Sou idoso por não cumprir a maldição dos vinte e sete,
E se escuto musica em plataforma já foi em fita cassete.
Ser ou estar velho é a complicação da tal melhor idade,
E se agora me recolho ao asilo, antes era o rei da cidade.
Apenas envelhece quem não morre, óbvio que parece,
Ah, nem tanto: há aquele que não morre, mas padece.
Pela fina ironia incidental mortos nunca envelhecem,
E a morte lhes chega apenas quando dela esquecem.
Estou ou sou idoso, armadilhas da língua portuguesa,
Velho é ser, enquanto jovem é estar, coisas da inglesa.
Já fui chamado de ultrapassado, e até por velho safado:
O preconceito me ronda desde a era de moleque tarado.
Agora sou apenas um “Space Cowboy”, ancião barbudo,
Ouço meu Rock antigo, e dou o toque ao diabo chifrudo.
E se perguntares se quero ser jovem, digo que sou eterno,
Velho de idade, mas uso o capacete no lugar do seu terno.
15/08/2021
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.
