Atualizado em 28/07/2024 as 11:26:31
Pierre Boulez (França) vem diretamente como aluno da escola de Webern (Áustria), mas difere do seu mestre pela associação entre literatura e música, via Stéphane Mallarmé, pela aproximação com a música popular, via Frank Zappa, músicos de jazz e outros, e pelo constante exercício da crítica, por meio dos numerosos ensaios e artigos que escreveu.
Podemos dizer que Boulez é a última e decisiva etapa do dodecafonismo.
Inclusive porque exerceu o papel de principal organizador e divulgador das obras dos três principais mestres do movimento: Schöenberg, Webern e Alban Berg.
Fez novos arranjos e regeu várias apresentações das obras dos três e as registrou em produção discográfica. Não fosse Boulez, muitas de suas peças estariam restritas às partituras.
Inicialmente o compositor francês estudou matemática em Lyon, antes de se dedicar à música no Conservatório de Paris, sob a supervisão de Olivier Messiaen (1908-1997).
Estudou dodecafonismo com René Leibowitz e continuou a escrever música atonal num estilo serial pós-weberiano. Em 1948, compôs a Segunda sonata para piano, uma obra de 32 minutos. A partir daí, sua produção convergiu para o serialismo.
Estendeu a técnica dodecafônica para além do universo da organização do timbre, durações serializadas, dinâmica da música, acentos e assim por diante.
Boulez se tornou um dos líderes filosóficos dos movimentos de vanguarda pós-guerra nas artes, em favor de maior abstração e experimentação.
Muitos companheiros de geração de Boulez ensinaram na Escola de Verão de Nova Música em Darmstadt, Alemanha.
Os assim chamados compositores da Escola de Darmstadt foram fundamentais para criar um estilo que, por algum tempo, serviu como antídoto para a música de fervor nacionalista.
São todos internacionalistas, cosmopolitas. John Cage foi um dos que se formaram por lá. Assim como o brasileiro Rogério Duprat e Stockhausen. Óbviamente nos anos 60 e 70 toda esta escolástica musical vai desembocar diretamente no Krautrock e na Avantgarde Music (Rock In Opposition) e idem no Progressive Rock.
Entre as obras serialistas de Boulez estão incluídas Polyphonie X (1951), para 18 instrumentos, e Structures I & II, para dois pianos.
Eu mesmo fiz uma reinvenção compondo e tocando nas “pausas” da Sonata n. 1 (Structure I) de Boulez. Segue aqui minha versão no Youtube.
Amyr Cantúsio Jr. – Campinas, SP. Músico, Compositor, Pianista, Produtor e Gestor Cultural, Técnico em Fortran & Cobol, Musicoterapeuta em Neurociencia. Livre Pensador.