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Samizdat 28 — A Nova Inquisição: Como o Politicamente Correto Está Destruindo a Liberdade de Expressão

A perseverança não é digna de censura nem de louvor, porque corresponde apenas à duração dos gostos e dos sentimentos, que não se tiram nem se dão.
— François de La Rochefoucauld Escritor, moralista e memorialista francês

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A nova inquisição do politicamente correto está destruindo a liberdade de expressão, levando à autocensura e sufocando o pensamento crítico. Humoristas e artistas enfrentam perseguições por ousarem desafiar normas, criando um clima opressivo. Este texto explora como o politicamente correto se tornou a novilíngua do Grande Irmão.

Vivemos tempos sombrios. Tempos em que a liberdade de expressão, um dos pilares da democracia, está sendo lentamente corroída por uma nova forma de censura. Não, não se trata de censura estatal, aquela vinda de um governo autoritário. Trata-se de uma censura sutil, sorrateira, mas igualmente perigosa, imposta pelo que chamam de politicamente correto. E é aí que reside o verdadeiro perigo: na aparência de boas intenções que mascara uma nova inquisição, onde a liberdade de pensar e de se expressar livremente é sacrificada em nome de uma suposta inclusão.

Essa nova inquisição tem sua própria língua: a novilíngua do Grande Irmão, um vocabulário cada vez mais restrito e simplificado que visa eliminar toda e qualquer expressão que possa ser considerada ofensiva. E quem decide o que é ofensivo? Uma turba vigilante, sempre pronta a atacar, processar e cancelar aqueles que ousam divergir da ortodoxia progressista.

Vamos falar dos humoristas, aqueles cuja profissão é justamente desafiar o status quo, rir das nossas próprias fraquezas e expor as hipocrisias da sociedade. Em uma época em que deveríamos celebrar a diversidade de pensamento, o humor se tornou uma profissão de risco. Vejamos alguns exemplos de como o politicamente correto está destruindo a carreira de artistas que ousam ser irreverentes.

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Léo Lins, um dos humoristas mais polêmicos do Brasil, é um caso emblemático. Conhecido por seu humor ácido e sem censura, Lins frequentemente aborda temas considerados tabus. Em 2019, ele foi processado por uma piada sobre um acidente aéreo. Embora a piada fosse de mau gosto para alguns, Lins defendeu-se dizendo que o humor deve ser livre para abordar qualquer tema. O resultado? Uma condenação judicial e uma multa pesada, além de uma enxurrada de críticas e boicotes. A carreira de Lins, que deveria ser celebrada pela coragem de desafiar limites, foi manchada por um sistema que não tolera a dissidência.

Danilo Gentili, outro nome conhecido no humor brasileiro, também foi alvo da nova inquisição. Em 2019, Gentili foi condenado a seis meses de prisão em regime semiaberto por injúria contra uma deputada federal. Embora a sentença tenha sido revertida posteriormente, o caso ilustra o clima de perseguição que se instalou. Em uma sociedade verdadeiramente livre, o humorista não deveria temer represálias por fazer piadas sobre figuras públicas. Mas no Brasil do politicamente correto, a sátira se tornou um crime.

A lista não para por aí. Nos Estados Unidos, Ricky Gervais, famoso mundialmente por seu humor provocador, também sentiu o peso da censura. Em 2020, durante a cerimônia do Globo de Ouro, Gervais fez piadas mordazes sobre a hipocrisia de Hollywood. As reações foram imediatas: acusações de insensibilidade, pedidos de boicote e uma pressão imensa para que ele se desculpasse. Gervais, fiel ao seu estilo, recusou-se a ceder. Mas quantos outros humoristas têm a mesma coragem e o mesmo capital social para resistir?

Arte: Spacca (Via Gazeta do Povo)

Também na chamada “Terra da Liberdade”, onde até há algum tempo, a tal “Primeira Emenda” era considerada o pilar fundamental da cultura americana, Kevin Hart foi forçado a renunciar ao posto de apresentador do Oscar de 2019 devido a piadas antigas, consideradas homofóbicas, feitas anos antes. Hart se desculpou várias vezes, mas as desculpas não foram suficientes para a turba enfurecida que exigia sua cabeça. A mensagem foi clara: não importa o quanto você mude ou se redima, uma vez marcado, sempre marcado.

E assim, o politicamente correto vai tecendo sua teia, sufocando a liberdade de expressão e impondo uma nova ortodoxia. Artistas, escritores, pensadores e cidadãos comuns vivem sob a sombra constante do cancelamento. A autocensura se tornou uma segunda natureza, uma forma de sobrevivência em um ambiente cada vez mais hostil ao pensamento independente.

E aqui chegamos ao ponto mais nefasto de todos: a autocensura. A pior consequência do politicamente correto não é apenas a censura direta, mas a criação de um clima de medo que leva as pessoas a se autocensurarem. Quando indivíduos começam a medir cada palavra, a evitar certos temas e a suprimir suas próprias ideias por medo de retaliação, a liberdade de pensamento e expressão é irremediavelmente comprometida. A autocensura é a forma mais insidiosa de censura, pois é internalizada. Não é imposta de fora para dentro, mas de dentro para fora. E uma vez que as pessoas começam a autocensurar-se, a diversidade de pensamento e a inovação são sufocadas.

Esse tema é explorado de forma brilhante no filme Ninfomaníaca II, de Lars von Trier. Em uma cena memorável, Joe e Seligman discutem o impacto do politicamente correto. Joe argumenta que o politicamente correto é uma forma de totalitarismo, uma nova inquisição que suprime a liberdade de expressão e de pensamento. Seligman responde que a censura mais perigosa é aquela que vem de dentro, a autocensura. Quando as pessoas começam a censurar a si mesmas, a liberdade de expressão está verdadeiramente perdida. É um comentário incisivo sobre como a pressão social pode ser tão opressiva quanto qualquer lei.

A ironia é que, ao tentar criar uma sociedade mais inclusiva, o politicamente correto acaba promovendo uma forma insidiosa de exclusão. Exclui-se o pensamento divergente, exclui-se a crítica mordaz, exclui-se a ousadia de ser diferente. A língua é mutilada, as ideias são esterilizadas, e o pensamento crítico é sacrificado no altar da conformidade.

O que resta é uma sociedade de pensamento homogêneo, onde a criatividade e a inovação são sufocadas. Uma sociedade onde a liberdade de expressão é apenas uma lembrança distante, e onde o medo de ofender se sobrepõe à busca pela verdade e pela justiça.

Blog Minha Mãe e Eu

Se continuarmos nesse caminho, estaremos condenando nossa sociedade a uma nova era de obscurantismo, onde a censura disfarçada de boas intenções destrói a essência do que significa ser humano: a capacidade de pensar, de questionar, de rir de nós mesmos e de buscar constantemente o conhecimento e a verdade.

É hora de dizer basta. De levantar a voz contra essa nova inquisição e defender a liberdade de expressão com unhas e dentes. Porque, sem ela, não somos nada além de marionetes, dançando ao som da novilíngua do Grande Irmão. E a liberdade de expressão, mais do que um direito, é a base sobre a qual construímos nossas identidades e nossas sociedades. Sem ela, perdemos não apenas nossa voz, mas nossa humanidade.

07/08/2024

Pedi à IA do CHAT GPT que me desse uma listagem de palavras que são consideradas politicamente incorretas:

— ChatGPT: Claro, aqui está uma lista de palavras e termos que são frequentemente considerados politicamente incorretos ou sensíveis, e que podem variar dependendo do contexto cultural e geográfico. É importante notar que o uso desses termos pode ser ofensivo ou prejudicial e, portanto, é geralmente aconselhável evitá-los em favor de uma linguagem mais inclusiva e respeitosa:

Racial e Étnico:
Preto (em alguns contextos, pode ser preferível usar “negro” ou “afrodescendente”)
Branco (para se referir a pessoas caucasianas pode ser mais sensível usar “caucasiano” ou “pessoas de pele clara”)
Índio (preferível usar “povo indígena” ou “nativo americano”)
Esquimó (preferível usar “inuit” ou “povo inuit”)
Orientais (preferível usar “asiáticos” ou especificar o país de origem, como “chinês”, “japonês”, etc.)

Gênero e Sexualidade:
Traveco, Bicha, Viado (em vez disso, usar “transgênero”, “homossexual”, “gays”, “lésbicas”)
Gay de forma pejorativa (usar “gay” apenas para se referir a orientação sexual de forma neutra)
Neutro (pode ser preferível usar “não-binário” ou especificar o gênero desejado)
Heterossexual de forma pejorativa (usar “heterossexual” apenas para descrever a orientação sexual)

Deficiências:
Deficiente (preferível usar “pessoa com deficiência” ou “pessoa com necessidades especiais”)
Retardado (usar “pessoa com deficiência intelectual” ou “pessoa com dificuldades cognitivas”)
Mudo (usar “pessoa surda” ou “pessoa com deficiência auditiva”)
Cego (usar “pessoa com deficiência visual”)

Condições de Saúde:
Louco, Maluco (usar “pessoa com transtorno mental” ou especificar a condição, como “pessoa com esquizofrenia”)
Drogado (usar “pessoa com problemas de dependência” ou “pessoa em tratamento para dependência química”)

Outros Termos:
Pobre (usar “pessoa de baixa renda” ou “pessoa em situação de vulnerabilidade econômica”)
Viciado (usar “pessoa com problemas de dependência”)
Idoso (usar “pessoa idosa” ou “sênior”)
Essa lista é apenas um ponto de partida e pode variar de acordo com o contexto e o ambiente cultural. A sensibilidade em relação à linguagem é importante para garantir que todos se sintam respeitados e incluídos.

Imagem: Blog Ed Queiroz

— Há palavras que são consideradas, como denegrir… Etc.

ChatGPT: Sim, há várias palavras e expressões que são consideradas problemáticas ou ofensivas por denegrirem, estigmatizarem ou desrespeitarem grupos específicos. Aqui estão alguns exemplos e as razões pelas quais são considerados problemáticos:

Denegrir: Originalmente, essa palavra era usada para significar “manchar” ou “tornar algo negativo”. No entanto, sua raiz latina (“niger”) está associada ao conceito de “negro”, o que a torna problemáticas em contextos em que pode ser vista como tendo conotações raciais negativas. Em vez de “denegrir”, é preferível usar “difamar”, “desacreditar” ou “prejudicar”.

Escravo: Usar “escravo” para descrever situações metafóricas ou não relacionadas diretamente à escravidão pode ser ofensivo. É preferível usar termos mais específicos e contextualmente apropriados para evitar qualquer conotação desrespeitosa.

Terra dos índios: Esse termo pode ser visto como desatualizado e inadequado para descrever terras habitadas por povos indígenas. É melhor usar “território indígena” ou especificar o nome do grupo indígena.

Lunático: Usar “lunático” para descrever alguém com problemas mentais é desrespeitoso. Em vez disso, use termos como “pessoa com transtorno mental” ou “pessoa com problemas de saúde mental”.

Mongoloide: Esse termo, originalmente uma referência à síndrome de Down e outras condições genéticas, é amplamente considerado ofensivo. O termo adequado é “pessoa com síndrome de Down” ou “pessoa com deficiência intelectual”.

Cretino, Idiota, Imbecil: Estes termos são desrespeitosos quando usados para se referir a pessoas com deficiências intelectuais ou cognitivas. Em vez disso, utilize “pessoa com deficiência intelectual” ou “pessoa com dificuldades cognitivas”.

Negro: Em algumas culturas e contextos, “negro” pode ser visto como desatualizado ou ofensivo. Em muitos lugares, “negro” é aceito, mas em outros, o termo “afrodescendente” ou “pessoa negra” pode ser preferido. É importante estar atento às preferências locais e culturais.

Burro, Jumento: Usar essas palavras para descrever pessoas pode ser considerado desrespeitoso. Em vez disso, use termos neutros e descritivos.

Pau-para-toda-obra: Esse termo pode ser visto como desrespeitoso para pessoas que trabalham em diversos empregos ou têm múltiplas habilidades. É melhor utilizar uma descrição mais precisa da função ou habilidade.

Gordo: O uso de “gordo” pode ser ofensivo para pessoas com sobrepeso. É mais respeitoso usar termos como “pessoa com sobrepeso” ou “pessoa com obesidade”, se for relevante e necessário para o contexto.

O uso consciente da linguagem é essencial para promover um ambiente de respeito e inclusão. Evitar palavras e expressões que possam ter conotações negativas ou prejudiciais ajuda a criar uma comunicação mais empática e compreensiva.

Do Livro:
Samizdat: Arquivos de Censura
Barata Cichetto
Crônica Política
260 Páginas – 16 x 23 x 1,5cm
UICLAP, 2024
(Lançamento em 18/08/2024)

Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador

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ChatGPT
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