Talvez eu hoje escreva um conto. Um conto de terror, erótico ou simplesmente um conto qualquer. Daqueles baseados em histórias contadas por Izaura, possivelmente mudando uma vírgula, um ou dois pontos.
Ou talvez não escreva nada, já que ninguém conhece Izaura, e nem liga para meus contos. Mesmo que falem de tontos, de putas ou de bastardos. Falar de retardados é politicamente errado, falam por aí. Que tal falar dos errados, penso eu antes de começar. Ou quem sabe dos sempre ferrados, que não sabem com suas existências de merda acabar?
Possivelmente falarei de masturbação, da Constituição, de putas e de seus filhos, os políticos, mas ainda não estou certo, porque o errado é agora o que está certo, perante a “Justiça”, perante ao Jornal e diante da TV.
É… Talvez eu escreva um conto, mas decerto jamais terá um final feliz, porque como qualquer aprendiz ou meretriz, não chego ao final alegre sem receber o programa. Mesmo que a tal alegria final seja tão falsa quanto o sorriso do Novededos.
E, sem que hajam quaisquer segredos, posso engatar em enredos cáusticos como em novelas mexicanas… Ou seriam pernambucanas? Quiçá sejam tão alegres quanto comédias alemãs ou russas. Ou tão puras quanto mammas napolitanas que assam pizzas de muçarela com tomate e acham que criaram a iguaria da humanidade.
Ah… As mamas italianas e suas mamas enormes com rodelas de bicos maiores que tomates… E tão gostosos quanto. Bicos escuros… Estou esquecendo do conto que disse que ia escrever, mas nele não haverão mamas romanas nem papas na língua.
Haverá, isso sim, um elefante de carmim, aquele efervescente do Barreto, ou quem sabe uma vaca de cu preto?
Disseram que eu tinha que escrever algo engraçado, mas quem foi o desgraçado que contou aquela piada que não acho graça? Todas as vezes que tentei escrever com humor ficou uma desgraça.
Mas ainda acho que que quero escrever um conto. Se achar o ponto. Senão desconto, e saio de fina sem encher o saco de ninguém com uma história, que no final ninguém irá mesmo ler.
É bem possível que eu escreva algo apenas quando parar de vomitar com essa política de merda que está destruindo a civilização, fazendo com que voltemos à Inquisição… Será?
Acho melhor não, porque ninguém sabe como será amanhã, e pode ser que por escrever um conto eu desagrade os heróis da Academia, do Superior Tribunal Federal ou até faça com que o Presidente que não foi eleito mande me matar, porque eu descobri que ele é um anão e encontrei o dedo perdido de sua outra mão.
Eu bem podia escrever um conto de fadas, ou de fodas. Podia contar a história de um Príncipe encantado ou de um palhaço tarado.
Mas no fim não escrevo nada, porque no mundo em que hoje vivo, e que por fim e por mim sobrevivo, ninguém mais sabe ler. Apenas escrever.
E se antes diziam bobagem atrás de bobagem em mesas de bar depois de umas cachaças, protegidos pelo alcoolismo, hoje escrevem merda atrás de merda em redes sociais, e agem como os mesmos idiotas de bar, mas se acreditam estar fazendo discursos de posse de prêmio Nobel de Literatura.
Parei!
27/01/2025
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.