Notícia | Por Que o Brasil Tem Preconceito Contra a Iniciativa Privada?

Atualizado em: 22/07/2024, as 08:07

Tiago Antoniolli
15/05/2024 08:02
“Ainda não superamos no Brasil o preconceito contra a iniciativa privada”, declarou Luís Roberto Barroso, presidente do STF, em abril deste ano. Barroso também disse que “nós ainda somos viciados em Estado”. A frase faz referência a uma tensão histórica entre o Estado brasileiro e os empreendedores, um conflito que remonta ao passado imperial, além de refletir um contraste marcante com nações mais exitosas quando o assunto é industrialização e empreendedorismo, como os Estados Unidos.

Isso fica evidente quando comparamos a vida de Irineu Evangelista de Sousa (o Barão de Mauá) e Robert Morris (um dos Founding Fathers americanos). Ambos compartilharam inícios de vida similares e desafiadores, ambos marcados por origens humildes, abandono dos pais e a necessidade de trabalhar desde a infância. Mauá iniciou sua carreira aos 11 anos de idade, enquanto Morris, aos 13. Os dois emergiram como figuras centrais no comércio de seus respectivos países, construindo vastos impérios empresariais que influenciaram fortemente as respectivas economias e desenvolvimento de suas nações. Suas interações com os governos de seus países, todavia, seguiram caminhos opostos.

Mauá foi uma força motriz na industrialização do Brasil no século XIX, criando empresas nos setores metalúrgico, de transporte ferroviário e fluvial, bancário, de iluminação pública, de comércio internacional e agrícola. Apesar de apelidado de “Empresário do Império” pelo autor de sua biografia, Jorge Caldeira, Mauá sofreu nas mãos da elite aristocrática que governava o Império brasileiro na época, em especial do próprio imperador Dom Pedro II.

Legislação e regulação adversas, restrições a investimento estrangeiro em sua firma e favorecimento a concorrentes aliados politicamente ao imperador foram apenas alguns dos obstáculos colocados pelo Império no caminho de Mauá, mas não foram os principais. Dentre os maiores ataques contra o empreendedor se destacam a estatização do Banco do Brasil e a indecorosa concorrência de Dom Pedro II às linhas ferroviárias de Mauá.

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Genecy de Souza
Genecy de Souza
15/05/2024 22:10

Desconfio que esse preconceito não vai acabar tão cedo, pois a ilusão do Estado que tudo pode, tudo vê, tudo sabe, está muito arraigada na cultura brasileira. Ou seja: é o Deus-Estado que é alimentado geração a geração. O resultado é um país que dá dois passos para a frente e um para trás.

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