Vômito de Metáforas | Acham Que Eu Não Sei? Pensam Que Eu Não Pensei?

Atualizado em: 30/10/2024, as 10:10

Acham que eu não sei? Pensam que não pensei? Pensam que não fui? Que não aprendi? Com as farpas espetadas. Com as coisas jogadas. Na minha cara. Com as comidas estragadas. Que engoli. Sem vomitar. Pensam que eu não vomitei? Ou imitei o Fernando. Casando no altar. Pensam que mesmo que eu me ferrei. Quando errei. tentando acertar? Tentando apertar. O parafuso. Confuso. Pensam que não esperei. O abraço do Rei. E de quem mais apenas eu sei. Pensam mesmo que esqueci. Ou não enfureci. Com o cuspe no rosto. Do desgosto. Que ela me faz suportar? Sem se importar. Se eu era mesmo um Jesus. Deitado na cama em Belém. Quando não tinha ninguém para me suportar? Agora pergunto no singular. Que o coletivo não é meu lar. Pensa que não esperei. A recompensa pelo que foi feito. Não tão perfeito. Mas do jeito. Que eu sabia fazer. E por assim dizer. Da minha forma. Sem norma nem régua. Sem burro nem égua. Que era apenas meu jeito escroto. De me expressar. De pensar. E de assar um cabrito. No dia de São Bendito. Que eu ainda acredito. Ser o dia do maldito. Se libertar. Falo em metáforas vomitadas. Parábolas imitadas. Não de um Jesus morto. Ou um demônio torto. Mas em parábolas parabólicas. Alcoólicas. E nada católicas. De eu falar. Porque calar. Não faz parte do meu destino. Porque pepino. Me trava o intestino, E me faz vomitar. Metáforas que não posso militar. Nem mitar Porque não sou o Mito. Muito menos o Palmito. Que tem programa na tevê. Que ninguém vê. E que prevê. Que a coisa prevista. Na entrevista. Que eu jamais lhe darei. Eu estarei. De bota branca de cowboy. Como o tal de Rogers Roy. Claro que eu queria ser famoso. Um tanto formoso. E ser cantado pela chacrete. Que se chama Elizete. E tem um topete. Que parece Elvis depois dos quarenta. No fim dos setenta. E que dizia. Com hipocrisia. Que quem quiser saber a verdade de mim. Que ande uma milha sem fim. Usando meus sapatos de camurça azul. Ou que apanhe o Baú do Raul. E vá para a porra do Inferno. Antes que eu possa dizer que o eterno. Tem cheiro de bolor. E que lá tem um tipo de ditador. Que sabe da minha dor. Hey meus filhos. Cadê os brilhos. Que lhes fiz enxergar? Sonho sempre com abraços. Nos espaços. Que fiz conquistar. Mas não vou emprestar. O que tenho. E que com empenho. Fiz por onde estar. O pouco que tenho. Que é apenas o que penso. E penso por extenso. Que o que pensam de minha pessoa. Não ressoa. Nem soa. Como se fosse verdade. Na minha obscuridade. E na minha idade. Cago para a humanidade. E sempre tenho saudade. Da promiscuidade. E da maldade. Daquela que foi sem nunca ter sido. E de mim que fui. Sem nunca ter ido. — Então pensam que eu não sei. Que nunca pensei. Naquilo que é lógico. No Parque Ecológico. E na filha. Minha ilha. Que aquela vadia achou que poderia. Não ser minha cria. E jogou na bacia. E deu descarga antes de se deitar. E assim por acreditar. Na sua covardia. Ela não podia. Me maltratar. E até poderia. E como devia. Se tratar. Exterminar sua crendice. E a tolice. Quebrar o espelho de Alice. Enquanto o Homem de Lata. Feito de sucata. Enferrujava. Deteriorava . E pensava. Que podia. Em algum dia. Achar que seria. Mesmo que por covardia. Foder a vadia. — E agora eu apenas pergunto a quem ainda consegue escutar. Pensam que eu não sei. Que não pensei? Que eu sabia o que era não ser. E se um dia pensei. E dispensei. Meu medo de ser. Agora mesmo eu cansei. De me expressar. E pensar que sei. Onde é a porra do meu lugar.

27/04/2024

Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição:
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500

Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador

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