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Opera Mundi — Cyber Gods, Under Jolly Roger

“Chegando à noite
A minha alma se aquieta,
O silêncio paira na madrugada,
O desejo consome o meu corpo.”
Fabiane Braga Lima

A batida na janela, acordou Esteban, assustado o motorista de aplicativo levou a mão direita até o porta-luvas e pegou a pistola de pulso eletromagnético. Esteban, cerrou os olhos marejados e então reconheceu Alejandro, que o encarava sorrindo.

— Acorda Alice! — A voz do investigado Alejandro, explodiu nos alto-falantes do carro de passeio.

Esteban levou a mão até o volante do carro de aplicativo e abriu a porta traseira. Alejandro, rapidamente adentrou no carro e Esteban baixou o vidro blindado de segurança.

— Dormindo em serviço secreta? — Perguntou Alejandro para o agente infiltrado.

— Para onde vamos chefia? — Perguntou Esteban, o agente infiltrado.

— Para lugar nenhum! — Disse o investigador de primeira classe, que levou a mão até a manopla e um pulso magnético cobriu um perímetro de trinta metros do veículo de praça. Estavam a poucos metros do hotel barato de longa estadia, na zona portuária.

— O que houve aqui, há um mês, que não está nos registros oficiais? — Perguntou Alejandro e continuou — E antes de mais nada eu tenho carta branco, do alto-comando!

— Se estás dizendo, então eu não quero que o eu vou dizer apareça nos seus relatórios, pelo menos não o meu nome. — Falou o apreensivo Esteban.

— Não haverá registo oficial, meu querido! — Sentenciou Alejandro.

— Pois bem, há exatos um mês, a unidade de elite dos pretorianos estava aqui no perímetro, estavam fazendo um exercício, eles estavam testando uns novos exoesqueletos. Dois novos trajes, uma mais leve para resgate de reféns e outra de ataques e confrontos diretos. Estavam testando as novas unidades, justamente aqui na zona portuária.

— Uma operação secreta e não oficial! — Falou Alejandro, interessado no rumo da conversa.

— Pois bem, as unidades foram atacadas de forma avassaladora! — Disse Esteban — Por acaso a Carmen está gravando? — Perguntou o policial infiltrado.

— Carmen está dormindo, meu bom amigo! — Respondeu o investigador.

— À moda antiga então, pois bem, eram oito unidades, quatro unidades leves e quatro pesadas e de repente, quando as estavam em plena atividade os exoesqueletos, simplesmente pararam de funcionar. Simultaneamente foram aos chãos enquanto invadiam os aparelhos dos criminosos.

— Morreram? — Perguntou o incrédulo investigador.

— Foi um banho de sangue, a bem da verdade, mas dos criminosos, a unidades dos pretorianos, encontraram os criminosos todos mortos de forma cruel. Assim que invadiram os aparatos.

— Como encobriram tudo isso? — Perguntou Alejandro.

— Colocaram na conta de quadrilhas rivais e a coisa toda ainda está em investigação, mas não me interrompa mais. E não, os pretorianos desmaiaram, depois de um pulso magnético cobriu a zona portuária, foi uma queda de energia foi registrado. E os nossos bons amigos, da elite da elite da tropa, simplesmente desmaiaram e os exoesqueletos estavam desenergizados e os dados apagados. Os oitos pretorianos entraram em coma e acordaram aos poucos horas e dias depois e com as memórias recentes apagadas.

— Que história estranha! Só isto? — Perguntou Alejandro.

— Muito mesmo! E ninguém, surgiu depois deste lamentável acidente! — Falou Esteban.

— Muito obrigado secreta, agora vamos! Liga está banheira e vamos para o entorno da universidade. — Ordenou o investigador

Minutos depois Alejandro desembarcou em frente ao Clube Navarro, em frente da universidade local, o investigador de primeira classe, foi mergulhado de velhas lembranças, de quando estudava na universidade, frequentou muito os bares do entorno da universidade. E o Clube Cultural Navarro, era onde os intelectuais, artistas, escritores, professores e alunos, se reuniam em peso. A tônica eram apresentações culturais, lançamentos de livros e jogos, revistas, debates acalorados, torneios de xadrez e jogos de tabuleiros afins.

Alejandro percebeu a movimentação sui generis, eram homens mulheres de várias idades e etnias fantasiados de piratas e trajes europeus do século XVIII, estavam com canecas em mão, bebendo vinho e rum. Riam a conversavam alto, animadamente, o investigador Alejandro calculou que era a noite de RPG, Role-Playing Game, a noite de jogos de interpretações de papéis. Outras figuras estavam travestidas de monges, de fadas, policiais e detetives, a maioria em homens negros e mulheres negras que ali estavam.

Ao entrar no lugar, que estava lotado, o investigador de primeira classe procurou Ricardo, o gerente e dono do Clube Navarro. O homem negro de baixa estatura, um respeitado professor aposentado de sociologia e história estava sempre onde estava, por detrás do balcão atentando os clientes. Ao ir ao encontro do mestre e amigo, Alejandro se acotovelou entre a clientela do Clube.

— Seu canalha, veio me prender? — Falou alto Ricardo ao ver o ex-aluno e amigo.

Alejandro sorriu e ergueu a mão para saudar o bom amigo.

Argumento de Samuel da Costa, poetisa, contista, cronista e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

Clarisse Cristal é bibliotecária, contista, novelista, poetisa, cronista e crítica literária.

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