Imagem Criada Com IA (Dall-E)

Ode ao Verso Anômalo

Esse descrente verso anômalo, amorfo e desinforme, nada tem de pragmático, oscila entre o descabido e o desconexo, é ideia miúda de poeta que não faz rima, desencantado da sorte e sem esquinas.

Perde-se nele mesmo, nas rotundas voltas das palavras proparoxítonas, de linguajar enrolado, esquece-se da fluência e da cadência das cadeiras, esquece-se do que foi um dia, da pena livre e abstrata, tinha quentura e gozo, ardia às cinco, escorria, sem as vergonhas dos seus infinitivos verbais.

Esse verso desqualificado, nada tem de engraçado, carrega relíquias e antiguidades ambíguas, enquanto a porta fechada, o separa do vento e de todas as possibilidades de sol, escondido da vida e da morte, consome-se pura e simplesmente em final de frase, em ponto de chegada e derramamentos.

Já fez lida e batalha, guerra perdida, já foi encanto e livramento, ode e oração, pecado e blasfêmia, já foi mais do que este papel se dispõe ao carregamento, lido por alguns olhos que lhe davam méritos indevidos, já foi mais do que uma junção aleatória de dizeres banais.

Esse verso já teve acolhida em noite de lua fria, renega o nome que lhe deram, vaga a deriva de um branco maculado, em camas de esquecimentos.

Fev.25

Lu Genez, Curitiba, PR, é poeta, escritora… E, claro, Livre Pensadora!

COMPARTILHE O CONTEÚDO DO BARATAVERSO!
Assinar
Notificar:
guest

0 Comentários
Mais Recente
Mais Antigo Mais Votado
Inline Feedbacks
Ver Todos os Comentários

Conteúdo Protegido. Cópia Proibida!