Atualizado em: 28/07/2024, as 11:07
Entre 1967 e 1968 surgiria, patrocinado pelos estúdios Abbey Road (Beatles), mais um fenômeno do Rock que seria, talvez, a maior odisseia que este estilo já presenciou nas praias do experimentalismo, numa era psicodélica e metafísica: o Pink Floyd, banda do falecido guitarrista, mentor e letrista Syd Barrett, que agora (espero) esteja vagando pelas galáxias com seu espírito no grande Sonho Cósmico das existências.
Com o primeiro álbum, “The Piper At The Gates Of Dawn”, inspirado no livro favorito de Barrett, “The Wind In The Willows”, de Kenneth Graeme, o grupo se lançou dentro do conturbado e criativo cenário musical da época pré-Woodstock e no fim da era Beatles que, inclusive, estava gravando o “Sgt. Peppers” no mesmo estúdio. De vez em quando, Lennon e McCartney se deslocavam até a sala onde o Floyd estava registrando a obra para curtir um som e fumar um baseado juntos.
“The Piper At The Gates Of Dawn” foi um marco da psicodelia mundial e seguiu-se após ele o não menos belo “A Saucerful Of Secrets”, uma apoteose com climas sombrios e egípcios como bem representado na maravilhosa música de Roger Waters, “Set The Controls For The Heart Of The Sun”.
Roger Waters, mentor, vocalista e baixista do Pink Floyd, após a loucura e saída de Syd Barrett (R.I.P.), assumiu a maior parte das composições e letras da banda. Numa entrevista da época, Waters disse a um repórter: “Só os loucos podem ver o lado oculto da Lua”. Esta frase foi como um “koan zen” (pequena frase que é colocada para um monge refletir e alcançar a iluminação) na minha mente!
O Floyd já se destacava pelo som mais viajante e espacial, o que chamou a atenção da área cinematográfica para trilhas sonoras como nos dois lindos discos da banda: “More” e “Obscured By Clouds”. Mas a vida tem seus custos e Barrett começou a pirar por causa das drogas e foi retirado do palco chapado, pra nunca mais voltar à banda. Para o seu lugar, foi recrutado o grande guitarrista e vocalista David Gilmour e a partir de então se teve início a maior viagem do progressivo, com Roger Waters assumindo praticamente a direção do grupo e criando as maiores e mais destacadas composições. Nesta época o Floyd foi nomeado pela crítica como uma banda de “Acid Rock” pela lisergia e chapadice de seus membros, que realmente viviam ligadões no LSD e cogumelos].
Foram para Pompéia, na Itália, em meio aos vulcões para fazer o que jamais seria visto novamente na história do rock: gravar o LP “Live At Pompeii”, de onde surgiram dois dos melhores e mais famosos álbuns do grupo: “The Dark Side Of The Moon” e “Meddle”, este gravado em 1971, com sua honorável marca registrada viajante, consagrada e sacramentada na derradeira faixa “Echoes”, de 24 minutos. Aliás, “Echoes” é o centro do vídeo relançado em 2003 como “Live at Pompeii II (Versão do Diretor)”. Assistindo-o atentamente, vê-se Waters rabiscando no “mini-moog” trechos essenciais do “Dark Side”.
Texto Publicado na 3ª edição da Revista “Gatos & Alfaces“, Maio, 2014
Amyr Cantúsio Jr. – Campinas, SP. Músico, Compositor, Pianista, Produtor e Gestor Cultural, Técnico em Fortran & Cobol, Musicoterapeuta em Neurociencia. Livre Pensador.
Como álbum de estréia o viajandão The Piper cumpre muito bem seu papel, sobretudo, graças ao talento ímpar de Syd Barrett. Naquele distante ano de 1967 ninguém imaginava até onde o PF seria capaz de chegar, e que Syd ficaria pelo caminho, cedendo seu lugar àquele que é hoje o maior guitarrista vivo da história: David Gilmour.