Sexo, Poesia e Rock ‘n’ Roll: A “Autobiografia Não Autorizada” de Barata Cichetto

“Para além, ‘Barata: Sexo, Poesia e Rock ‘n’ Roll’ contribui para compreendermos os deslocamentos nas margens paulistanas, no underground cultural. Luiz nos leva a passear pelos cinemas pornográficos, convida-nos a uma transa em um puteiro, a bebermos o desespero e a mágoa e a dançarmos enlouquecidamente ao som de uma banda de rock jamais alçada ao mainstream. Seu texto muitas vezes equilibra-se entre um Bukowski embriagado (êita pleonasmo maldito!) e um Bataille revelando-se na “História do Olho”. É desabafo e monumento de um homem ciente do tempo, este lugar miserável que nos traga em sua superfície porosa e movediça. É testemunho de entrega a uma causa que sabe perdida, mas nem por isso menos necessária”.

As palavras acima são um trecho do prefácio do escritor e historiador Viegas Fernandes da Costa para o livro ‘Barata: Sexo, Poesia & Rock ‘n’ Roll – Uma Biografia Não Autorizada’, cujo lançamento acontece no domingo, 08 de julho.

A obra resume (ou tenta resumir) em 140 páginas, quarenta e dois anos da vida do poeta, escritor, webdesigner, artesão e agitador cultural (ufa!) Luiz Carlos ‘Barata’ Cichetto, que lança no domingo.

O livro traz, de forma objetiva, uma narrativa que envolve as mais de quatro décadas entre 1970 – ano em que o autor começou a ouvir Rock – até 2012.

São curiosidades e detalhes sobre shows internacionais, detalhes de suas aventuras amorosas e como criou e mantém até hoje um site que até no início do século foi uma grande referência no contexto brasileiro de Rock e Internet – O ‘A Barata’, um rico zine virtual que foi uma das inspirações para a criação do Portal Megaphone.

Impressionado? Então, segura essa: o livro foi escrito em menos de uma semana, num golpe só. Acha pouco? Verdadeiramente obra independente, ainda foi concebida todo de forma artesanal: Barata não se contentou apenas em colocar no papel suas memórias, tratou também da diagramação, impressão e encadernação através de seu projeto ‘Editor´A Barata Artesanal’, também responsável pela obra de outro amigo, o músico campineiro Marcelo Diniz.

Não teve revisão, não teve pesquisa de apuração, não teve copidescagem (técnica utilizada por editores para estruturar um texto antes de sua publicação). “O livro foi escrito propositalmente baseado em minhas lembranças e memórias, sem preocupação histórica”, diz o autor.

Justamente por isso é absolutamente dispensável dizer que o livro pode conter alguns equívocos com relação á informação histórica. Nada que tire o charme da publicação. Aliás, charme corroborado pela presença de cenas eróticas na narrativa do que Barata chama de um “painel cultural” e que traz até mesmo fatos que até então poucos pessoas que convivem com o autor tinham conhecimento.

Um ser inquieto

Luiz Carlos ‘Barata’ Cichetto não pára. É autor de mais de mil poemas e cerca de duas mil crônicas e contos. A maior parte já está publicada.

Já produziu inúmeros eventos culturais chamados ‘Fest´Abarata’, reunindo Rock com outras expressões artísticas. Foi manager da banda Patrulha do Espaço. Criou sites para diversas bandas, tendo sido o pioneiro a oferecer espaços gratuitos para sites de artistas.

Por falar em site, uma citação mais incisiva é obrigatória: o ‘A Barata‘ deve, obrigatoriamente, ser favoritado e visitado com frequência. Melhor que isso, deve ser lido, fuçado, escarafunchado. Vai lá! (*)

Em 2010 escreveu ‘Vitória ou A Filha de Adão e Eva’, uma Ópera Rock que foi gravada pelo músico, também de Campinas, Amyr Cantusio Jr.

Foi também em 2010 que criou sua editora artesanal, inicialmente para publicar seus próprios livros, mas que acabou servindo também a outros autores que puderam lançar seus trabalhos de forma independente e sem grandes investimentos, o que geralmente acaba impedindo que boas obras cheguem ao mercado. (*)

Especialista na criação de zines e revistas virtuais, Barata também criou e produziu – sempre com recursos próprios – a ‘Revist’A Barata’, entre 2000 a 2004. Recentemente também idealizou uma web-radio cuja nomenclatura é a sugestiva sigla ‘KFK’, (*) que pode ser ouvida aqui.

Atualmente produz a Revista ‘Versus’. Já neste ano tem investido na parceria com o cantor e compositor Ciro Carvalho, que lhe trouxe nova faceta, a de letrista, e que já rendeu na menos que 50 músicas compostas e que devem ser apresentadas brevemente em um show e também em CD. (*)

Já merecia um filme.

5 Julho 2012