Atualizado em: 23/04/2025, as 08:04
Há um ano morri e nem lembro bem quando foi o funeral
Mas sei que em meu cortejo não tinha soldado ou general
Pastor, poeta, prostituta ou político, não tinha mesmo ninguém
Então meu cadáver ficou apodrecendo sem incomodar alguém.
Ninguém a enterrar meu corpo, ninguém a sepultar minha dor
Então meu caixão não seria carregado nos ombros num andor
Feito um santo ou feito um rei, porque eu nunca fui nem serei
Sem glórias nem histórias, apenas amado foi aquilo que esperei.
Descobri quando morri, que eu era insepulto enquanto morto
Foi quando descobri o quanto eu era inseguro enquanto porto
Deixaram então que baratas passeassem em minha mortalha
Sem jogar minhas carnes mortas às chamas de uma fornalha.
Mas ergo agora da urna funerária minhas carnes mortas
Rasgo a mortalha, arrebento a tampa, quebro as portas
Há um ano inteiro fui morto com instintos de crueldade
Agora caminho torto e não tenho nem dó nem piedade.
Não arrasto correntes, nem trinco meus dentes
Quero apenas beijar de língua putas sorridentes
Afinal estou morto, e mortos eles não maculam
Mortos apenas gozam, mas mortos não ejaculam
Mortos não sentem dor, mas podem causar ferimentos
Eu não quero ferir ninguém, apenas rasgar sentimentos
Não quero tornar a morrer, quero foder putas gostosas
Mas retirem de mim a lagarta, o escorpião e estas rosas.
27/11/2006
Memórias Arrependidas de Um Poeta Sem Pudor
(Antologia Poética, de 1978 a 2025)
Barata Cichetto
Gênero: Poesia
Ano: 2025
Edição: 4ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 876
Impressão: Papel Pólen 80g
Capa: Dura
Tamanho: 16 × 23 × 5,2 cm
Peso: 1,50
Brindes Incluídos:
2 Marca-páginas da Poetura Editorial;
1 Marca-página BarataVerso em couro, feito pela Cerne, de Rancharia, SP;
2 Adesivos do BarataVerso;
2 Adesivos da Poetura Editorial.
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.