[Me caibo nas insuficiências e nos retalhos da história]

Atualizado em 20/08/2024 as 14:22:04

Me caibo nas insuficiências e nos retalhos da história,
Como uma boneca de pano qualquer, costurada e cerzida, depois de cada rasgo
Nas quebras das páginas e nos parágrafos imprevistos
Uma nota inaudita que morre sempre, no silêncio de um ouvido.

É só o que tem nos concretos e nos incertos segredos dos segundos.

Ora entre as frias paredes funestas da casa em que vivo,
Ora entre as açucenas e as areias do meu deserto.
Segue-se a estrada e seus mudos desígnios encobertos
Num desenrolar genuíno de vontades e penúrias, de conquistas e fracassos,
De sede e fome de tudo e de nada, de ausências e medos inúteis.

É só o que tem nos ossos e nos duvidosos dias de agosto.

Uma pele a descoberto, sente o frio do descaso e das manhãs.
Só as flores de plástico, desde que regadas na estação certa, sobrevivem sem rugas.
Bonecas de porcelana, servem às vitrines, todas as outras, sucumbem diante de si mesmas.

Me caibo em mim.

 

Lu Genez, Curitiba, PR, é poeta, escritora… E, claro, Livre Pensadora!

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