Ah, a ansiedade! Esse monstro invisível que nos empurra para a borda do precipício, onde o chão parece ceder a cada passo. Para mim, a ansiedade não é apenas um estado mental inquietante, mas um impulso desgovernado que, ironicamente, se assemelha a uma ejaculação precoce – mas no campo das artes. Sim, você leu direito. Quando a ansiedade toma conta, minha produção criativa se transforma em uma corrida frenética, uma explosão de obras literárias e artísticas que surgem com a urgência e a intensidade de um grito libertador.
Imagine a cena: a mente agitada, o coração acelerado, a pressão pulsante que diz “faça agora! Faça agora!” O que poderia ser um processo criativo deliberado e refletido se transforma em um frenesi de produção instantânea. Como alguém que enfrenta a ansiedade de frente, minha abordagem à criação artística se torna uma dança apressada, uma coreografia improvisada onde o ritmo é ditado pela urgência e pela necessidade de dar vazão à energia reprimida. É a ejaculação precoce da criatividade – uma erupção de ideias que não pode esperar.
Não há espaço para o lazer quando a ansiedade assume o comando. Cada pensamento se torna uma chama que deve ser alimentada e transformada em algo tangível. O papel ou a tela do Notepad em branco são os cenários de uma batalha contínua, onde as palavras, frases e conceitos são lançados sem cerimônia. Não há tempo para a reflexão calma, para o aperfeiçoamento lento e gradual. O que surge é um fluxo incessante, uma torrente de produções que aparecem tão rapidamente quanto se dissipam. Essa urgência é tanto uma bênção quanto uma maldição. Produzir é o escape, o alívio momentâneo da ansiedade que ameaça me engolir.
E qual é o resultado desse frenesi? Uma constante e frenética onda de criatividade que varre todos os domínios da arte. Livros surgem, rascunhos são jogados para o alto e transformados em manuscritos (poemas, crônicas, romances, etc.) se materializam com a velocidade de um furacão. A pintura, o desenho, a música – nada escapa dessa avalanche criativa. A ansiedade, em sua forma mais crua e brutal, força a mão a criar sem parar, a mente a sonhar sem descanso. É como se o tempo fosse um inimigo que só pode ser derrotado através da criação incessante.
No entanto, essa explosão contínua não vem sem seus custos. A pressão constante pode ser esmagadora, e o desejo de criar pode se transformar em um fardo, uma obrigação quase dolorosa. A produção frenética e imediata muitas vezes carece da profundidade e da nuance que surgiriam de um processo mais refletido. O resultado é uma avalanche de trabalho que, embora vibrante e vital, pode às vezes parecer superficial e apressado. A ansiedade, com seu impulso implacável, não permite que o tempo faça seu trabalho; não dá espaço para o amadurecimento das ideias.
Mas é nesse caos criativo, nesse turbilhão de produção constante, que encontro minha própria forma de expressão. O estigma da ansiedade se transforma em uma força motriz, transformando o medo e a inquietação em uma onda imensa de criatividade. A ejaculação precoce da arte pode ser tanto um testemunho da batalha interna quanto uma forma de libertação.
Então, aqui estou eu, navegando na correnteza dessa tempestade criativa. A ansiedade me empurra para produzir, para criar, para viver em um ritmo que parece sempre estar à beira do colapso. É uma dança frenética, uma corrida contra o tempo, onde cada obra é uma explosão momentânea de energia e inspiração. E, apesar do caos e da falta de calma, é nesse frenesi que encontro minha verdade – uma verdade que, paradoxalmente, é tanto uma luta quanto uma celebração.
Nota: Este texto nasceu de um comentário feito à Lu Genez, sobre a rapidez com que publico as coisas no BarataVerso. Um comentário idiota, confesso, mas me inspirou a escrever, porque afinal é assim que funcionam as coisas para mim. Aviso: não sofro de ejaculação precoce sexual desde a adolescência, mas agora de ejaculação tardia, ou seja, para quem entende, uma vez por mês e olhe lá…
04/08/2024
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.