Atualizado em: 21/08/2024, as 04:08
Meus domingos são iguais às sextas-feiras: sextou, domingou, sabadou. Não trabalho, mas não sou vagabundo. Vagabundo é quem onera a nação, e tem um dedo a menos na mão. Vagabundo é o imundo, que manda prender sem cumprir o rito, que persegue o “Mito” e degenera enquanto eu grito, que não é o dito pelo não dito. Não é o bendito contra o maldito. Não é o Benedito contra o convicto. É uma questão simples, da Liberdade contra a arbitrariedade, da honestidade contra a promiscuidade. Da mentira contra a Verdade. Não estou ao lado dos bons, porque nem sei direito o que é ser bom, e o que deve ser feito, mas sei bem o que é ser justo, e qual é o custo. Nem sei mesmo o que é Justiça, mas não durmo com Carniça.
Meus domingos, que agora não têm mais Silvio Santos, são tão parecidos que parecem terem desaparecido. Eu tinha até esquecido até ontem, quando morreu Silvio Santos, o que era Domingo. Hoje acordei e era Domingo, e por castigo, não era terça-feira, na terra que não tem feira. Morreu Abravanel, mas não morre a cascavel. A idade o levou, mas na cidade aonde nunca vou, nem o câncer leva o maldito. E eu ainda acredito, e nunca desisto, que há de haver um dia que seja Domingo, não de Missa, não de preguiça, mas um dia que seja feriado, dia consagrado à Liberdade. Não a plena que essa envenena, mas também não a que condena, pelo Domingo, Oito de Janeiro, ou pela quarta-feira de Sete de Setembro. Ou seria qualquer-feira de Novembro ou Dezembro, ou qualquer outro dia que não lembro.
Há sempre um Domingo na semana, o início e o fim das semanas, que sempre têm sete, e nunca seis nem oito dias, e tal e qual haverá um dia, que seja qualquer dia, em que finalmente brilhará o Sol. Apesar dos chicos e seus ricos; dos morais e seus imorais; dos dinos e seus cretinos; dos caetanos e seus manos; dos barrosos e seus horrorôsos; dos dias e suas covardias. E assim seguimos, com medos extrapolados, segredos revelados, e dedos apontados. Desapontados com a realidade, e a falta de verdade. Desgraçados maltratados, como se todos os domingos fossem oito de Janeiro, e como se todos os dias da semana fossem um Carnaval de mortes e ferros em um Fevereiro de trinta dias.
Escrito e Publicado em 18/08/2024
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.