Atualizado em: 28/07/2024, as 12:07
Quando eu era criança havia uma série de televisão chamada “O Túnel do Tempo”, eu não perdia um único capítulo sequer. Essa série era semanal, tinha um capítulo por semana, eu ficava alucinado querendo assistir a mais de um capítulo na mesma noite, mas invariavelmente eu tinha que esperar pela semana seguinte para assistir outro episódio.
Naquela época não havia Netflix, ou YouTube, ou qualquer outro modo de você poder assistir ao que quisesse a hora que desejasse, naquela época você tinha um tempo certo e definido para assistir as coisas. Mas eu acho que, de certa forma, isso conferia mais “sabor” às elas, não havia como saturar nossas mentes com “maratonas” infindáveis, as quais depois de assisti-las se perde todo o interesse.
Mas, voltando ao seriado, ele foi filmado na década de 60, e realizado por um dos grandes gênios das séries: Irwin Allen. Esse grande diretor e produtor de televisão e cinema criou várias outras séries de enorme sucesso na televisão, além deste que estamos focando, tais como:
— Viagem ao Fundo do Mar (1964-1968)
— Perdidos no Espaço (1965-1968)
— Terra de Gigantes (1968-1970).
Claro que eu assistia a todas essas séries.
A série “Túnel do Tempo” mostrava as viagens no tempo de dois cientistas, os quais eram monitorados por uma equipe que permanecia no laboratório e os acompanhavam em suas deslocações no tempo através de imagens que eles recebiam numa máquina cheia de círculos (o túnel do tempo).
Esses cientistas foram transportados para outro tempo de forma acidental, sendo que a máquina ainda não estava pronta para isso, então a série nos traz as tentativas da equipe em tentar trazê-los de volta ao presente.
Irwin Allen veio a desencarnar em dois de novembro de um mil novecentos e noventa e um, com a idade de setenta e cinco anos. Ali ele fez a sua viagem, não sei se pelo Túnel do Tempo.
Essa série sempre me deixava intrigado com a possibilidade de se viajar pelo tempo, eu ficava imaginando a possibilidade de se poder viajar para o passado e vivenciar as coisas que “lá” aconteceram.
Tempos depois eu li um livro chamado “Operação Cavalo de Troia” escrito por J.J. Benitez, e aí a minha mente ficou ainda mais confusa e perplexa, mas pendendo para possibilidade de que isso pudesse ocorrer de verdade.
O livro de Benitez era muito convincente nisso, pois ele dizia que os relatos ali feitos eram reais, descritos por um Oficial da Força Aérea dos Estados Unidos sobre uma missão, claro, sigilosa na qual um módulo chamado “O Berço” é levado ao passado com o propósito de comprovar a existência de Jesus Cristo. Essa missão era chamada “Operação Cavalo de Troia”.
Aqui faço uma observação de que existem inúmeros outros filmes e livros que contam sobre jornadas para outros tempos, tanto futuro como passado, como “A Máquina do Tempo” de H.G. Wells, “O Fim da Eternidade” de Isaac Asimov, “Chronos: viajantes do tempo” de Rysa Walker, “Uma dobra no tempo” de Madeleine L’Engle, “A Sombra Vinda do Tempo” de H. P. Lovecraft e muitos outros livros.
Quem nunca assistiu o clássico “De Volta para o Futuro”? Ou a Série “Dr. Who”? Então, temos bastante material para aguçar a nossa curiosidade e nos incitar a busca de entendermos como isso acontece, se é que acontece!
Eu me recordo claramente da ansiedade de que fui tomado e que me levou a estudar tudo que se referisse a isso, claro que a “Teoria Geral da Relatividade” de Albert Einstein foi a primeira que eu procurei estudar o tanto quanto pude. As teorias de Einstein sempre me deixaram ansioso por entendê-las, eu queria muito “penetrar” na mente desse “ser” espetacular, de uma mente com um poder de abstração inimaginável para mim.
Einstein dizia:
“Se você quer que seus filhos sejam espertos, leia os contos de fada; se quer que eles sejam mais inteligentes, leia mais contos de fadas. Quando examino a mim mesmo e meus métodos de pensar, chego à conclusão de que o dom da fantasia significava mais para mim do que qualquer talento do pensamento abstrato e positivo.”
Isso é fantástico! Mas como se isso não bastasse ele complementava:
“Os problemas significativos com que nos deparamos não podem ser resolvidos no mesmo estado de consciência em que estávamos quando os criamos.”
Ou seja: ele nos diz que para solucionarmos os problemas temos que estudar mais!
Mas, voltando ao meu desejo de poder “viajar pelo tempo” digo que isso ocorreu numa época de minha vida mais, digamos, romântica, pela qual eu passava, eu era um adolescente entusiasmado com novidades e ideias revolucionárias (do ponto de vista estritamente científico, quero deixar isso bem claro).
Passado esse tempo, e principalmente depois que eu soube que o livro de Benitez não passava de uma mentira, esse ímpeto foi refreado, mas jamais saiu de minha mente por ter sido muito marcante.
Hoje sabemos que as viagens no tempo são muito improváveis, essa crença se deve a aplicação na prática da Navalha de Occam (um princípio de investigação científica que diz que para o mesmo conjunto de fatos, deve-se optar pela mais simples delas, e por “mais simples” entende-se aquela que contiver o menor número possível de variáveis e hipóteses com relações lógicas entre si).
Stephen Hawking teria sugerido que a ausência de turistas vindos do futuro é um excelente argumento contra a existência de viagens no tempo, mas por outro lado, nós podemos fazer parte de uma realidade que não converge para um futuro onde haja viagens no tempo, por isso não vemos os tais “turistas temporais”.
Uma outra hipótese é a de que, aceitando as ponderações de Stephen Hawking, a máquina do tempo ainda não foi inventada e os turistas só podem retroceder no tempo até a data da ativação de tal máquina.
Mas a Teoria Geral da Relatividade de Einstein contém algumas soluções que permitem viagens no tempo, porém apenas para o futuro (será que Robert Zemeckis descobriu a máquina que viabiliza isso?).
Interessante que essa “solução” também foi encontrada por Kurt Godel (este cientista resolveu tentar solucionar o Paradoxo Einstein-Podolski-Rosen e chegou a várias conclusões, uma das quais ele diz que nós todos estamos “interconectados” no universo todo, que nada passa em algum corpo que não expresse efeitos em nós! Parece louco, mas os estudos dele são bastante interessantes).
Mas algumas dessas “soluções” exigem que o universo tenha características que não parece ter. Se fosse possível viajar mais rápido que a Luz, então, de acordo com a relatividade, as viagens no tempo seriam possíveis (aliás esta discussão é que gerou o tal paradoxo). Mas eu pergunto: o que é o tempo? Com o que ele se parece? A maioria das pessoas o veem como uma linha reta que dura para sempre. Outras o veem como uma espiral que dá voltas e mais voltas sem parar.
E agora? Quem está certo?
O tempo parece ser uma questão subentendida por todos: ele é o que é. Mas quando os cientistas falam sobre temas como física do espaço, dimensões a coisa fica muito séria! Mas, claramente nós temos a noção de que o tempo é uma sucessão de anos, dias, semanas, horas, minutos, etc.
Podemos dizer também que ele é um momento, ou uma ocasião para que as coisas se realizem, ou seja, o tempo está sempre relacionado à duração dos fatos.
Existem várias teorias que explicam o que é o tempo, existe a definição de Aristóteles, de Santo Agostinho, de Mc Taggart, existe a definição de tempo tomando-se por base o Meridiano de Greenwich, e outras tantas.
Do ponto de vista científico o tempo é a grandeza física que permite medir a duração de coisas sujeitas a alterações, com isso ela permite que possamos ordenar os eventos em sequencias, estabelecendo um passado, um presente e um futuro.
A ideia de passado, presente e futuro diz respeito a um tempo singular, ocorrendo somente uma única vez. Ou seja, uma pessoa vivencia uma situação agora, no entanto não a sente, uma vez que ela se tornou algo do passado.
Maluco isto não? Nestas horas o filme Matrix sempre volta à minha mente! Por isso podemos dizer que o futuro não existe. Pois quando ele chega se torna o presente!
Uma declaração feita por Einstein foi que a diferença em ter passado presente e futuro trata-se de “uma ilusão”, ou seja, estas três etapas se tratam de projeções mentais, existem apenas na consciência humana. Olha o Matrix de novo aqui.
Ainda segundo Einstein, o tempo e o espaço são independentes, sendo o tempo um fluxo infinito de movimentos e de mudanças. Mas na verdade percebemos mesmo que ainda não nos foi possível encontrar uma teoria única que defina o que é realmente o tempo, ele pode ser relativo e significar coisas completamente diferentes para cada indivíduo. E isso é algo que devemos nos atentar com toda a nossa força: ele pode ter significados diferentes para cada um de nós!
Cada um de nós tem o “seu tempo”. E respeitar isso pode evitar muitos problemas.
Cada pessoa tem um tempo para descobrir coisas sobre si mesmo, sobre as outras pessoas, sobre o mundo e até sobre Deus. Muitas vezes reagimos de forma diferente, em tempos diferentes, em formatos diferentes, muitas vezes esses “nossos tempos” entram em conflito com os “tempos” de outras pessoas, aí muitas vezes sai até faíscas.
O que pensar dos tempos de hoje? O que pensar em tudo o que se passa no mundo?
Das mudanças, muitas vezes impostas a força, dos novos desafios num mundo cuja realidade está obscurecida por nuvens, parecendo que há algo por detrás de tudo tentando nos levar para caminhos não muito suaves. O que pensar da falta de tempo para viver?
Sim, porque muita gente vive para o trabalho! Essas pessoas dizem que trabalham para ter uma vida melhor, mas como isso é possível se passam quase o tempo todo no trabalho? Essas pessoas adotam o trabalho como a base para a vida, relevando a vida pessoal para o resto do que sobra. Mas nunca temos tempo para tudo, às vezes eu ouço: parece que o tempo “encurtou”! Pois é, mas o dia continua tendo vinte e quatro horas.
Não será que ao invés de acharmos que o dia encurtou, na realidade, nós é que acabamos “recheando” mais o nosso dia com outros afazeres? Serão todos necessários? Discussão difícil e infrutífera esta.
Essas pessoas irão desfrutar do resultado de seu trabalho quando tiver oitenta anos, numa cadeira de rodas e com dores por todo o corpo. Belo desfrute! Então é hora de reorganizarmos o nosso tempo, e termos mais tempo para viver.
O ano se encerra, um ano difícil para todos nós, incompreensível até em certos aspectos.
O ano que surge parece que não vem carregado dos melhores augúrios, nuvens escuras parecem esconder o que vem por ele.
Este seria um bom tempo para refletirmos sobre a nossa vida, sobre o que fazemos com ela, e o que fazemos com ela para os outros que estão ao nosso lado e que nos amam.
Talvez seja o momento de entendermos que é hora de darmos um “tempo”, irmos mais devagar com os desgastes, termos mais compreensão com os outros e abrirmos mais o nosso coração para aqueles que nos cercam e que nos desejam o bem.
É tempo de abraçarmos mais, darmos mais beijos, desejar mais “bons dias” a quem cruze em nosso caminho, é tempo de sermos mais indulgentes e carinhosos com os demais.
É tempo de ficarmos mais em casa com a nossa família (e aqui eu não falo da tal “pandemia”, que deveria ser sazonal, mas parece que será, por mais incrível que pareça, perene ao sabor sabe se lá de quê!), e ver que as pessoas que ali estão são maravilhosas, divertidas, e que nos amam muito.
Quando os corações falam entre si o amor acende uma chama muito intensa dentro de nós, então essa força criativa faz surgir uma Luz Divina sobre nossas cabeças fazendo com que a nossa Alma se rejubile, melhorando a nossa visão e o nosso raciocínio, adoçando a nossa jornada, nem sempre muito fácil.
Do Livro:
Crônicas de Uma Alma Perplexa
Walter Possibom, São Paulo, SP é autor de Um Brilho nas Sombras e Quando os Ventos Sopram na Pradaria. É editor dos Blogs Planet Caravan e Walter Possibom Escritor, e além de músico, Livre Pensador.
Quando criança eu também entrava naquele Túnel do Tempo do Irwin Allen, afinal de contas eu queria estar literalmente dentro de um fato histórico. Depois que entrei na idade adulta, decidi que só voltaria no tempo se fosse para mudar alguma coisa capaz de alterar o rumo da história.
Parabéns pelo texto.