[Fatalmente eu te machucarei, e você a mim]

Fatalmente eu te machucarei, e você a mim
Temos coberto, o corpo inteiro por espinhos de outras vidas
Contigo consigo existir além desse lugar,
Num lento arranhado de carnes.

Nenhum salvo conduto para que o amor
Extrapole o caiado dessas paredes,
Que já velhas, apresentam fissuras as suas lisuras matinais.
Um dia é algo de lembranças.

Nada mais que o soberbo ócio dos amantes que se habitam,
entre lençóis manchados de gozo e esperas vespertinas.
Nos demos as boas bocas.

Sussurros, gemidos e o êxtase febril dos pêlos confinados,
nas horas desse acontecimento.
Eu renasço no sagrado de um coito.

Ficamos nus, por um tarde inteira
Despertando o abobalhado da pele
Com o vento soprado.
Os suores escorrem lentamente, se misturam em gotas despudoradas
Se bebem em lábios urgentes.

Nenhuma janela ou porta aberta para dar vazão aos ares dos olhos
Seguiremos assim, surdos e esquecidos,
Vivendo entre partidas e novas chegadas.
Nós já amanhecemos há tempos demais, não há sobras de amanhã.
As paredes ventam um novo frio.

Lu Genez, Curitiba, PR, é poeta, escritora… E, claro, Livre Pensadora!

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