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Por Quê a Direita Não Sabe o Que é Política e Faz Apenas Politicagem?

A resposta curta e resumida é: porque a direita se recusa a estudar e a se inspirar nos fundamentos da política ocidental (as teorias políticas e éticas de Sócrates, Platão e Aristóteles) e a aplicar a sua melhor versão atualizada e adaptada à nossa contemporaneidade (no capitalismo e no individualismo expressos no Objetivismo de Ayn Rand). A direita prefere ignorar tudo isso e fundamentar seu pensamento na Bíblia e nos autores conservadores cristãos (de Edmund Burke a Olavo de Carvalho), que consideram o medievalismo coletivista altruísta cristão, o ápice da cultura e da política ocidental. O resultado: a direita se torna um movimento mais religioso do que político, e portanto, predominantemente simbólico e sem bases racionais sólidas que proponham uma cultura e um modelo político compatível aos nossos tempos. Ela insiste em querer aplicar os ideais políticos e culturais medievais, mas como na prática, eles não são possíveis e compatíveis com o nosso tempo, resta a ela se desesperar e recorrer a um golpe militar, aplicando estes ideais à força. Mas como isso também não irá acontecer, sobra a ela ficar se lamentando, reclamando e fazendo fofoquinhas e contrastes entre o nosso “Messias” cristão, militar e nacionalista e o molusco de 9 tentáculos. A frustação de falhar miseravelmente em alcançar qualquer coisa relevante, tanto no âmbito político propriamente dito quanto no cultural, leva o direitista a se refugiar na nostalgia (“como no nosso tempo as coisas eram melhores, como as coisas estão ruins, mas não há o que fazer, essa geração está toda perdida”) e na comédia (ficar ridicularizando e denunciando a esquerda, que todo mundo sabe há séculos, é ridícula e criminosa por si mesma).

A situação é tão absurda e é necessário falar tantas obviedades, que deveriam ser senso-comum na direita, que minha resposta “curta e resumida” acabou ficando um pouco grande. Mas mesmo tentando resumir a questão, sinto que preciso sempre entrar em detalhes e ser o mais didático possível, porque a direita mundial (e a direita brasileira consegue ser pior que a maioria dos outros países, algo que o Brasil das últimas décadas parece ter se tornado especialista, ser sempre o melhor em ser o pior de todos) está completamente perdida e está escolhendo trilhar o caminho à esquerda: do altruísmo, do coletivismo e da fé irracional ao invés do caminho à direita: do egoísmo, do individualismo e da racionalidade. E sim, socialismo e cristianismo compartilham dessas três características à esquerda, a única diferença entre ambos é que o coletivismo cristão não é político, mas ético e espiritual; e a fé irracional socialista não é baseada em revelações sobrenaturais irracionais, mas em argumentos que tentam ser racionais, mas são irracionais.

Mas chega de falarmos do problema, falemos da solução. Quais são os fundamentos racionais que embasam o caminho à direita? Sendo bem direto e literal, LEIAM: “A República” de Platão, a “Política” e a “Ética a Nicômaco” de Aristóteles e “A Virtude do Egoísmo” de Ayn Rand. “Mas por que diabos você está sendo tão específico em indicar essses quatro livros?”. Simples: Sócrates, Platão e Aristóteles são as fundações do pensamento ocidental. Sócrates não deixou escritos, por isso não posso indicar qualquer obra dele, mas sua vida, morte e pensamentos basicamente iniciaram e inspiraram a Filosofia grega clássica, principalmente seu discípulo, Platão, que é provavelmente o maior e mais importante filósofo da História da Humanidade (cito e concordo com Alfred N. Whitehead: “A definição mais precisa da Filosofia Ocidental é a de que ela não passa de uma sucessão de notas de rodapé da obra de Platão” e a razão disso, é porque basicamente as obras de Platão são os primeiros e mais completos escritos a discorrerem profundamente sobre praticamente todos os temas mais relevantes da Filosofia). Aristóteles, por sua vez, discípulo de Platão, vai basicamente defender as mesmas ideias e ideais, mas com uma pegada mais técnica, direta, sistemática e realista. Já a Ayn Rand, que considera Aristóteles o maior filósofo da História, pode muito bem ser considerada como sua discípula, visto o Objetivismo seguir de maneira muito evidente uma metodologia e uma linguagem muito similar à de Aristóteles. Rand não apenas dá continuidade na fundamentação racional, filosófica e objetiva dos três grandes fundadores do Pensamento Ocidental, como também os aplica no contexto socioeconômico contemporâneo industrial. Em suma, em “A Virtude do Egoísmo”, temos os fundamentos filosóficos, sociológicos, éticos e econômicos baseados na mais alta e sólida filosofia política criada pela humanidade (na filosofia, racionalidade e ética da grécia clássica) sobre o que deve ser a direita hoje, para ser uma real oposição à atual ditadura esquerdista. E toda fundamentação dela é puramente racional, não depende de nenhuma fé, intuição sobrenatural ou crença irracional, ou seja, é a melhor maneira de unir as diferentes direitas, independente de suas crenças e fés particulares.

Muitos reclamam da falta de união entre os movimentos e pessoas de direita, em oposição à união natural e bem organizada da esquerda. A maioria acha que o problema é uma questão emocional ou falta de costume, e não é. O problema é que a estrutura de valores e a fundamentação filosófica, ética e política da direita é tão inconsistente, que é impossível juntar as diferentes direitas num só corpo e movimento, quando a situação exige isso. Se estas obras, que são o fundamento do pensamento ocidental (Sócrates, Platão e Aristóteles) e a melhor fundamentação filosófica para a formação da direita contemporânea (Ayn Rand), fossem senso comum dentre os grupos de direita, a união simplesmente seria natural, exatamente como é com a esquerda. Apesar de eles (a esquerda) terem divergências em detalhes entre seus diferentes grupos, há uma espinha dorsal base que todos concordam. É por isso que eles conseguem se unir quando é do interesse de todos eles. Nós, como não temos essa base filosófica sólida, dependemos de ter como base e referência, políticos e líderes religiosos como símbolos de nosso movimento político-cultural. É por isso que a direita nunca discute ideias ou evoluiu filosoficamente, fica apenas em fofocas sobre políticos e lideranças políticas e religiosas. E essa é a razão dela não conseguir fazer política, apenas políticagem. Votos, cargos políticos e mesmo aprovações de leis, são a “ponta do iceberg” na política, ou seja, é a politicagem, a superfície; o corpo real do iceberg, ou seja, a real política, são os valores, a mentalidade e a alma dos cidadãos de uma sociedade e a expressão cultural deles reverberando na arte, nos jornais, livros e escolas. Isso, a direita não começou nem a engatinhar ainda, por enquanto. Ficamos apenas tentando eleger políticos que não vão conseguir fazer nada, de fato, para mudar a sociedade. A cultura de uma sociedade determina as suas leis e não contrário. É por isso que a cultura, a longo prazo, é muito mais importante que eleger políticos e criar ou vetar leis. Mas enquanto a direita não entende isso, o que nos resta é ficar fazendo fofoquinhas e repassando memes de políticos que fizeram isso ou deixaram de fazer aquilo, para sentirmos que pelo menos estamos fazendo alguma coisa.

02/08/2024

Prometheu Jr., nascido em um dia qualquer no final do século XX, é um escritor e filósofo brasileiro. Doutor em Filosofia e Psicologia. Possui apenas um livro: “Marxismo: O Irmão Gêmeo do Mal do Cristianismo”. É também um Livre Pensador.

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