Atualizado em: 04/06/2025, as 01:06
Deita aqui do meu lado. Deste lado. Estou pelado. Tarado. Gelado. Me esquenta. Ao menos tenta. Ao menos senta. Atenta. Ao que falo. Chupa meu falo. Juro que me calo. Me dá a buceta. Bate uma punheta. Esquece da briga. Da intriga. Vem. Fica parada. Tarada. É quase nada. Safada. Puta de fada. Iletrada. Maltratada. Prometo que não peço anal. Não faz mal. É normal. Ouça o que digo. Sou teu amigo. Te dou abrigo. Desde o antigo. Então não tem perigo. Que sou dócil. Velho fóssil. Chega perto. Está certo. Não precisa me dar. Nem chupar. Só prestar atenção. No meu coração. Na minha intenção. Me ouça falar. Me escute calar. Me veja fingir. Me olhe afligir. Fique sossegada. Que guardei a espingarda. E também a faca. De imolar vaca. Sabe que a carne é fraca. Não me castigue. Não me mastigue. E não me vomite. Apenas acredite. Me fale algo sobre mim. Pode até ser sobre meu fim. Diga de sua tristeza. Exalte sua beleza. Deixe esse prato. Fazemos um trato. Um contrato. Tiro até seu retrato. Venha. Apenas venha. Não precisa senha. E nem pagamento. Apenas o juramento. De sagrado sacramento. Que nunca irá embora. Agora. Me adora. Nesta hora. Da minha morte amém. E a de alguém. Também. Não quer beber. Não quer comer. Muito menos foder. Estou tremendo. Preciso remendo. Ainda aprendendo. A costurar. A torturar. A nadar. Nos jorros preciosos. Deliciosos. Maliciosos. Sente na cadeira. De madeira. Ou na esteira. Apenas me escute. Me pergunte. Ou se junte. Sobre histórias que nunca vivi. Ou nunca vi. E como sobrevivi. Apareça. Não me esqueça. Até que aconteça. De eu partir. Conseguir. Ir. Ao nada eterno. Fraterno. De camisa engomada e terno. Não me deixe sozinho. Falando com um vizinho. Aquele tal senhorzinho. Que morreu de solidão. De raiva e sem perdão. Encostado no paredão. Leia o que escrevo. Em alto relevo. Sobre o que não devo. Fale comigo como se eu fosse uma parede pintada. Maltratada. Surda e muda. Me acuda. Me sacuda. Me ajuda. Que estou bem perto. De um quase certo. Infarto mortal. Fatal. Total. Me socorra. Antes que eu morra. De parada cardíaca. Maníaca. Juro que não peço mais. Nunca jamais. Que engula minha porra. Então me socorra. Pelo amor de seu Deus. Ou o dos judeus. Quero a delícia no meio das tuas coxas. De manchas roxas. E do buraco no meio da sua bunda. A cratera profunda. Beija meu Inferno. Como Hendrix eterno. Beijou o Céu. No meu bordel. É a rainha das vadias. A princesa das covardias. A que jura ser virgem. Depois finge vertigem. Ao primeiro cliente. Indecente. Ou dor de dente. Ao presidente. Do banco da praça. Agência da desgraça. Vem… Não. Não vem. Fica aí parada. Esperando alguém. Ou ninguém. Que lhe sirva de capacho. Escracho. Esculacho. Algum macho. Me esqueça enquanto mato a mim apenas. Ou às dezenas. Centenas. Os fetos abortados do meu desgosto. Suposto. Vá!
11/04/2024
Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição: 1ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.