Atualizado em: 15/08/2024, as 02:08
Durante a Era Pré-Internética a gente, que queria saber sobre músicas e bandas tinha apenas um caminho: revistas. E embora a boa vontade de uma porção de jornalistas que gostavam de Rock parece que era um tanto difícil a sobre vivência desse tipo de informação. Apareceram inúmeras. Históricamente a mais importante foi a “Rock, a História e a Glória”, editada no Rio de Janeiro por uma turma que marcou época. Gente do calibre de Ana Maria Bahiana, Tarik de Souza, Okky de Souza, Ezequiel Neves – à época conhecido por “Zeca Jagger”, uma espécie de colunista social do Rock, que tinha a mente fixa em apenas duas bandas: Rolling Stones e Made In Brazil.
A revista era fina, impressa em preto-e-branco, e na primeira fase cada número era quase que integralmente dedicada a biografia de uma banda ou artista. Assim foi com Rolling Stones, o primeiro número; Beatles, Pink Floyd, Bob Dylan, hendrix e outras monstruosidades. Tinha a biografia e discografia completas, letras de músicas e um detalhe muito importante: geralmente o pôster central eram desenhos exclusivos de artistas como Elifas Andreato e outros. Maravilhosas obras-primas, como os desenhos de Pink Floyd, Dylan e John Lennon. Encartado, um suplemento chamado “Jornal de Música”, com notícias gerais sobre Rock.
Numa segunda fase, provavelmente afim de conseguir sobreviver, a revista perdeu um pouco o charme ao inverter e lançar o “Jornal de Música” como um tablóide e a parte de biografias encartada, que a gente tinha que recortar e tal.
A “Rock, a História e a Glória” durou 33 ou 34 números e desapareceu. Número parecido com a Rolling Stone Brasileira, editada por Luiz Carlos Maciel – muito diferente da reacionária versão atual.
Também na Era Pré-Internética surgiram outras, muito importantes e interessantes, como a “Música do Planeta Terra”, dirigida por Julinho Barroso, que depois viria a ficar um tanto conhecido com a banda “Gang 90 e as Absurdetes” e o tablóide “Canja”, sem contar centenas de “jornaizinhos” mimeografados que circulavam de mão em mão.
Dentre as revistas “possíveis” a “Pop”, que começou com o nome de “Geração Pop”, era editada pela Editoria Abril e era na verdade voltada a comportamento e moda jovem, que por tabela trazia informações sobre Rock. Durou anos, fases e teve coisas muito interessantes, como um brinde, em forma de compacto simples com duas músicas de Janis Joplin.
O difícil era que a gente tinha que esperar ao menos um mês a chegada da edição da revista na banca de jornais perto de casa para ficar sabendo dos lançamentos das nossas bandas prediletas… Lá fora, pois aqui também lançamentos de discos demoravam um ou mais anos para chegarem. Mas esse é um assunto para outro texto na Arca do Barata.
10/25/2008
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.
Estas revistas eram praticamente toda a informação que a rapaziada da nossa época tinha. Eu, como guitarrista , fica desesperado atrás de discografias, letras, informações detalhadas das bandas e artistas e só conseguia através destas maravilhosas edições . O resto só se conseguisse material importado que era quase impossível além de caríssimo. A palavra é: Saudade ! Puta tema Barata ! Valeu.
Pena não ter mais. Obrigado por comentar.