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Nú Sai do Ventre da Minha Mãe, Nú Voltarei

Na cidade, onde os edifícios se erguiam como gigantes de vidro e aço, havia um distrito antigo, um reduto de memória e mistério. Ali, entre as vielas de pedras desgastadas, morava uma jovem. Desde pequena, Sentia uma ligação profunda com o passado, um passado que parecia pulsar sob suas solas quando caminhava pelas ruas de sua cidade natal.

Certa manhã, ao limpar o sótão da velha casa de sua família, Encontrou um baú antigo. Ao abrir o baú, ela descobriu um manto de seda, incrivelmente suave ao toque, com padrões bordados que lembravam constelações. Junto ao manto, havia um pergaminho envelhecido, onde se lia: “Nú sai do ventre da minha mãe, nú voltarei.”

Intrigada pela mensagem, decidiu investigar sua origem. Ela procurou um ancião conhecido por suas histórias sobre os tempos antigos. O ancião, ao ver o manto e ler o pergaminho, contou-lhe uma lenda esquecida.

Disse ele que, há muitos séculos, Aqui era uma cidade mágica, onde o tempo e o espaço eram maleáveis. Os cidadãos podiam viajar pelas memórias e vivenciar os momentos mais significativos de suas vidas e de seus antepassados. O manto que Ela encontrara era uma peça rara, um artefato criado pelos Mestres do Tempo, que permitia ao usuário viajar de volta ao momento de seu nascimento para compreender a essência pura da vida.

Determinada a descobrir mais sobre si mesma e sua linhagem, vestiu o manto. Ao recitar a frase do pergaminho, sentiu-se envolta por uma luz suave e acolhedora. Quando a luz dissipou, ela se viu em um lugar etéreo, uma representação simbólica do útero materno. Sentia-se protegida, como se estivesse envolvida por todas as experiências e memórias de sua mãe e dos ancestrais antes dela.

Viu, através de visões vívidas, momentos de coragem, amor e sacrifício que moldaram sua família e, por extensão, a própria cidade. Cada visão era um fio do vasto tecido da vida, interligando-se para formar a complexidade de sua existência. Compreendeu que, embora todos nascessem nus e vulneráveis, carregavam consigo um legado de resiliência e esperança.

Ao emergir da experiência, Se sentia renovada. Percebeu que a mensagem do pergaminho era mais que uma frase enigmática; era uma verdade universal sobre a fragilidade e a força inerentes à condição humana. Ela agora entendia que sua missão era preservar e compartilhar essas histórias, para que outros também pudessem encontrar força nas raízes de sua própria existência.

Com o manto guardado com carinho, Passou a contar as histórias de sua linhagem e da cidade, lembrando a todos que, assim como nasceram nus, com nada além de potencial e esperança, também um dia retornariam ao ciclo eterno da vida, levando consigo o legado de suas jornadas.

Renato Pittas, Rio de Janeiro, RJ, é artista plástico, poeta, escritor e Livre Pensador. Autor de Tagarelices: Conversas Fiadas Com as IAs.

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