Atualizado em: 30/10/2024, as 10:10
OBRIGADO POR LER ESTE POST, NÃO SE ESQUEÇA DE SE INSCREVER!
Disseram que estou idoso demais para escrever. Hein? Acuma? Tem um bando de caquético usando fraldão… Ops… Fardão. Da Academia. Aquilo tinha que chamar Asilo Brasileiro de Letras. Ou de Iletrados. Qual é o critério daquela merda? A Montenegro? O Gilberto? Coloca logo o Carlos Alberto. De Nóbrega. O esqueleto de Machado tortinho no túmulo. É o cúmulo. Conheço um monte de escritores. Que poderiam ocupar alguma cadeira. Eu também poderia. Mas antes tinha que desinfetar. Porque onde senta um comunista. Eu não. Para variar. Apenas. É só os cumpanheiru. Qui monta nu dinheiru. Dizem que poesia é coisa de adolescente. Indecente. Pertencente. À classe dos idiotas. Filhos de agiotas. Poesia é coisa de comunista. Juro que li isso outro dia. Poesia é coisa de bicha. Também li. E nessa richa. Entre direitista e esquerdista. Perde o artista. Que quer apenas criar sua arte. Sem se importar. Em importar . Brigas da Europa ou dos Estados Unidos. Sou artista. Embora nunca tenha participado do Big Brother. Ainda assim sou. Escritor. Poeta. Aos sessenta e seis. E não sei. Quando a vocês. Vósmiceis. Mas gosto do que escrevo. E não devo. A ninguém meu espírito. Minha liberdade de escrever. E de ver. As coisas como são. Pela minha própria visão. E não a da televisão. Sim sou velho. Barata não escaravelho. Falo palavrão. Escrevo palavra de baixo calão. Palavrão é só mais uma palavra. Porra! Escrever me livra da depressão. A expressão é minha razão. Meu tesão. O escape da minha fúria. Contra toda injúria. Que deixei de suportar. De comportar. O teclado do computador. É quem sofre. Com as pancadas. Vive reclamando. De dor. Pobre teclado de computador. Sou um ditador. Explorador. E até ao navegador. Exploro. Sou idoso. Cabuloso. Teimoso. E escrevo torto. Por linhas retas. As palavras certas. Nas horas erradas. Enterradas. Soterradas. Debaixo de sete metros de barro. Lama. Bosta. Essa é minha aposta. Que somente aquele que gosta. Irá compreender. Mesmo sem entender. Porque tenho que aprender. Que na matemática. E na gramática. Nem tudo é zero. Nem tudo é um. Binário. Abecedário. Dicionário. Assistiu O Homem Bicentenário? “Isto fica feliz em servir”. E isto aqui. Este eu. Que vomita fábulas tortas. Falando de putas e mortas. Abrindo as comportas. Do rio de merda. Que escorre da minha cabeça. A modernidade líquida do Bauman. A Mulher Líquida do Barata. Tudo escorre. Tudo corre. Para o fim. Ou evapora. O gasoso. A sociedade atual. Senhor Bau. É anormal. É gasosa. Evanesce. Desaparece. No ar. Nada se solidifica. Nada se modifica. Nada edifica. Afinal tudo fica. Como sempre foi. Caindo podre de velho. Como eu. E a Mulher Líquida. Que se liquefez. Se desfez. E se fez. Gasosa.
14/04/2024
Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição: 1ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.
Gostei muito do texto. Como sempre digo, o único que
consegue me fazer gostar de poesia. Acho que a nossa situação é como Nietzsche admirando Wagner, que dizia que Wagner era o único verdadeiro músico de sua época; um Filósofo admirando um Artista. A amizade deles se rompeu quando Wagner se converteu ao cristianismo e Nietzsche considerou um ato de fraqueza e retrocesso. “Graças a Deus”, tenho 100% de certeza que isso não vai acontecer com nenhum de nós dois. Tenho um certo nível de dislexia e sempre tive dificuldade com as palavras e para estudar através da leitura. Só tirava notas boas prestando atenção à explicação oral do professor. Matérias que se tinha que decorar textos ou fórmulas, eu me ferrava. Nos anos que eu tocava guitarra e baixo, meus professores de música me elogiavam muito. Eu queria entrar numa faculdade de música, mas tinha o seguinte problema: eu não conseguia ler
partituras, e pior ainda, na prova prática de admissão, todas pedem para você ler a partitura e tocar ao mesmo tempo, algo impossível para mim. Sempre tirei as músicas “de ouvido”. Eu conhecia as escalas, acordes e teoria musical básica e ia descobrindo as notas e as escalas ouvindo elas. Fui me aventurar, de verdade, na leitura e na escrita, apenas
quando parei de tocar e resolvi ir para a Filosofia/Psicanálise. Inicialmente,
o que me inspirou foi Freud e a Filosofia Oriental. Na faculdade, me apaixonei por Jung e a Filosofia Ocidental, especialmente a Filosofia Grega. Comecei essa jornada com 25 anos, hoje tenho 32. Ainda tenho muita dificuldade com a escrita, no geral sou muito mais produtivo falando e ouvindo do que escrevendo e lendo, acredito que devido à dislexia (também troco letras e escrevo palavras de maneira errada frequentemente, simplesmente me esqueço do nada como se escreve
tal palavra corretamente, algo comum a disléxicos). Mas a escrita tem um poder especial de condensar de maneira mais específica e sistemática o pensamento, o que é muito incrível e útil para mim. Além de ultrapassar as barreiras do espaço e do tempo e ser perfeita para a pesquisa e a sistematização de ideias. Achei muito interessante o vídeo sobre a Poesia. A Música foi a arte poética da minha juventude. Mas mesmo a mágica das musas foi diminuindo para mim. Não sei se foi o mundo que foi ficando mais preto e branco. Se a sociedade que foi morrendo por dentro e ficando sem alma. Ou se simplesmente fui mudando por outras razões. Meio que perdi a vontade de apreciar esteticamente as coisas e nasceu em mim uma vontade diferente, que foi ficando cada vez mais intensa: a de analisar e combater toda essa merda que vejo, presencio e sinto todos os dias, o que falei em outro comentário, a antivida. Tenho coração mole, porém sou muito colérico, gosto de brigas e conflitos francos. E tudo para mim, no
final das contas, é uma guerra, uma briga de forças contrárias. Hoje, o que impera é um modo de ser inautêntico, centralizado, submisso, previsível, fraco e sem graça. Estamos numa sociedade gasosa, de fato. Nada se forma, portanto, nada muda de verdade, como você bem colocou. É tudo um emaranhado arbitrário de modismos recebidos de maneira submissa e pré-determinados por aqueles que controlam diretamente ou indiretamente as principais instituições culturais, desde as Big Techs e a Grande Mídia até as Universidades e Igrejas. Na verdade, as instituição são bem sólidas e consolidadas, o que é gasoso é a cultura e a alma das pessoas, que não tem nenhuma consistência, independência ou mesmo inteligência.
Erick, primeiramente obrigado pelo comentário, e sua franqueza com relação à Poesia. Será mesmo que somos como Wagner e Nietzsche? Eu estou bem longe da genialidade de qualquer um dos dois. Mas entendi a comparação. O que escrevo, esses textos do “Agulhadas” , nem sei se poderia ser chamado de poesia. Eu chamo de “Poesia Crônica ou Crônica Poética. Mas garanto que qualquer purista chamaria de… merda nenhuma. É proposital, no entanto, embora saiba que para a maioria das pessoas seja de difícil assimilação. Essa coisa de escrever tudo num parágrafo único, e usando ponto final em lugares onde não se usaria, e praticamente não usar vírgulas, é para que seja lido de forma corrida, mas parando nos pontos, para forçar a rima.