar
E o fim que nunca lhe chegará será seu justo preço a pagar.

Olhe seu cérebro jogado no esgoto enquanto vomita seu rim
Há um indivíduo que te olha no espelho, e isso será o seu fim
Sem o um não existe o todos, nem o nós e nenhuma sociedade
Foi o desejo e vontade do indivíduo que evoluiu a humanidade. 

A censura, a Polícia do Pensamento, a Guardiã do Correto
É o fim da liberdade, o fim dos sonhos e o torto do que é reto
Libertaram bandidos, prenderam a justiça, mataram a infância
E ainda chamam de social o que é apenas sua cega militância.

Sua cueca está cheia de merda, a deles de dinheiro
E ainda assim chamam de camarada e companheiro
Não sei como definir sua idiotice em poucos termos
E chego a conclusão que só podem estar enfermos.

E eu, que por Barata sou chamado, por pura maldade
Ergo-me contra tudo aquilo que não me deixa saudade
“Se qualquer coisa é preconceito, nada é preconceito”
E se tudo é incorreto, nada pode estar reto ou direito.

04/07/2017

Do Livro:
Memórias Arrependidas de Um Poeta Sem Pudor
(Antologia Poética, de 1978 a 2025)
Barata Cichetto
Gênero: Poesia
Ano: 2025
Edição: 
Editora: BarataVerso
Páginas: 796
Tamanho: 16 × 23 × 4,04 cm
Peso: 1,2 kg

Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador

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1 Comentário
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Vinnie Blues
Vinnie Blues
05/02/2025 10:28

Mais que perfeito meu estimado brother… Cirúrgico 👏👏👏👏😎

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