Falência Múltipla

Esmagaram meu crânio a marretadas, o coração arrancaram a machadadas
Parentes e putas são idênticos, ambos arrancaram meu coração a dentadas
Esfacelado, meu coração corre em busca de um desejo de morte por inanição
Não sinto fome nem sede, não sinto o sangue correr, morte é minha condição.

Abandonado e aturdido estou escondido de mim mesmo em um buraco escuro
Nenhum buraco é tranquilo, nenhuma paixão conforta, nenhum porto é seguro
E agora meu barco, bombardeado por piratas sanguinolentos, aderna e afunda
Mas eu queria era estar á postos em postos impostos, grudado em sua bunda.

Tenho dedos inchados pelas marteladas, mãos machucadas por tanta força bruta
Mas não tenho um teto nem um chão por causa de um ditador filho de uma puta,
O futuro não existe, o passado resiste, então deixe eu beber outra dose de veneno
Minhas carnes tremem, doem juntas enquanto o ditador descansa tranquilo e sereno.

Ah, minha mamãe, peça perdão ao seu Deus, ore a noite inteira, fique de joelhos
Pois a mim resta apenas a misericórdia de um Demônio de rabo e olhos vermelhos
Desisti de existir e nem lhe conto o final desta história, e esteja certa que por fim
Não aceitarei sua dor e não aceitarei que derrame nenhuma lágrima falsa por mim.

1/4/2007 

Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador

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