1 ― O Tempo e a Consciência
Eu poderia esperar. Esperar e esperar. Não puxar papo. E esperar que o silêncio fosse quebrado ou morto, mas as longas noites do meu tempo cobram caro por minha paciência.
Eu poderia parar de olhar, parar de querer saber onde anda, o que faz e o pensa nesse exato momento, mas o tempo me cobra eficiência.
Eu poderia parar de querer, de sonhar, acreditar que um dia possa alguma coisa acontecer, mas o maldito tempo me cobra a tua ausência.
Eu podia me aquietar, parar de olhar no relógio, e achar que ainda é cedo para falar, que nunca é tarde parar esperar, mas o tempo, esse deus cruel, me cobra sua dependência.
Não posso mais esperar. Pela minha impaciência.
Preciso esperar. Em nome da minha consciência.
2 ― O Tempo e a Ciência
O tempo é um deus infiel.
O dia e a noite nunca se encontram: um nasce o outro morre: assim como o poeta e a esperança.
O tempo não me seduz, me engana. Sempre me enganou. É um deus matreiro.
Sempre tive o tempo como um inimigo: era rápido quando eu o queria lento, e lento quando o queria rápido, sempre me traindo e me enganando, fazendo sempre a sua, dele, vontade. Um ditador cruel, que agora cobra minha rebeldia contra ele, como uma espécie de anarquista temporal. Não fosse pelo tempo seríamos eternos, porque não conheceríamos e fim. E nunca morre quem não conhece o fim.
04/12/2019.
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.