Hoje é 1º de janeiro de 2025. Um novo ano começa e, como se sabe, aqueles votos de próspero ano novo, que foram distribuídos a esmo durante a quadra natalina de 2024, foram ditos em 95% das vezes, da boca pra fora. Nada mais do que uma mera formalidade, um gesto de boa educação. Não quero posar de pessimista, mas, o vigésimo-quinto ano do século 21 promete de tudo, e a prosperidade desejada poderá até acontecer, mas em situações pontuais: alguém vai ganhar na Mega Sena, alguma empresa irá crescer, alguma startup será um modelo de sucesso; alguém vai conseguir adquirir a casa própria, um carro novo, um emprego bem remunerado, recuperar a saúde após uma grave enfermidade, e assim por diante. No meu caso, espero poder chegar vivo e saudável no próximo réveillon, e também, meus parentes e amigos. Aliás, um dileto amigo meu, vencido pelo câncer, não viveu o suficiente para desejarmos um feliz ano novo um ao outro.
O Primeiro de Janeiro é feriado em quase todo o mundo, possuindo um simbolismo muito forte. São poucos os que não se rendem ao desejo de que tudo dê certo — para si, para outros, para o país e para o mundo, no Dia da Fraternidade Universal, esse feriado criado em 1935, pelo ditador Getúlio Vargas. Bem… Já que essa data festiva foi instituída pelo fundador do Estado Novo e, pelo que a História mostra, aquele ano foi terrível. Pegadinha de ditador é assim mesmo.
Já o Papa Paulo VI instituiu o Dia Mundial da Paz, em 1967, o qual, apesar das boas intenções do Sumo Pontífice, não se deve interpretá-lo como uma pegadinha papal. No fundo, no fundo, essa data comemorativa é, no mínimo, uma ironia. Ou uma piada de mau gosto. Basta ver o que acontece em Israel, na Síria, na Venezuela, no Iêmen e em outros lugares. De qualquer forma, agradeço (sem ironia) ao Santo Padre.
Não sou dado a me deixar levar pelas ilusões (de qualquer tipo), pois, encarar a realidade dos fatos, por mais duros que sejam, é a melhor forma de procurar as soluções. É o que se vê nesse Dia da Paz. E a paz é, nos dias que correm, um produto difícil de alcançar e fácil de perder. Sabe-se que ela será recuperada em algum momento, mas não sem luta e perseverança – individual e coletiva.
Já que toquei no tema da Paz, lá fora, a Rússia de Vladimir Putin continua tomando cacete dos ucranianos, em um conflito que remonta a 2014, graças à falta de testosterona (inclusive em mulheres) de líderes ocidentais por não quererem falar grosso com o autocrata russo, quando ele anexou a Criméia como parte de suas ambições expansionistas. De peleja em peleja, Putin invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, sob o pomposo título de Operação Militar Especial na Ucrânia, sob o pretexto de “desnazificar” o país. Apesar das fortes sanções aplicadas contra a Rússia, abalando fortemente a economia do país, o exército de Putin permanece agindo na Ucrânia, sofrendo em consequência pesadas baixas. Para quem apostava submeter a ex-república soviética em algumas semanas, Vladimir Putin e seus generais simplesmente quebraram a cara. Mesmo após a Rússia “alugar” soldados norte-coreanos, para cansar os resistentes ucranianos, exercendo o papel de buchas de canhão, a estratégia tem tudo para dar errado. Sim, uma coisa que Vladimir Vladimirovitch Putin não terá por um bom tempo é paz. O meu coração é azul e amarelo.
Seguindo o fio da Paz (ou a falta dela), aqui, no meu Brasil brasileiro, terra de samba e de pandeiro, parte considerável da grande imprensa, das elites artística e intelectual, já há algum tempo não possui mais aquela paz absoluta, em consequência da sua adesão ao atual governo. Fazer o “L” teve consequências, com a perda do respeito do grande público, shows esvaziados e até cancelados, vaias públicas e insultos de toda ordem. Embora se esforcem em fazer cara de paisagem quando confrontados pelo público cada vez mais esclarecido politicamente, essa turma acostumada ao bem-bom da bajulação ao (des)Governo que aí está, não está sabendo lidar com a nova realidade, principalmente quando se beneficiam desavergonhadamente do conteúdo dos cofres públicos; ou, quando participam das altas badalações planalto-palacianas. Não é mesmo, Caetano Veloso, Gilberto Gil & companhia? Estou farto de vocês, emepebistas e emepebostas, destes e de outros tempos; tropicalistas, tribalistas, bossanovistas, roqueiros oitentistas (com exceções de praxe, é claro). Estou farto de astros e estrelas da tevê (também, salvo exceções de praxe), aos quais inocentemente nos espelhávamos. Grande parte dessa elite cultural traiu uma nação inteira ao assentir, com justificativas furadas, com a nova-velha censura promovida pelo governo amoroso do qual dependem. Após a traição vem a realidade. Ao que me parece, os novos tempos estão dando nomes aos bois e às vacas, e colocando todos nas suas respectivas casinhas. Ou quadrados. Ou caixinhas. Ou nichos. Ou fossas. Faço votos de que, em 2025, o que menos eles tenham é paz.
Alguém me disse certa vez: A paz é um direito. Uns tem; outros, não. Uns a conquistam; outros, a perdem.
Perderam o direito à paz aqueles que apostaram que Donald Trump estava politicamente liquidado, e que Kamala Harris, a vice do Tio Paulo, aliás, Joe Biden, um velho gagá no comando da (ainda) mais poderosa nação do planeta, seria eleita com folga. Não foi. Realmente, os manipuladores da informação, especialmente nos EUA e no Brasil, caíram de suas poltronas, ao saberem que o Laranjão simplesmente atropelou a candidata democrata (veja, tem piada nessa palavra) e tudo o que ela representava. Foram quatro anos terríveis, especialmente no tocante à liberdade de expressão. O progressivismo, aliado àquilo que se convencionou chamar de wokismo, fez com que o país, símbolo das liberdades democráticas, desse vários passos para trás. O Xerife está de volta à cidade, e ele está armado. Se Trump vai cumprir o seu papel, ou se ele fará a América grande outra vez, ainda é cedo para saber. O que vale, neste momento, é acreditar que o Partido Democrata vai ficar para trás por um bom tempo. Além do mais, ele tem contas a prestar àqueles que ele tanto prejudicou. Desejo ao Partido Democrata um 2025 sem paz.
Enquanto isso, em Banânia, imagino que o consumo de medicamentos tarja preta aumentará exponencialmente na Suprema Corte, instalada naquele prédio que mais parece uma caixa envidraçada de sapatos, devido à mudança de rumo tomada por Mark Zuckerberg, CEO da Meta, proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp. É que o bilionário achou por bem “aderir” ao governo Trump e, com isso, tirou a paz dos mais proeminentes entre os onze ministros que integram aquele supremo tribunal, que deixaram a Constituição em segundo plano para se dedicarem às questões políticas, como se políticos eleitos fossem. O agora “STP-Supremo Tribunal Político”, crente de que havia dobrado às suas vontades o também bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), mal sabendo que a “rendição”, após um período de suspensão e do pagamento de uma multa milionária foi, na verdade, uma estratégia que visava uma vitória futura, haja visto todo um leque de interesses que envolve o controle das redes sociais por meio de um sistema de censura sobre a liberdade de expressão. Enquanto rolam as pedras, Zuckerbeg está implementando mudanças nas três plataformas em que é proprietário, que estão deixando os supremos ministros de cabelos em pé (especialmente aquele que não os possui), pois seus interesses tendem a correr ladeira a baixo, pois Zuckerberg seguirá uma linha semelhante a de Musk.
“Mark Zuckerberg, CEO da Meta, gigante da tecnologia que é dona do Instagram, Facebook e Threads, anunciou nesta terça-feira (7.12.2024) uma mudança drástica em sua política de moderação de conteúdo: o encerramento de seu programa de checagem de fatos.
Em substituição ao antigo recurso, será adotado um sistema semelhante às “notas da comunidade” da rede social X, de Elon Musk, no qual os próprios usuários colaboram com o desenvolvimento das informações”.
https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/mark-zuckerberg-mudanca-moderacao-conteudo-meta/
Resumindo: Mark Zuckerberg acabou de comprar uma briga com os togados do STF e o governo amoroso que aí está. Embora eu não perdoe o CEO da Meta por ter colaborado com o governo Biden no cerceamento das liberdades dos cidadãos nos últimos quatro anos, devo admitir que essa mudança de rumo simboliza algo de positivo na democracia. Nesse contexto, fico feliz em saber que os supremos ministros não terão um dia de paz, apesar de todo o poder que eles acham que possuem.
E, para encerrar este escrito, sem paz também está o Sr. Lula da Silva e seu desgoverno:
“A maioria dos brasileiros não está satisfeita com o governo Lula, como mostra a mais recente pesquisa Quaest, concluída em setembro. Um terço dos cidadãos o avalia negativamente, um terço acha o governo apenas regular e o outro terço avalia positivamente.
A pesquisa também indica que a maioria dos brasileiros acredita que o país está indo na direção errada, que a economia piorou nos últimos 12 meses e que, comparado a um ano atrás, o poder de compra diminuiu.
Quanto a emprego, a maioria acha que está mais difícil conseguir uma vaga, apesar de as estatísticas oficiais mostrarem que a taxa de desocupação encolheu. Há luz no final do túnel? Desde julho, caiu de 52% para 45% a parcela dos cidadãos que disseram que a economia vai melhorar e subiu de 27% para 36% os que afirmam que ela vai piorar.
O dado que deve estar mais doendo no Palácio do Planalto, contudo, é que despencou o número de brasileiros que acham que o governo Lula é melhor do que o de Jair Bolsonaro. Em julho, eram 51%; agora, são 38%. No mesmo intervalo, aumentou sobremaneira a parcela dos que acham os dois iguais: de 8% para 22%. Já a porcentagem de brasileiros que consideram o governo Lula pior do que o governo Bolsonaro oscilou de 36% para 33% (em fevereiro, ela era de 27%)”.
Pois é. O recorte acima é apenas a ponta do iceberg de um governo que não vai entregar aquilo que prometeu. Muito pelo contrário. O Brasil está mais divido do que nunca, enquanto afunda na violência, na intromissão do Estado na economia, na perseguição a adversários políticos, no envolvimento indevido em assuntos internacionais, na aplicação da censura, ao passo que apoia, direta ou indiretamente, em ditaduras, especialmente a venezuelana. O grande chefe da nação tenta, a todo custo, implantar a sua visão de mundo, com o auxílio de uma grande trupe de aduladores, além de auxiliares possuidores de extensas fichas criminais. Some-se a isso uma primeira dama absolutamente perdulária. Beirando os 80 anos, o companheiro-presidente corre contra o tempo para alcançar a hegemonia política copiada de seus amigos ditadores. Não vai conseguir. E isso lhe tira a paz. Fico feliz com isso.
A paz é para quem a merece.
Desejo um 2025 de muita paz a todos os leitores do BarataVerso!
Genecy Souza, de Manaus, AM, é Livre Pensador.
Possui textos publicados na revista digital PI Ao Quadrado e na revista impressa Gatos & Alfaces.