Atualizado em 15/12/2024 as 13:55:02
1.
Acabei de assistir, por mero acaso, a este fascinante documentário. Vem comigo, vem comigo, dizia o Barata Cichetto, ao iniciar a visita guiada ao seu Quartel General. E eu fui. A are aparece logo na mandala, como símbolo e arte, e que, como símbolo e arte, o Barata, apresenta em todo o lado. Parece até, que a mandala é mais que um pseudónimo para o poeta e artista. Também não lhe quero chamar heterónimo. Prefiro o Barata, ele mesmo, que acoberta isso tudo. Tal como o seu sítio, impregnado completamente do que ele é, e como é. As esculturas, as pinturas, e as suas autorias, com tons de intimidade, de apreço e de amizade. A ordenação cuidada, com delimitações claras de assuntos, temas e preferências, julgo eu. Claro que dorme lá. Não fosse a própria cama um local intenso de reflexão, pensamento, descanso, sonho, diversão. Uma estante com a sua abundante produção, pois claro. E não é que me apresenta uma prateleira carregada toda com o Nietzsche às costas. Não sei como suporta tanto peso condensado de ideias e pensamento. Há momentos tive tempo de reparar na banda sonora que acompanhou a visita guiada. Normalmente não reparo, mas hoje reparei. Ou foi ela que reparou em mim, e me veio avisar da beleza da consonância harmónica entre o tema, a voz e o lugar. Sobre o Ciro, confesso, que sei muito pouco, mas ouvi o que pude e registrei. E, sem que se desse pelo tempo, já está o Barata Cichetto a despedir-se:
– Fui por ter sido; e fui por ter ido.
2.
E estava eu a preparar-me também para, e eis que começo aquela maravilha do outro documentário. Agarrou-me desde a primeira palavra. Fiquei a saber o bastante. Mas acima de tudo fiquei contente. É que o ataque ao Ciro, não foi um engano, penso eu, nem foi algo que o destino chamou, ou despertou. E vamos a ver. Este ataque está a ser feito em todo lado, a todos aqueles que têm o saber bastante na sua arte, e o usam, corajosamente, diga-se, para remarem contra a corrente, por mais poderosa que ela seja. E quando ela é mais poderosa, mais a consciência nos manda combatê-la, com os meios que tivermos, e que são muito poucos. Hoje estamos a atravessar uma das maiores encruzilhadas, por que passou alguma vez a humanidade. O homem adquiriu poderes impensáveis, que tanto podem determinar avanços salvíficos de redenção, como podem forçar recuos fatídicos de perdição. Há meios para destruir o mundo muitas vezes, o que é um pouco estupido porque o mundo só se pode destruir uma vez. Podem esses poderes, também, determinar dependências inelutáveis, obrigando a um alinhamento incondicional, ao lado de quem manda mais, mesmo indo prejudicar um povo inteiro, ou aprisioná-lo. É evidente que, quem tem esse poder, não quer ser questionado, talqualmente o Ciro o fez. Para isso, gastam rios de dinheiro, alienando as pessoas, que passam a ser joguetes, a favor da incultura e da inconsciência de quem manda (mal) É o caso de quem atacou o Ciro. E ficam muito contentes, pois se guiam por instintos primitivos acicatados, como quem acicata animais.
3.
A luta maior trava-se ao nível das ideias. Por isso não gostam de quem pensa, principalmente de quem pensa livremente, e alienam massivamente o pensamento do povo. E quem dispõe de tal poder? É quem tem a capacidade para o controlar. São elites putrefactas, manchadas de crimes, muitas vezes, incultas e sem escrúpulos, ou testas de ferro, que agem em nome dos senhores do bezerro de ouro, e a quem o poder político obedece. E é por isso que o poder político é cada vez mais grosseiro e mais desqualificado. E isto acontece em todo o lado. Não admira, pois, que se assista, hoje em dia, a um ataque violento, como nunca, contra a civilização, e contra a humanidade. Aliás, já estamos a recuar. Querem à viva força, um retrocesso, e a qualquer preço, à escuridão da idade das cavernas, e um retrocesso travestido de progresso, à escravidão, à pior de todas, porque mental, consentida e sufragada. Mas nós temos responsabilidade nisto. Não nos podemos calar. E toda e qualquer entidade ou estrutura que apoie o livre pensamento, e lhe dê voz, deve ser protegido, e acarinhado. Temos que honrar e proteger o nosso país e o nosso povo, porque o nosso país é o mundo inteiro. E é o nosso povo, toda a humanidade.
Bem-hajam.
António Mota nasceu Portela das Cabras, Vila Verde, Braga, (Portugal). Estudou nos Estados Unidos da América e e frequentou a Faculdade de Direito em Coimbra. É poeta, escritor e Livre Pensador.
Lido o texto, o que mais posso manifestar a respeito, a não ser o meu aplauso?
Boa noite, Genecy de Souza, e muito obrigado pela sua gentileza. Um abraço.