Atualizado em: 30/10/2024, as 11:10
Cinco maços. Ou carteiras. Como queiram. De cigarros fumei hoje. Bati meu “record”. Ah… Já sei… As exclamações serão: “Quer morrer?”, “Procura ajuda!”, “E essa tosse, hein?” Está dando lucro para as fábricas de cigarros”. E um quilo de outras. Querem mesmo saber? Eu fumo porque gosto. Comecei a fumar com quinze. Porque o cheiro do cigarro do meu avô me dava água na boca. Ah, mas o esquema das fábricas de cigarros? Tem um nome isso. Que não lembro. De pressionar congressistas. E tem a grana que rola para as empresas de mídia. Estúdios de Hollywood (fumei essa marca também). E outras tantas maracutaias que nem dá para listar. Tudo isso eu sei. E como sei. Histórias de atrizes que não fumavam na chamada vida real. E tinham personagens que fumavam em todos os filmes. Sei disso também. Marcas patrocinando festivais de Rock. Comercias de pura saúde. E até anúncios de jornal. Dizendo que fumar era legal. Bacana. Bom para caralho. E que se fumasse. Comia até a presidenta da republiqueta. Tudo balela. É claro. E pensam que eu não sei? Tanto quanto sei. Que fumo porque gosto. E que quando escrevo. Devo. Ou produzo. Uso. Abuso. Fico confuso. Bebo… Ah, tem muitos eteceteras e tais a mais. Fumo porque é fumaça. Se fosse traça. Não fumaria. Mas fumo tabaco. E detesto maconha. Acho enfadonha. Fedorenta. E nunca me deu o tal do barato. Acham que barata vai sentir barato? Mas a culpabilidade é a mesma. Alguém me obrigou a fumar cigarros? E para quem gosta de cocaína. Tubaína. Serpentina. Codeína (sei lá o que é isso), Cloridrato de Prometazina (isso eu sei), e qualquer “ina”. Alguém obrigou a usar? Claro que não, ô seu tonto. Fumo porque gosto. E aposto. Que quem fuma não sabe. Do mesmo jeito que quem nunca fodeu uma buceta não conhece. Ou deu a para quem quis. Também nunca esquece. Cinquenta nos de cigarros. Devem ter fodido meu pulmão. Minha mão. E de antemão eu digo. Que não chego aos setenta. Porque tusso e vomito. Toda manhã. “Vai ao médico”. Diz minha mulher. Para de fumar. Diz alguém que nem conheço. E às vezes esqueço. Que não tenho mais ninguém a se preocupar. Não pré-ocupessem. Que eu só morro quando morrer. A penúltima morte. Porque a última. Será quando o último ser. De mim esquecer. O cigarro é meu escarro. Como o carro. Que não tenho. O cigarro é minha necessidade. Nesta cidade. De porcos. Tortos. Cigarro é uma droga. Disseram. É. Fatal. Falaram. E estão certos. Porque cigarro. Tanto quanto droga. A da farmácia e a do traficante. É droga. E é fatal. Mortal. Mas, garanto ao transeunte. Ao meu leitor. E a qualquer eleitor. Que viver. Isso sim. É que é fatal.
10/04/2024
Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição: 1ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.